Sinopse Suma: Advogado bem-sucedido, feliz ao lado da esposa Heidi e da filha adolescente, Bill Halleck desfrutava os prazeres de uma vida sem grandes preocupações. Até o dia em que uma velha cigana se pôs em seu caminho. Ele não conseguiu pisar no freio a tempo. Não conseguiu deter o carro nem as artimanhas do destino e, ao mesmo tempo em que as rodas esmagavam a senhora, sua vida começava a ser destruída. Não, não foi a implacável justiça americana que pôs fim a seus dias felizes. Na verdade, o júri foi muito compreensivo com o bom amigo, e ele não precisou pagar com sua liberdade pela vida da cigana. Mas, na saída do tribunal, assustou-se com o rosto carcomido de um velho, seus olhos profundos, e ouviu de seus lábios gretados uma única frase: mais magro. 111, 98, 71 – Bill tem pouco tempo. Os ponteiros da balança não o deixam se esquecer disso. (Resenha: A Maldição – Stephen King / Richard Bachman)

“Todo mundo paga, mesmo por coisas que não fez. ”

Opinião: Quando Stephen King escreve sob o pseudônimo de Richard Bachman, esqueça as esperanças ou as mínimas chances de finais felizes. Bachman possui um estilo áspero, sem ilusões ou expectativas. A vida sob seus olhos é crua, fria e insana. Um dos melhores exemplos desse estilo está em A Maldição, primeiro livro “independente” do autor, ou seja, que não faz parte dos quatro “Livros de Bachman”. Nesta obra, temos uma reunião das principais características que fazem do alter ego do mestre do horror um autor tão envolvente quando seu criador.

A Maldição traz a justiça feita com as próprias mãos a partir do momento em que a tal justiça dos homens falha. Após atropelar e matar uma velha cigana a partir de uma distração peculiar enquanto dirigia, Bill Halleck se vale tanto da velha amizade com o juiz quanto da má vontade das pessoas para com os ciganos. Inocentado, ele recebe o toque das mãos do viúvo em seu rosto seguido da frase “mais mago”. A partir daí, Bill, um nada discreto cara de 111 quilos, começa a emagrecer de forma assustadora. Dia após dia, os quilos se esvaem, independente do quanto ele coma. Não há medicina, não há remédio, não explicação. Acreditando ser vítima de uma maldição rogada pelo velho cigano, Bill parte em uma corrida contra o tempo para salvar sua vida.

Característica principal das obras assinadas por Richard Bachman, os personagens são sempre levados a atitudes extremas ou por um parafuso a menos na mente ou por conta de situações do mundo que os rodeia. Em outro aspecto, todos estão sempre à mercê do passar do tempo. Cada minuto a menos os empurra mais um pouco à beira do precipício. A Maldição se assemelha, neste aspecto, a O Concorrente. Ambos os protagonistas estão lutando contra o relógio para atingir seus objetivos. Neste caso, a história de Bill Halleck tem uma adrenalina bem maior, afinal sua vida está se esvaindo de forma desenfreada.

King não deixa de fora, contudo, seus passeios pela natureza humana. A maldição lançada pelo velho cigano e a busca por salvar a vida de Bill não o impedem de transferir seu desespero em forma de ódio para outras pessoas. A insana busca pelo cigano vai modificar, ou fazer aflorar, o verdadeiro Bill. Ele não sairá ileso desse livro, e ao final teremos um desfecho coroado com a ironia das ironias. Mordaz, ferino e irônico, Stephen King solta sua gargalhada sarcástica na conclusão do livro, em um dos melhores finais que já escreveu.

A Maldição é o tipo de livro que precisamos nos entregar ao desespero dos personagens para extrair toda sua qualidade. É uma história alucinada que brinca com nossas crenças sobre o velho ditado do “aqui se faz, aqui se paga”. É King puro e é Richard Bachman em essência!

Curiosidades:

O personagem Richard Ginelli é mencionado no livro II da série A Torre Negra (A Escolha dos Três). Em A Maldição ele possui o Three Brothers e em A Escolha dos Três é citado o Four Fathers.

A Maldição foi adaptado para os cinemas em 1996. O filme passou despercebido e chegou ao Brasil já direto em VHS e DVD.

Este foi o último livro em que a identidade de Richard Bachman permaneceu anônima. Depois disso, King foi descoberto.

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O Autor: Stephen King nasceu em 1947 em Bangor, no Maine. É autor de mais de cinquenta best-sellers no mundo inteiro e mais de 200 contos. Os mais recentes incluem Revival, Joyland, Escuridão Total sem Estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy), Doutor Sono, Sob a Redoma (que virou uma série de sucesso na TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 pelo New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Writers).

Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.

Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

4 COMENTÁRIOS

  1. Engraçado que é um livro pouco falado do King, mas está na minha lista de preferidos dele junto até com Jogo Perigoso que todo mundo fala mal (podia rolar resenha dele heim?)

    • Fala Diego, tkilo?
      Cara, me amarro nos dois. Jogo Perigoso é tenso, adrenalina e sensação de impotência puras, aliás o filme da Netflix captou muito bem isso.
      Sugestão anotada e resenha de Jogo Perigoso em breve aqui no site e vou esperar seu comentário lá 😉

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