Sinopse Suma: Neste livro, assim como em Quatro estações e Escuridão total sem estrelas, ele cria uma coleção única e emocionante, demonstrando mais uma vez porque é considerado um dos maiores contadores de histórias de todos os tempos. Este é um livro sobre amor, amizade, talento e justiça… em suas formas mais deturpadas. Em Com sangue, Stephen King reúne quatro contos com protagonistas inteligentes e complexos, que têm sua vida comum transformada por algum elemento inexplicável. (Resenha: Com Sangue – Stephen King)
Opinião: Com Sangue é um compilado de quatro contos com a marca registradíssima de seu autor. E nada que vá muito além disso. Mestre das narrativas curtas, Stephen King nos presenteia com um passeio nostálgico por temas que já permearam sua obra e com o resgate de personagens recentes de sucesso. Mas não há nada de inovador ou diferente. O livro reúne o básico da narrativa que encanta leitores fiéis e segue o estilo gostoso e elaborado de um bom contador de histórias.
“O Telefone do Sr. Harrigan” abre a coletânea trazendo um garoto que desenvolve uma estranha amizade com um bilionário vizinho já idoso. A conexão entre os dois é tão forte que acaba superando a morte. A premissa é conhecida dos fãs do autor e o desenrolar da história vai trazer um Iphone como objeto de conexão entre vivos e mortos de forma a influenciar acontecimentos no mundo real. Nada que já não tenhamos visto recentemente em A Pequena Caixa de Gwendy, por exemplo. Mesmo assim, o amadurecimento do personagem Craig ao longo do conto e as peripécias pelas quais ele passa tornam a leitura deliciosa, um pouco engraçada e envolvente.
“A Vida de Chuck”, segundo conto da coletânea, foge totalmente ao que estamos acostumados na obra de King. É a história mais original em todos os sentidos. Aqui, temos uma trama dividida em três atos narrada do fim para o começo. O conto investiga, quase como um ensaio, o decorrer das fases da vida entre nascimento e morte e como se dá nossa formação enquanto pessoas e vivemos em sociedade. Em um mundo em ebulição, com a humanidade sendo dizimada por efeitos das mudanças climáticas, um professor tem sua atenção concentrada em anúncios publicitários sobre a aposentadoria de um tal Chuck. Mas quem é Chuck? Conto denso, “A Vida de Chuck” merece mais de uma leitura para captarmos todo o seu significado.
“Com Sangue”, que dá nome ao livro, resgata um tema e uma personagem bem recentes na mente dos leitores: a detetive Holly Gibney, da trilogia iniciada em Mr. Mercedes, e o tema do intruso abordado em Outsider. Recheado de spoilers de obras anteriores, “Com Sangue” é a maior história, a mais bem desenvolvida e a que vai mais a fundo nas temáticas de suspense e horror que tanto conhecemos da trajetória de King. Fluido e reunindo os bons elementos que fisgam a curiosidade dos leitores, o conto traz o único porém de que tem inúmeras referências que aqueles que não tiveram contato com as histórias anteriores podem não compreendê-lo em sua essência.
“Rato” repete, em certo aspecto, a ideia do conto que abre o livro. Neste caso, um misterioso rato falante pode influenciar, no mundo real, os rumos de um escritor às voltas com a escrita de seu novo livro. Claustrofóbico – a história se passa em uma cabana isolada por uma tempestade de neve, o conto é o mais fraco de todos.
Com Sangue é uma coletânea meio-termo. A nítida sensação de déjà-vu permeia a leitura a todo momento. É fato que os fãs do mestre King vão encontrar aqui, como já mencionei, todos os elementos que marcaram sua trajetória com o autor. Mas isso não quer dizer que seja uma obra marcante. Seus trabalhos anteriores (O Instituto, Ascensão e Outsider, por exemplo) são muito mais originais e deixam um sentimento de satisfação após o término da leitura. Com Sangue, não! Passamos pelos contos, nos divertimos, reencontramos velhos conhecidos, mas seguimos em frente.
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Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.
Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.