Sinopse Suma de Letras: Arnie Cunnigham era um perdedor. Rosto coberto de espinhas, desajeitado com as garotas, magro demais, passava os dias pelos corredores da escola, tentando fugir da gozação dos colegas. Isso até Christine entrar em sua vida. Amor à primeira vista. A partir desse dia, o mundo ganha novo sentido. Tudo o que Arnie quer é estar junto de Christine. Mas não se espere um novo Romeu e Julieta, tratando-se da mente assombrosa de Stephen King. Christine é um carro. Um Plymouth Fury 1958. Um feitiço sobre rodas que se apodera de Arnie e faz dele alguém diferente. Há algo poderosamente maligno solto pelas estradas de Libertyville. Uma força sobrenatural que vai deixando seu rastro de sangue por onde passa. Embarque nessa viagem assustadora e boa sorte. (Resenha: Christine – Stephen King)
“Quão ruim foi? Foi ruim desde o começo. E se tornou pior rapidamente. ”
Opinião: Na coletânea de contos Sombras da Noite, Stephen King espalhou o terror com uma máquina de passar roupas, para citar um único exemplo. Alguns livros depois, nos deparamos com uma nova forma de medo, causado por um objeto que desperta intensa paixão nas pessoas: um carro. O resultado faz de Christine, na minha opinião, um dos melhores livros de terror sobrenatural da carreira de King. Uma obra que não abandona a característica marcante do autor de provocar o medo a partir de situações extremamente normais do cotidiano, mas cuja influência do fator externo, o sobrenatural, tem maior predominância.
Christine é dividido em três partes, sendo a primeira e a última narradas por Dennis, melhor amigo do protagonista Arnie, e a segunda, mais explicativa, ficando com uma narração em terceira pessoa. As mais de 600 páginas fluem num ritmo veloz, envolvendo os leitores numa trama sangrenta e com dramas pessoais muito bem explorados.
Arnie é o típico nerd que sofria bullying da turma dos valentões da escola, embora na década de 1980, quando o livro foi escrito, esse conceito não fosse tão explorado, tampouco era algo que gerava preocupações nas pessoas. Fazer brincadeiras que extrapolavam o normal era considerado aceitável dentro das escolas. Além disso, ele vivia em um ambiente familiar dominado pelas vontades de uma mãe superprotetora e que mantinha todos os rumos e decisões sob rédeas curtas. A palavra final era sempre dela e da vontade dela.
Este é o cenário perfeito para King inserir Christine, um carro com a capacidade de exercer uma influência maligna em seu dono. O lado sobrenatural que domina tudo que envolve o carro e suas vontades só existe a partir do momento que encontra um dono manipulável. Aí está o ponto-chave que o mestre King sempre aborda em suas obras. O terror precisa de um terreno fértil para acontecer. Neste caso, um garoto à margem dos tipos populares que dominam o Ensino Médio. Christine oferece a Arnie toda a confiança e sentimento de poder que o mundo ao seu redor lhe nega. Com isso, ele é a isca perfeita para o carro.
Christine é um livro para entrarmos, apertarmos os cintos e nos deixarmos conduzir em alta velocidade pelos seus caprichos. É terror de primeira qualidade e uma boa diversão para aqueles que tiverem coragem de aceitar uma carona.
Curiosidades:
Ao contrário de quase toda a obra de Stephen King, Christine não se passa no estado americano do Maine. A cidade onde a história acontece é Libertyville, na Pensilvânia.
Em Christine temos a primeira, e até onde lembro a única, menção ao Brasil em toda a obra de King.
A obra foi adaptada para os cinemas em 1983 por John Carpenter.
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Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.
Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.