Sinopse Suma: Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King. (Resenha: Cujo – Stephen King)
“Quando o que estava em jogo era a sobrevivência, quando você só podia contar com as próprias fichas, o que sobrava era a vida ou a morte e tudo isso era perfeitamente normal.”
Opinião: Ausente das livrarias brasileiras há mais de trinta anos, Cujo retornou em 2016 numa edição de luxo, em capa dura, pelas mãos fantásticas da Suma de Letras – que vem fazendo um trabalho maravilhoso com a obra do mestre do terror e suspense.
Publicado em 1981, quando o autor já tinha conquistado legiões de fãs, Cujo é Stephen King em sua melhor forma: uma história de horror que mexe diretamente com o psicológico e que nos leva a percorrer os limites do comportamento, equilíbrio e sanidade humanos. Ambientado na pequena Castle Rock (uma cidade fictícia que serve de cenário para diversas obras de King), o livro é protagonizado por um simpático são Bernardo que contrai raiva e se transforma numa máquina de matar. O elemento sobrenatural não é destaque, podemos dizer que, legado a terceiro plano, está presente apenas para assombrar um garotinho e criar o clima necessário para a história da pesada que virá pela frente.
Duas famílias dividem as cenas de Cujo. A principal, os Trenton: Vic, Donna e o filho Tad; e os donos do cão: Joe, Charity e o filho Brett Camber. Aqui entra em cena uma das maiores qualidades da obra, a construção dos personagens e do ambiente familiar. King pinta a nós o cenário detalhado em que cada personagem está inserido. Os dramas, sonhos, conquistas, frustrações, medos, fracassos são detalhadamente construídos de forma a dar veracidade àquelas pessoas. Não estamos diante de heróis ou vilões da literatura. São pessoas normais, gente como a gente, que poderiam ser nossos vizinhos ou nós mesmos. É essa perfeita criação que faz com a história se desenrole tão bem, gere identificação com nossa rotina e, a certa altura, nos gele a espinha e cause pavor, claustrofobia e medo.
O são Bernardo Cujo tem seus pensamentos caninos traduzidos, e aí nós acompanhamos seu drama à medida que a doença avança e o lado terno perde espaço para a raiva, para o sentimento de matar. Essa transformação que vai nos levar ao ápice do livro é outra das qualidades da obra. O cão não é um vilão. Ele tenta resistir e em determinados momentos sabe que os pensamentos sangrentos não são normais, mas acaba sucumbindo e então, meus amigos, temos uma sequência de mais de 200 páginas de pura adrenalina.
Cujo é um livro para ser devorado. Você simplesmente não consegue largar, e suas mais de trezentas páginas passam num piscar de olhos. É o tipo de história que ajudou a consagrar Stephen King como mestre no gênero. Embarque nessa leitura, faça um carinho sem medo, o Cujo não morde.
Curiosidades:
-> O serial killer Frank Dodd, cujo espírito assombra Tad Trenton, teve seus assassinatos descritos e investigados no livro A Zona Morta. O xerife Bannerman aparece em ambas as obras.
-> A obra foi adaptada para os cinemas em 1983. Cujo foi dirigido por Lewis Teague e ficou na 58° posição na lista dos 100 filmes mais assustadores, feitos pela revista Bravo.
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Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.
Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.