Sinopse Suma: Quando Gwendy Peterson tinha doze anos, um estranho homem chamado Richard Farris a encarregou dos cuidados de uma caixa misteriosa, que retribuía com pequenos presentes, mas também trazia perigos; apertar qualquer um de seus oito botões coloridos poderia levar à morte e à destruição. Anos mais tarde, o objeto voltou à vida de Gwendy. Romancista de sucesso e figura política em ascensão, ela se viu novamente obrigada a lidar com as tentações que a caixa representava. Agora, forças malignas querem se apossar da caixa, e cabe à senadora Gwendy Peterson mantê-la a salvo das ameaças a qualquer custo. Mas onde seria possível esconder um objeto desses de entidades tão poderosas? (A Última Missão de Gwendy – Stephen King e Richard Chizmar)

Opinião: A trilogia d’A Caixa de Gwendy é pouco inspirada. Como já comentei nas resenhas dos livros anteriores, a história tem um excelente e intrigante ponto de partida, mas morre nisso. Se o primeiro livro deu aquele gostinho de uma historieta pra passar o tempo e nada mais, o volume dois derrapou em algo que não levou a lugar nenhum, faltou história (e muita!). Assim chegamos ao desfecho com A Última Missão de Gwendy em mais de quatrocentas páginas, o livro mais longo, com a trama mais bem elaborada, mas que mesmo assim, fica no mais ou menos.

Stephen King retorna à parceria com Richard Chizmar e sua intervenção na obra é gritante. Basicamente os elementos que mais caracterizam King estão presentes e trazem sempre aquele gostinho de saudosismo para os fãs. Há citações ao palhaço Pennywise e aos episódios ocorridos em Derry e a Torre Negra é encaixada na história, talvez de forma um pouco forçada, dando um toque de sentido à busca desenfreada de “pessoas do mal” à bendita caixa de botões.

Conexões com o universo do mestre à parte, A Última Missão de Gwendy é literalmente uma viagem total. Agora com sessenta anos de idade, Gwedy Peterson vai ao espaço para salvar o mundo dos problemas que a tal caixa pode causar. Sim, a história aqui se passa numa nave que decola com destino à estação espacial e, apesar da trama ser bem mais envolvente e elaborada do que as anteriores, ainda assim, não é aqueeeeela narrativa marcante.

E o que sobra de bom para falarmos? Bom, o que mais chama a atenção é o quanto os autores se esforçaram para levar os elementos e influências do mundo real para o livro. Os episódios ocorrem em 2026, e a humanidade ali ainda tem certos resquícios do coronavírus (algumas passagens citam pessoas que se acostumaram a usar máscaras em público). A pandemia, inclusive, é citada e os créditos a ela, sem dar spoilers, são forçados demais da conta, mas Ok, blza, vida que segue.

O cenário político norte-americano também tem vez, como vem acontecendo em obras mais recentes de King, e a disputa de meio de mandato que elege congressistas é item importante no desenrolar da trama. Por fim, as viagens espaciais, nitidamente com inspiração nos projetos de Bezos e Musk, encaminham-se para tornar-se realidade, tanto que no voo de Gwendy há um milionário que pagou para estar presente.

Dito isso, não sobra muito o que falar de uma trilogia que talvez pudesse ter sido mais bem aproveitada em um único livro com uma história mais elaborada. A ideia da caixa de botões, seus efeitos no mundo real e sua sedução para quem a portasse é muito promissora e certamente renderia um desses livros gigantescos como King tanto curte escrever. Inclusive já tivemos filmes e livros que abordaram essa coisa de uma caixa em que apertando-se um botão alguém poderia morrer e toda a questão ética e de consciência disso. Mas o fato é que aqui, nas mãos de Gwedy e tendo Castle Rock como cenário, as expectativas de leitores fiéis eram gigantescas e muito pouco foi entregue.

A Última Missão de Gwedy tem, a seu favor, algumas boas mensagens de esperança para o futuro, e uma sequência final muito bonita e com uma pegada de drama emocional que serve como a cereja de um bolo que não foi tão gostoso assim de provar. É um bom livro, mas que deixa demais a desejar.

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A Última Missão de Gwendy

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N.

Os Autores: Stephen King nasceu em 1947 em Bangor, no Maine. É autor de mais de cinquenta best-sellers no mundo inteiro e mais de 200 contos. Os mais recentes incluem Revival, Joyland, Escuridão Total sem Estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy), Doutor Sono, Sob a Redoma (que virou uma série de sucesso na TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 pelo New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Writers).

Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.

Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.

Richard Chizmar nasceu em 1965 nos Estados Unidos, é escritor, editor e roteirista. Teve suas obras traduzidas para diversos idiomas e ganhou dois prêmios World Fantasy, quatro prêmios International Horror Guild e o prêmio Horror Writers Association Board of Trustee. Sua terceira coletânea de contos, A Long December, foi publicada em 2016 e recebeu críticas excelentes.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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