Sinopse Record: Alyssa Bradford decide presentear o marido com um documentário sobre o pai dele, Campbell Bradford, que, aos 95 anos, está à beira da morte. Para tanto, ela contrata Eric Shaw, ex-diretor de Hollywood, e fornece a ele apenas duas informações: o nome da cidade natal do sogro e o fato de ele ter guardado uma garrafa d’água por toda a vida. Ao chegar à pequena localidade em Indiana, Shaw descobre a existência de fontes minerais que prometem a cura para vários males. Mas, após beber da água considerada divina, Shaw tem terríveis alucinações e é arrastado para a sombria história local. O cineasta descobre que um antigo mal ressurgiu com total vigor, e que a água milagrosa pode ter uma origem bastante sinistra. (Resenha: Um Rio muito Frio – Michael Koryta)

Opinião: Acredito que absolutamente qualquer coisa possa originar uma história de terror. Basta apenas existir talento para manusear os ingredientes que vão dar caldo para essa história. Em Um Rio muito Frio, Michael Koryta faz de uma água mineral o elemento causador dos eventos sobrenaturais que se abatem sobre a vida de um frustrado aspirante a diretor de cinema. Contudo, faltou aqui justamente o talento necessário para transformar essa ideia em um bom produto final.

A sinopse de Um Rio muito Frio soa promissora e instiga nossa curiosidade. A promessa é de uma trama em que a misteriosa água mineral desencadeia sinistros eventos sobrenaturais. Quatrocentas páginas depois, os leitores ainda ficarão aguardando os tais eventos que de sinistros e sobrenaturais não têm nada. A menos que você seja um principiante total no gênero do terror e mesmo assim não acredito que haverá paciência para concluir a leitura.

O protagonista Eric Shaw é incumbido de produzir um documentário sobre um sujeito misterioso à beira de passar dessa para uma melhor. Chegando à cidadezinha em que o dito viveu e provando de uma famosa água mineral local, Eric começa a alucinar e fatos do passado lhe são revelados. Aí nosso personagem nem um pouco cativante se envolve em rusgas com um herdeiro local do moribundo, se torna um viciadão na água, começa a alucinar descontroladamente, e ainda se vê às voltas com um possível fantasma ou espírito que se eu falar mais estarei entregando spoiler. Perceberam a miscelânea?

O maior problema de Um Rio muito Frio, na minha opinião, é que a história em si é fraca e em diversos momentos soou risível. Embora flertasse com o sobrenatural, Michael Koryta não soube ou não quis trabalhar isso para valer e o resultado foi um livro chato pra porra. E não para por aí… Koryta tem um jeito de escrita calmo por demais em que tudo é esmiuçado absolutamente em todos os detalhes possíveis, inclusive os desnecessários. Podemos até dizer que isso gera uma construção interessante da história, e de fato geraria, repito, se a história tivesse uma pegada boa. Neste caso, o estilo do autor só contribuiu ainda mais para tornar a leitura lenta e tediosa.

É aí que chegamos no tiro de misericórdia. Os personagens! Há casos de péssimas histórias com personagens tão cativantes ou bem construídos que acabam fazendo o contraponto, equilibrando as coisas. Um Rio muito Frio tem uma galeria de personagens insossos dos quais só se salva a velhinha Anne, uma coadjuvante! Obviamente, esse rio só poderia desaguar numa gelada conclusão tão sem graça quanto seu percurso. As cenas de mais ação que antecedem o final só serviram para dar aquela chacoalhada e acordar os sonolentos leitores que conseguiram chegar até elas.

Dou crédito positivo a Michael Koryta por sua ideia em torno da água mineral e o clima bem idealizado de uma cidade de interior norte-americana. Cenários como o deste livro são sempre perfeitos para boas tramas de suspense/terror. Contudo, o desenvolvimento da obra deixou a desejar e provou que Um Rio muito Frio é uma gelada. Fujam para as colinas, mas não mergulhem nessa obra!

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Aqueles que me desejam a Morte

Um Rio muito Frio

O Autor: Michael Koryta é escritor norte-americano de suspense e terror. Seus livros figuram na lista de best sellers do New York Times e receberam inúmeros prêmios, além de terem sido traduzidos para mais de vinte idiomas. Koryta é formado em justiça criminal pela Universidade de Indiana, é repórter e ex-investigador particular.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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