Sinopse HarperCollins: No dia de Natal, um professor da cidadezinha de Arroyo, nos Estados Unidos, é encontrado morto, decapitado e crucificado a uma estrutura com formato de “T”. Este é um crime atípico o bastante para captar a atenção do detetive Ellery Queen e atraí-lo à West Virginia. Porém, tudo o que Queen encontra é um número escasso de evidências que, ainda que reunidas, são insuficientes até mesmo para um detetive observador e habilidoso como ele. Frustrado, volta para casa. Até que, meses depois, se depara com um crime idêntico ao ocorrido em Arroyo, desta vez em Long Island. Agora, diante da série incessante de homicídios que se segue, todos sob o mesmo modus operandi, Queen irá precisar se atentar aos mínimos detalhes para descobrir quem é o assassino. (Resenha: O Mistério da Cruz Egípcia – Ellery Queen)

Opinião: Terceiro livro lançado pela Coleção Clube do Crime, da HarperCollins, O Mistério da Cruz Egípcia, de Ellery Queen, é uma história de detetive que foge um pouquinho dos padrões do que a gente está acostumado. O que ela tem de diferente? Bom, o ponto principal que mais chama a atenção é que o detetive Ellery Queen, próximo do final do livro, se dirige diretamente aos leitores e nos convida a tentar desvendar o mistério.

Então, você acompanha toda a história, toda a investigação, e antes de você adentrar os capítulos que vão trazer a solução do caso, você tem o detetive conversando diretamente com você e te convidando a solucionar o caso. O grande diferencial que a gente encontra nesse livro, em relação aos clássicos da Era de Ouro do suspense policial, é essa conversa, esse diálogo do detetive, do protagonista do livro diretamente com os leitores. Esse convite dele para que o leitor tente desvendar quem é o culpado.

É importante também destacar que o Ellery Queen autor é também o nome do detetive-protagonista. Esse é o pseudônimo de dois primos, Frederic Dannay e Manford B. Lee, que são os autores por trás da série de livros. Mas ao ter personagem e autor com o mesmo nome houve uma certa confusão das pessoas à época porque elas achavam que Ellery Queen realmente existia e era um detetive de verdade.

Mas vamos falar agora pra valer sobre O Mistério da Cruz Egípcia, esse que não é o primeiro livro protagonizado pelo Ellery Queen, ele é o quinto livro em que o detetive aparece. E vocês precisam ter em mente que se trata de um suspense clássico, lá dos anos 1930, com o tradicional mote do “quem matou?” como a base da construção da história.

No livro, nós vamos acompanhar uma série de assassinatos, de crimes brutais, e a maneira como os crimes são cometidos é brutal mesmo, não tem nada de tiro ou facada, é bem mais pesado. E o nosso detetive Ellery Queen, numa grande caçada, vai tentar encontrar quem é esse assassino.

Interessante dizer que o nome do assassino, aparece já ali perto do meio do livro (relaxem que não é um spoiler), mas o ponto é que é um nome falso. Por trás dele está um dos muitos personagens que vamos conhecendo ao longo da história. O desafio é descobrirmos qual personagem é o culpado. Tudo isso a partir das inúmeras pistas espalhadas de formas muito sutis ao longo dos capítulos.

O Mistério da Cruz Egípcia é um livro muito interessante, mas de leitura bem lenta. Existem muitos elementos nesse livro que não contribuem em nada para a solução do mistério. Tem muito detalhe, muita informação, muita trama paralela e secundária, e isso, em determinados momentos, torna a leitura um pouco lenta, um pouco chata. Nas primeiras páginas, até ele tomar corpo, e a gente se ver mais ou menos envolvido pelo mistério, o livro custa a engrenar.

É curioso que quando aproximamos do desfecho, há uma sequência de cenas extremamente improváveis. Há uma caçada envolvendo carro, trem, avião que você para e logo pensa “calma aí que isso tudo é impossível demais de rolar”. Mas a gente dá um desconto, releva, porque ficção né?

O desfecho… Bom, é algo à la Sherlock Holmes, ou seja, o Ellery Queen vai chegar ao nome do assassino a partir da observação de fatos minúsculos. A solução desse caso se dá a partir de um detalhe muito difícil de percebermos. Faz sentido e é bem amarrada e sacia nossa vontade por um final? Sim, mas ao mesmo tempo a minúcia de como o detetive chegou à conclusão de quem era o culpado é um tanto chocante (aguardo as opiniões de vocês).

O Mistério da Cruz Egípcia é um livro fora da curva, no sentido de que ele é muito diferente do que a gente está acostumado. Tanto por essa narrativa bem mais lenta como por um estilo de escrita que não vicia, não prende logo nossa atenção. Mas isso não é um defeito, é uma forma de construir um suspense intrincado, com muitas tramas aleatórias que só desviam nossa atenção, e que nos leva para uma conclusão sagaz. Há um detetive com um jeito de observação extremamente peculiar aqui.

É muito bom conhecer e ter contato com esses autores jamais publicados ou esgotados há décadas aqui no Brasil. Tentar desvendar mistérios que estão lá nos primórdios desse gênero viciante e, convenhamos, essas tramas de detetives em busca de solucionar um crime são das melhores que existem. Distraem e aguçam nossa atenção.

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O Autor: Elley Queen é um pseudônimo usado por dois primos norte-americanos, Frederic Dannay (1905-1982) e Manford B. Lee (1905-1971). Em uma bem-sucedida série de obras que durou 42 anos, Queen serviu como pseudônimo não apenas aos autores, mas também como o nome do próprio detetive de suas histórias. Os primos criaram a Ellery Queen’s Mystery Magazine, uma das mais influentes revistas sobre literatura de suspense do século XX, e co-fundaram a Mystery Writers of America. Pela contribuição à literatura policial, Queen recebeu inúmeros prêmios e indicações, e suas obras foram adaptadas para a TV, o cinema e a rádio.

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