Sinopse Record: A família do médico Charles Martel é atingida, pela segunda vez, por uma catástrofe médica. Preso a um sistema médico-industrial que insiste na aplicação de tratamentos que ele sabe não darem qualquer resultado e vendo as suas pesquisas ameaçadas por rivalidades profissionais e por uma corporação Charles luta, desesperadamente, para conhecer a origem da doença de Michele, sua filha, para poder curá-la. Para tentar salvá-la está disposto a correr todos os riscos, mesmo o de fazer experiências em si próprio arriscando-se a tornar-se um fora-da-lei na sua profissão e na comunidade e chega mesmo a entrar em confronto com a sua própria mulher. (Resenha: Febre – Robin Cook)

Opinião: Até onde você iria para tentar salvar a vida de alguém que ama? Robin Cook, mestre do suspense médico, mostra uma das possiblidades de resposta a essa pergunta em uma de suas melhores tramas. Recheado com todos os ingredientes que consagraram o autor no gênero, Febre mescla suspense, ação e drama em uma história que ultrapassa a ficção para mexer com questões que vez ou outra podem nos incomodar.

O tema principal de Febre é a leucemia (não é spoiler) e os possíveis tratamentos para a doença. Na obra, o cientista Charles luta para proporcionar para sua filha um tratamento que ele acredita ser mais adequado, baseado em pesquisas que vinha realizando, ainda sem resultados concretos. O embate se dá entre um pai desesperado e todo o sistema estabelecido pela medicina. É isso que torna a história ainda mais interessante e instigante para os leitores. Cook constrói um cenário em que nos vemos divididos de um lado pelo drama familiar e as possibilidades aventadas pelo pai, e de outro pelo tratamento aplicado pela medicina.

A maior qualidade de Febre é conseguir envolver o leitor em um drama com profunda carga emocional, afinal trata-se de uma doença de alto risco em uma paciente de doze anos de idade. A forma como isso impacta cada membro da família e principalmente a evolução à medida que o pai, Charles, se desestrutura emocionalmente, mexe facilmente conosco. Completando o drama, questões ambientais e interesses particulares entram no jogo para mostrar, como é comum nas obras de Robin Cook, que não há muitos limites éticos quando o que está em cheque é dinheiro e poder.

Publicado em 1982, Febre trata de questões referentes ao câncer que hoje já foram superadas ou são encaradas com outros olhos. É importante ter essa consciência durante a leitura: muita coisa mudou de lá pra cá com novas descobertas, pesquisas, medicamentos e métodos de tratamento. Infelizmente, a impotência do ser humano diante de uma doença devastadora continua a mesma e isso é retratado de forma minuciosa e magistral na obra. Mesmo nas cenas mais exageradas ou extremamente improváveis de acontecer, é impossível que não entendamos o desespero diante do “não ter o que fazer a não ser esperar”. Nesse aspecto, Febre é aquela história que faz com que nos coloquemos tranquilamente no lugar de cada personagem. A todo momento na leitura acabamos nos perguntando: O que eu faria se estivesse no lugar dessa pessoa?

De ritmo intenso do começo ao fim, Febre vai te levar pelos caminhos da ética médica (ou da falta dela), do desrespeito ambiental independente das consequências, do poder, e do amor de um pai por uma filha.

PS: Assim como a maioria das obras de Robin Cook, Febre também se encontra fora de catálogo no Brasil, sendo necessário um bom garimpo por sebos para encontrá-lo. Os últimos três livros lançados dele vieram como um novo e atraente desenho gráfico, mostrando que a Record ainda se preocupa com a qualidade de sua obra. Fica um pedido para a editora pensar com carinho em reeditar alguns desses livros em nova tradução.

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O Autor: Robin Cook médico e escritor, Robin Cook é largamente creditado como o introdutor do termo ‘médico’ como um gênero literário. Por isso, 20 anos depois do lançamento de seu primeiro livro, “Coma”, ele continua a dominar a categoria que ele mesmo criou. Cook combinou com sucesso fatos médicos com fantasia para produzir uma sucessão de best-sellers do The New York Times.

Em cada uma de suas obras, Robin Cook busca escrever sobre os bastidores da prática médica atual. Explorou, entre outras coisas, a doação de órgãos, engenharia genética, a fecundação in vitro, pesquisas sobre drogas e transplantes de órgãos, entre outros.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

2 COMENTÁRIOS

    • De tempos em tempos a Record publica um livro dele, Patricia. Em 2016 saíram dois títulos e desde então não tivemos mais nada. Infelizmente estamos bem atrasados com relação ao ritmo de publicação dele nos EUA :/
      Um pena que a Record não leve muito a sério as publicações de vários autores, Cook entre eles.

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