Sinopse Companhia das Letras: Ao saber que seus livros seriam reescritos para alcançar mais leitores, os finados José de Alencar e Joaquim Maria Machado de Assis abandonam o Olimpo e desembarcam no Rio de Janeiro de 2020. Ali, Jota e Jota se envolvem com milicianos, conhecem uma jovem estudante tão enigmática quanto apaixonante e se veem às voltas com os debates identitários contemporâneos. Os renomados escritores atuam como uma dupla cômica de dar inveja a Stan Laurel e Oliver Hardy (O Gordo e o Magro, no Brasil) neste livro curto, poderoso e sarcástico. (Resenha: A Vida Futura – Sérgio Rodrigues)

Opinião: Em algum plano espiritual repleto de escritores consagrados da história do mundo, José de Alencar e Machado de Assis descobrem que suas obras seriam reescritas na vida terrena, com o objetivo de atrair novos leitores através de uma escrita mais palatável. Esse é o ponto de partida de “A vida futura”, de Sérgio Rodrigues.

A história é curiosa. Os dois personagens vagam como espíritos invisíveis no Rio de Janeiro de 2020, à procura dos responsáveis pela estapafúrdia e desrespeitosa ideia de reescrever clássicos apenas para agradar uma parcela da população (segundo os próprios personagens).

Pelo caminho, eles têm a difícil missão de lidar com uma juventude acadêmica embebida em debates identitários e neologismos que os dois antigos autores tentam entender, de forma cômica.

O sarcasmo de Sérgio Rodrigues é evidente ao tentar mostrar a prepotência em querer mudar a estrutura de obras clássicas que, se assim feito, perderiam o sentido de ser.

Apesar de momentos divertidos e da crítica aos nossos tempos, a história em si não empolga. Os personagens que surgem no meio da aventura são rasos e pouco interessantes. Já a trama semi-policial-miliciana que os espíritos se envolvem é simples e corrida, se tornando forçada, o que acaba deixando os bons momentos do livro apenas em alguns diálogos e reflexões divertidas dos protagonistas.

Compre na Amazon

O Autor: Sérgio Rodrigues nasceu em 1962. Mineiro que adotou o Rio de Janeiro, lançou, entre outros, os romances O drible (livro do ano de 2013 no prêmio Portugal Telecom, atual Oceanos) e Elza, a garota, além dos livros de contos O homem que matou o escritor e A visita de João Gilberto aos Novos Baianos, do almanaque Viva a língua brasileira! e, como organizador, da antologia Cartas brasileiras ― todos publicados pela Companhia das Letras. Tem livros editados na França, em Portugal, na Espanha e nos Estados Unidos. Mantém uma coluna sobre língua e linguagem na Folha de S.Paulo.

Deixe uma resposta