Sinopse Intrínseca: Molly Gray tem dificuldade com interações sociais. Aos 25 anos, a jovem muitas vezes entende errado as intenções das outras pessoas, e sua avó costumava interpretar o mundo para ela, criando regras simples segundo as quais a neta poderia viver. Desde que a avó morreu, nove meses atrás, Molly tem navegado sozinha pelas complexidades da vida. Sua única alegria é ainda poder se dedicar com prazer ao emprego e realizar um trabalho impecável. Certo dia, ao entrar na suíte de Charles Black, a vida organizada de Molly vira de cabeça para baixo: além de encontrar os cômodos em completa desordem, a jovem se depara com nada menos que o próprio Sr. Black morto na cama. O seu comportamento incomum levanta suspeitas da polícia, e a camareira, acostumada a passar despercebida, logo se vê presa em uma teia de mentiras e mal-entendidos que não faz ideia de como desfazer. (Resenha: A Camareira – Nita Prose)

Opinião: A Camareira é mais um desses livros cercados por um bom marketing que o coloca como “o mais aguardado de sei lá o que”, mas que na prática entrega muito menos do que se propaga. Aliás, frequentemente essas promessas sempre se relacionam com thrillers. É um imã para editoras rotularem os suspenses como a nova última bolacha do pacote literário de mistério. Na maioria das vezes, essa bolacha desce amarga quando experimentamos…

Esqueçam a ideia de thriller nesta obra. O que temos aqui é um daqueles suspenses leves, com lições de vida e em que os personagens se movem, em alguns casos, por um bem maior. É muito a pegada da coleção Mistérios em Série da editora Arqueiro, só que com muito menos qualidade.

Então, o que temos? Bom, narrado em primeira pessoa, A Camareira conta a história de Molly, obviamente uma camareira, de um luxuoso hotel. Sua vida se resume a casa-trabalho-casa, sem amigos, e é moldada pela visão de mundo e pelos ensinamentos dados pela avó, recém-falecida. Além disso, ela é obcecada por limpeza. Mais uma herança da avó e que ela leva extremamente a sério. Molly é apaixonada por ser camareira e por tudo que envolve as ações de limpar os quartos do hotel. Ah, e ela é muito ingênua e inocente.

Contando sobre sua rotina no hotel, Molly vai se deparar, um dia, com o corpo de um importante empresário. O que aparentemente indicava uma morte natural, vai se revelar um assassinato e, claro, com toda sua inocência e ingenuidade Molly vai ser jogada no centro da trama como suspeita do crime. E aí, como provar inocência em meio a indícios tão fortes que apontam para ela?

Já deu pra sacar os caminhos que A Camareira vai percorrer, ne? Isso mesmo, vamos acompanhar uma leve investigação na busca por provar que Molly é inocente e identificar o verdadeiro culpado pelo assassinato do empresário. Tudo isso de forma bem leve e pontuado por inúmeros ensinamentos, ditados, frases feitas e uma cacetada de tiradas de autoajuda que são proferidos a todo momento pela personagem para justificar ações, dar conselhos ou para serem colocados absolutamente em todas as situações. O que começa como algo engraçadinho e com toque de humor termina irritando, pelo menos a mim.

A Camareira não é um livro de todo ruim. Ele tem dois focos interessantes que são a relação de amor, respeito e aprendizado entre Molly e sua avó, e que vai mostrar o quanto tudo isso moldou sua inocência para com o mundo ao redor; e posteriormente a relação de Molly com os demais personagens da trama em que a inocência dela é usada, abusada, manipulada, mas também onde ela encontra bons e fiéis amigos em quem confiar.

Só que ao mesmo tempo em que é leve, a narrativa acaba ficando chata porque a autora pesou a mão ao criar sua protagonista. Molly é tão inocente e obcecada com limpeza que chega ao ponto de ficar um tanto insuportável acompanhá-la. As lições de vida e tudo o mais é bonito de ser ver, e a construção que leva ao desfecho é bem amarradinha e traz um plot interessante para mostrar que ela não é tão boba quanto os demais julgavam. Mesmo assim é inocência demais para pouca página.

A Camareira é leitura para momentos em que não temos opções melhores na estante e queremos algo muito, mas muito leve e que não exige esforços de raciocínio. Uma história que é facilmente esquecível.

Compre na Amazon

A Autora: Nita Prose atua há anos como editora e já trabalhou em diversos best-sellers. A camareira é seu romance de estreia.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: Graça Fatal – Louise Penny
Próximo artigoResenha: Nunca – Ken Follett
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

Deixe uma resposta