Sinopse HarperCollins: Polly O’Keefe acabou de se mudar para a casa dos avós, os famosos cientistas Alex e Kate Murry, quando ela acidentalmente se encontra em uma época 3 mil anos no passado. Talvez não seja um mero acidente, ou, ao menos, é o que dizem dois druidas: quando um portal entre círculos do tempo se abre, isso acontece por um motivo. Quando o portal se fecha atrás de Polly e de seu amigo gravemente doente, Zachary, o motivo se torna claro. Em meio ao desespero, conseguirá Polly manter a si mesma e a Zachary vivos até que o portal reabra e eles possam voltar para casa? (Resenha: Um Tempo Aceitável – Madeleine L’Engle)

Opinião: Uma conclusão incomum para uma série é a melhor forma de definir Um Tempo Aceitável, quinto e último volume de Uma Dobra no Tempo. Embora desde o início tenha ficado claro que os livros desenvolviam histórias independentes com início-meio-e-fim sem compromisso com sequências ou fios soltos em obras anteriores, o volume cinco destoa de todo o conjunto anterior e se mostra visceralmente descolado de tudo.

Protagonizado por Polly, neta dos Murry e ao que tudo leva a crer filha de Meg, Um Tempo Aceitável segue a linha de viagens no tempo, dessa vez indo a eras primitivas povoadas por druidas e tribos ainda em desenvolvimento. A ciência cede totalmente espaço para o misticismo com curandeiros, fenômenos naturais e crenças em deusas humanas protagonizando uma história com nenhuma liga e zero elementos para cativar os leitores.

Com altos e baixos, a série Uma Dobra no Tempo acompanhou a família Murry em aventuras pelo tempo com cada livro sendo protagonizado por um dos filhos do casal. O ritmo de ação, mesmo que tímido, sempre manteve presença cativa e foi fundamental para cativar os leitores em meio a excesso de termos científicos ou lições religiosas. Acompanhar a evolução etária de cada personagem e suas descobertas foi gostoso e proporcionou bons momentos de leitura, descompromissada. Contudo, quando chegamos a Um Tempo Aceitável encontramos uma história lenta que se arrasta por mais de trezentas páginas e guarda o clímax para os dois capítulos finais. Madeleine L’Engle conseguiu a proeza de enrolar e encher linguiça por mais de 80% do livro.

Recheado de problemas, o que poderia ser mais uma aventura curiosa já começa ruim ao trazer uma protagonista insossa. O fato da série ter sido construída em cima de uma família e do nada aparecer uma neta que em nenhum momento cita o nome de sua mãe é bizarro. Levando-se em conta toda a religiosidade e sentimentos cristãos levantados ao longo dos livros, isso é praticamente uma heresia. Por outro lado, a doença de um dos personagens, e que parece ser o mote para tudo, não sustenta um livro. Pelo menos não da forma como foi colocado. E para finalizar, as situações, que beiram claramente mais para a fantasia do que a scifi, são difíceis de aceitar porque tudo é tão lento e chato que perde o encanto.

A difícil missão de encerrar uma série avançada de livros infanto-juvenis não foi cumprida por Um Tempo Aceitável. Após o sensacional volume quatro, esse desfecho soou melancólico e deixou uma sensação de que a autora não sabia bem o que queria. Aos que seguiram a série até aqui, abrir mão dessa obra não vai prejudicar em nada. É preciso mais do que força de vontade para engolir esse livro.

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A Autora: Madeleine L’Engle (1918-2007) foi uma escritora norte-americana mais conhecida por seus trabalhos de ficção científica YA, particularmente por Uma dobra no tempo e suas sequências. Suas obras refletem seu forte interesse pela ciência moderna.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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