Sinopse Suma: Príncipe Kiem, neto da Imperadora de Iskat, é um jovem que nunca precisou provar seu valor. Agora, no entanto, ele é intimado a fazer algo de útil: casar-se com conde Jainan, representante de Thea, para impedir que o planeta vassalo inicie uma rebelião contra o Império. A situação, porém, não é tão simples quanto parece. Jainan já havia se casado antes, com o primo de Kiem, o que garantiu por um tempo o elo entre Thea e Iskat, mas algo deu errado: seu marido morreu em um trágico acidente. Kiem não quer se casar. Jainan não quer um novo marido. Mas, uma vez juntos, eles terão de enfrentar as intrigas da corte, as maquinações da guerra e os ecos do passado, em uma conspiração que pode acabar com tudo o que acreditam. O par improvável entrará em uma jornada épica para salvar o império ― e a si mesmos. (Resenha: Órbita de Inverno – Everina Maxwell)

Opinião: A saga espacial de Everina Maxweel em Órbita de Inverno reúne as melhores características do gênero em uma história envolvente e com um casal de personagens que causa uma boa dose de irritação nos leitores enquanto não se entregam logo um para o outro. Na leva atual de romances, o livro tende a se destacar por inserir protagonistas homossexuais fora daquelas tramas moderninhas que se passam precisamente nos dias de hoje. O resultado foi sensacional e a autora, estreante, esbanjou talento na construção de sua história interplanetária.

Órbita de Inverno segue bem a linha de obras que se passam em outros planetas, talvez em futuros bem distantes, cujo cerne do problema está normalmente em ameaças de guerra ou crises políticas. No caso deste livro, vamos encontrar os dois. É preciso fazer uma boa costura política que convença uma espécie de concílio gestor, comandada pela figura do Auditor. Tudo dando certo, evita-se uma crise que eventualmente pode descambar em guerra. Simples? Nem um pouco. A trama de Everina é muito bem elaborada e tem minúcias e detalhes de conchavos políticos a perder de vista.

Tentando resumir da melhor maneira possível, tendo em vista a boa complexidade dessa história, temos nosso amigo príncipe Kiem, um jovem baladeiro, que domina as manchetes nem tão positivas dos jornais e cujos talentos para o reino não são muito claros para praticamente ninguém. Só que chegou o momento de ele provar o seu valor sendo obrigado a se casar com um jovem conde, Jainan. Essa é a costura política que eu mencionei. Porque a união interplanetária desse livro se baseia em… Casamentos! Isso mesmo, do jeitinho que os reis e rainhas faziam lá nos séculos perdidos em que casamentos garantiam a paz ou as boas relações.

Mas tem boas doses de complicações nessa história. Porque Jainan é um viúvo recente do… Primo de Kiem! Primo esse que morreu num acidente, mas que parece que foi assassinato. Deu pra sacar que a autora gosta de um drama familiar com sangue, suspeitas e, claro, uma ameaça de guerra caso esse casamento não dê certo?

Pois é, mas vamos deixar esses resumões de lado e falar de características? Órbita de Inverno é um complexo romance sobre equilíbrio de poder. Temos, portanto, um sistema interplanetário em que a paz e as boas relações são mantidas, entre outros, por sucessivos casamentos entre a família real da qual Kiem faz parte e nobres de outros planetas. Tudo isso é supervisionado pelo Auditor, que é uma espécie de árbitro que controla tudo, mas não necessariamente intervém. Então, o ponto central desse livro é um problema político a ser resolvido através do casamento dos dois protagonistas: Kiem e Jainan.

Saindo um pouquinho da política e mesclando ela com o suspense, o livro vai trabalhar o possível assassinato do então marido de Jainan. Porque vejam bem. Se foi mesmo um acidente, tudo beleza, vida que segue. Mas se foi um assassinato, as coisas complicam porque o tal equilíbrio vai pro espaço, desculpem o trocadilho. Assim, casados, Kiem e Jainan vão se debruçar na investigação do que de fato aconteceu com o finado Taam.

Completando, temos um adorável romance. Porque esse casal vai custar pra se entender por conta de mal-entendidos os mais bestas possíveis. A falta de diálogo claro entre os dois vai fazer com que eles passem mais da metade do livro se evitando ou mantendo as aparências. E nós, do lado de cá, ficamos nos contorcendo de vontade de fazer os dois caírem logo na cama e se entregarem à nítida paixão que sentem um pelo outro.

Órbita de Inverno, vocês perceberam, é um livro difícil de ser explicado. Há uma história muito complexa e bem montada, com vários desdobramentos e criações tecnológicas bem curiosas. Tem muito de ficção científica, mas tem muito mais de relações humanas. Boa parte dos problemas, e das soluções, passa por entendimento entre pessoas. Saber conversar, poder confiar, ser honesto… Pequenas ações que fazem a diferença tanto para resolver o mistério da morte de Taam quanto para se entregar ao amor. A paz nesse livro depende demais da honestidade e sinceridade dos personagens para combater as ameaças externas.

Com toques de humor, personagens cativantes e muita imaginação, Órbita de Inverno é um romance espacial que destoa do que estamos acostumados nos lançamentos atuais. Seja porque o casal de protagonistas escapa da maioria dos clichês de amor à primeira vista, seja pela qualidade da história que sustenta a saga desses dois. Everina Maxwell entregou muito nesse livro e vocês merecem demais conhecer Kiem e Jainan!

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A Autora: Everina Maxwell cresceu em Sussex, no Reino Unido, perto de uma biblioteca, onde passava todo o seu tempo livre devorando obras de ficção científica e fantasia. Atualmente, ela mora e trabalha em Yorkshire, na Inglaterra. Órbita de inverno é seu livro de estreia.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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