Sinopse Planeta: O livro que deu origem a um dos maiores sucessos do terror no cinema. Neste clássico do terror – adaptado para o cinema e para a televisão –, quatro adolescentes tentam escapar de um assassino que deseja vingar a morte de um garotinho. Depois de uma noite de muita festa, quatro adolescentes atropelam acidentalmente um garoto de dez anos. Sem querer lidar com as consequências de seus atos, eles abandonam o corpo e decidem fazer um pacto, com a intenção de manter o ocorrido em segredo. No entanto, nem tudo é tão simples, e o sentimento de culpa não será o único problema com que terão de lidar. No ano seguinte, uma das adolescentes recebe um bilhete anônimo com uma mensagem curta, mas que diz tudo: “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”. Em um romance repleto de reviravoltas e obstáculos constantes, os quatro jovens terão que lutar por suas vidas, fugindo e se escondendo de um assassino que está determinado a fazê-los pagar pelo terrível crime que cometeram. (Resenha: Eu sei o que vocês fizeram no verão passado – Lois Duncan)

Opinião: Um daqueles raros casos em que o filme supera (e muito!) o livro. Essa é a melhor resenha que podemos fazer de Eu sei o que vocês fizeram no verão passado, um clássico do terror que fascina gerações de cinéfilos e que frustra e irrita facilmente aqueles que decidem se aventurar pelas páginas da obra que deu origem a tudo.

Lois Duncan é uma conhecida autora de obras infanto-juvenis e talvez se tivermos boa vontade podemos colocar uma ou outra no patamar do YA. Suas narrativas, mesmo no campo do suspense e terror, são leves e bem adequadas para o tipo de público ao qual ela se dedica. Mesmo assim, a leitura de Eu sei o que vocês fizeram no verão passado soa estranha. Porque o suspense é fraco, não existe terror e os personagens são porcamente desenvolvidos. Se quisermos nos manter nas comparações cinematográficas, o livro faz mais jus aquelas comédias besteirol com adolescentes imbecilizados que tanto marcaram o cinema dos anos 1990.

Então, aqui nós vamos ter o caso de uma equipe de roteiristas que se debruçou sobre um livro ruim, e de gosto duvidoso, e enxergou lá no fundo o potencial para transformá-lo num clássico do terror ao levá-lo para as telas. Basicamente é isso. E acho que Lois deve ter ficado bem agradecida pelo quanto sua história foi melhorada. Porque há muito o que se explorar a partir da culpa que pesa na consciência dos jovens após o atropelamento. Imagine então quando alguém começa a amedrontá-los, anos depois, numa espécie de joguinho da vingança? Pois é, isso vocês viram no filme. O livro, nem assassinato direito tem.

A sucessão de acontecimentos que deveria construir um suspense em torno de “oh, quem está por trás dessas ameaças”, não acontece. É tudo muito inocente, infantil e que mesmo para os anos 1970, época em que foi escrito e publicado, soa bobo. Lembrem-se que é essa década que nos trouxe algumas das maiores e mais inesquecíveis obras de terror da literatura mundial. Nada justifica uma boa premissa como a de Eu sei o que vocês fizeram no verão passado ser tão desperdiçada em uma narrativa tão fraca e (repetindo maaais uma vez) infantilizada. Só que não é infantil para crianças. É infantil de bobo mesmo, daqueles que zomba da inteligência dos leitores.

A cereja do bolo são os personagens comparados ao tipo de adolescente idiotizado, fútil e incapaz de atitudes que usem minimamente o cérebro. É impressionante como a construção deles seguiu uma cartilha em que tudo soa irreal demais e com diálogos bisonhos de tão sem sentido. Não conseguimos enxergar, nem com muito boa vontade, um jovem de fato nesses personagens. Não sei qual o parâmetro de inspiração para criá-los, mas certamente não vieram de um colégio ou faculdade normais.

Sem ter muito mais o que falar, recomendaria que vocês não perdessem tempo com esse livro. A menos que queiram ter a frustrante experiência que eu tive (e aos que mesmo assim seguirem adiante na leitura, por favor usem os comentários aqui para fazermos nossa catarse coletiva). Foquem no filme, na série da Amazon, revejam aos montes e se deliciem. Ali está uma história de terror. No livro está um desperdício de palavras.

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Da Autora leia também:

Eu sei o que vocês fizeram no verão passado

Por um Corredor Escuro

A Autora: Lois Duncan é a autora de mais de 50 títulos, indo de livros ilustrados para crianças até poesia e não ficção para adultos. É mais conhecida por seus romances de suspense e terror para jovens-adultos, como o grande sucesso Eu sei o que vocês fizeram no verão passado. Nasceu em 1934, na Filadélfia, Estados Unidos, e faleceu em 2016. Por um corredor escuro é considerado um grande clássico do terror juvenil norte-americano. Publicado em 1974, foi adaptado para o cinema em 2017.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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