Resenha: Luanda, Lisboa, Paraíso – Djaimilia Ribeiro

Sinopse Companhia das Letras: Luanda, Angola, anos 1970. Fruto de um parto com complicações graves, Aquiles nasce com uma má-formação que lhe dita o destino e o nome. A promessa de cura reside em uma cirurgia que somente pode ser realizada em Portugal, e até que ele complete quinze anos. Com o fatídico aniversário em vista, Aquiles e o pai, Cartola, partem para Lisboa, crentes de que será uma viagem passageira e de que eles serão recebidos como verdadeiros cidadãos portugueses. Na capital, sentem na pele o preconceito de serem imigrantes da ex-colônia enquanto o regresso a Angola torna-se cada vez mais distante. (Resenha: Luanda, Lisboa, Paraíso – Djaimilia Pereira Ribeiro)

Opinião: Existem momentos certos para cada tipo de livro? Forçar a leitura ou colocá-la de lado, reservando um outro dia para tentar novamente? Luanda, Lisboa, Paraíso, aclamado segundo romance de Djaimilia Pereira Ribeiro, de origem angolana, me chamou a atenção, primeiramente, pela promessa de ser uma leitura diferente das que eu costumo fazer, daquelas que me sacodem e me tiram da zona de conforto. A capa, depois, me passou a mensagem de ser uma história culturalmente muito rica, característica que tenho procurado com afinco. Publicado, portanto, pela editora Companhia das Letras na reta final de 2019, a obra se revelou, logo nas primeiras páginas, ser tudo isso, porém também um grande desafio, que optei por cumprí-lo em outra oportunidade.

se uma história se parece com o corpo de um animal, então pode começar por um calcanhar.

– Página 9

Vencedor dos prêmios Fundação Inês de Castro (2018), Fundação Eça de Queiroz (2018), Oceanos (2019) e Lusofonia (2019), não há dúvidas de que este seja um grande livro. Entretanto, para começar, eu gostaria de ter sido avisado, em algum momento antes da aquisição da edição dessa obra, de que o português encontrado aqui é o vigente de Portugal, onde o romance fora publicado primeiramente, no ano passado. Sendo assim, graças a minha pouquíssima experiência com a grafia desse país, senti algumas dificuldades em prosseguir com a leitura, não entendendo palavras, frases e alguns contextos. Como avançar no escuro? Ao mesmo tempo em que há uma grande bagagem cultural, há barreiras para leitores menos preparados (e aqui eu me insiro). Notas de rodapé já seriam de grande ajuda, esclarecendo termos pouco (ou não) utilizados por aqui e inserindo o leitor brasileiro nesse universo, muitas vezes, novo.

se vinha com defeito, então o filho não era seu, embora o tivesse originado.

– Página 10

Esta não é uma resenha negativa ou positiva, apenas a exposição de minhas primeiras impressões, com a certeza de que Luanda, Lisboa, Paraíso tem ainda muito a me ensinar, contudo, em outro momento. Vai ser, sem sombra de dúvidas, uma daquelas leituras intensas, realizadas com caneta e papel do lado, quase um estudo dessa trajetória melancólica de Cartola e Aquiles, pai e filho que buscam, além de tudo, por pertencimento. Mal posso esperar!

Compre na Amazon

A autora: Djaimilia Pereira de Almeida nasceu em Luanda, Angola, em 1982. É autora de quatro livros, entre eles os romances Esse cabelo, que recebeu o prêmio Novos na categoria literatura, e Luanda, Lisboa, Paraíso, vencedor do prêmio literário Fundação Inês de Castro.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: Algo Sinistro vem por aí – Ray Bradbury
Próximo artigoResenha: Penitência – Kanae Minato
Futuro enfermeiro e fanático assumido pela Marvel, principalmente por heroínas. Mineiro, passa a maior parte do seu tempo esperando pela sua carta de Hogwarts e sonhando em ser chamado para a iniciativa Vingadores. Gosta de todo tipo de livro, apaixonado por cinema e ainda mais por música.

Deixe uma resposta