Sinopse Record: Ela está na sua casa. Ela está no seu carro. Ela está no céu. Ela está no seu bolso. E agora a tecnologia quer acabar com você. Uma inteligência artificial é criada, Archos. Em segundos de análise de dados, ela conclui que a humanidade é descartável. A partir disso, ela toma conta de toda forma de tecnologia on-line do mundo. Primeiro, pequenos bugs em equipamentos e programas são percebidos, sem que ninguém perceba nenhuma conexão entre os acontecimentos. Então, no que ficou conhecido como a hora H, Archos lança um ataque total contra a raça humana. Por isso, para detê-la, a humanidade deverá fazer algo que jamais foi tentado antes: unir-se por um objetivo em comum. (Resenha: Robopocalipse – Daniel H. Wilson)

Opinião: O homem dominado ou exterminado pela inteligência artificial é um tema cada vez mais recorrente na literatura e nos cinemas. Do clássico filme de Stanley Kubrick, AI – Inteligência Artificial, em que robôs desenvolvem sentimentos e são subjugados pelos humanos, evoluímos para um período em que o homem ocupa o lugar de vítima e os supercomputadores são os vilões inatingíveis. Seguindo essa linha, Daniel H. Wilson tinha, como se costuma dizer, a faca e o queijo nas mãos para desenvolver uma puta história. Mas ele optou por ficar no meio termo, com um livro contido demais para o tema abordado. O destaque acaba ficando todo para a belíssima capa. E só!

Robopocalipse é o primeiro livro de uma série focada no domínio da inteligência artificial sobre o homem. A obra narra o eclipse da raça humana na Terra a partir do desejo de uma máquina, Archos. Atingindo um nível absurdo de inteligência e capacidade de raciocínio, Archos decide que o futuro do planeta será bem melhor se a humanidade for extinta, e toma para si essa missão. Eis uma premissa pra lá de interessante e promissora, mas que naufragou em altos e baixos e acabou resultando numa obra bem rasa.

Com uma narrativa fragmentada por episódios curtos, Robopocalipse perde por não ter personagens fixos bem desenvolvidos. O autor optou por mostrar os acontecimentos a partir de transcrições de gravações ou memória oral dos envolvidos e isso quebrou a possibilidade de envolver o leitor na história. Os personagens desfilam em cenas rápidas e cedem lugar a outros e esse vai-e-vem vai se tornando maçante. A sensação de que “falta alguma coisa” acaba dominando boa parte do livro.

Ponto positivo, o autor consegue nos passar um “terror” ao imaginarmos que várias das situações descritas são extremamente possíveis de acontecer. Nossa dependência das máquinas é fato, e isso fica bem explícito no livro. Contudo, o clima de apocalipse e destruição não rolou. Daniel H. Wilson economizou nas descrições de catástrofes e foi tão recatado que em nenhum momento conseguiu criar aquele clima de “ei, psiu, vocês estão morrendo e vão morrer todos”. Isso, obviamente, não nos leva para um clímax e o final é broxante e acontece rápido demais. Talvez por vem por aí um volume dois…

Aos interessados em embarcar na leitura de Robopocalipse, tenham em mente que a obra é um ótimo passatempo, mas sem muitas pretensões a mais que isso. Com direitos de adaptação comprados por Steven Spielberg, este pode ser um dos raros casos em que o filme tem tudo para ser bem melhor que o livro.

Avaliação: 3 Estrelas

O Autor: Daniel H. Wilson é Ph.D. em robótica pela Carnegie Mellon University, além de ser mestre em inteligência artificial e robótica. É autor de livros de não ficção, entre eles How to Survive a Robot Uprising. Wilson mora em Portland, Oregon. Os direitos de adaptação do livro Robopocalipse, best-seller do New York Times, foram comprados por Steven Spielberg.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

1 COMENTÁRIO

  1. Curti muito esse livro. Finalmente um apocalipse das máquinas em que se fala de carros inteligentes, por exemplo. Em geral as pessoas pensam em exércitos de robôs desfilando pelas ruas, mas aqui o autor foi muito consciente do tipo de revolução que seria.

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