Sinopse HarperCollins: No século XVIII, a Londres vitoriana escondia uma pequena botica que atendia a uma clientela peculiar. Nella, uma curandeira respeitada no passado, vendia venenos a mulheres que precisavam se livrar dos homens ameaçadores de suas vidas. Porém, quando uma garotinha de doze anos entrou no caminho da boticária, o futuro de seu trabalho foi posto em risco. As consequências desse encontro ecoam através do tempo e chegam até aos dias atuais, reverberando em Caroline Parcewell, uma aspirante a historiadora cuja vida está de ponta cabeça. Com um casamento em ruínas e uma vida infeliz, Caroline encontra refúgio no mistério que envolve uma série de assassinatos por envenenamento séculos antes, um achado que a levará até Nella e sua loja. Após descobrir um frasco de boticário em uma caça relíquias no Tâmisa, a vida dela se entrelaçará com a da boticária em uma maravilhosa reviravolta do destino. (Resenha: A Pequena Loja de Venenos – Sarah Penner)

Opinião: Sabem aqueles livros que vocês pegam para ler com expectativas de passar algumas boas horas de distração, mas que poucas páginas depois se transformam em uma leitura viciante? Pois é, A Pequena Loja de Venenos, de Sarah Penner, me fisgou de tal forma que devorei a obra em dois dias e ela logo saiu da posição de uma leitura descompromissada para uma das gratas surpresas que tive no ano. Sério, vale muito a pena conhecer essa história. Bora falar um pouquinho?

A Pequena Loja de Venenos traz a história de três mulheres em dois períodos históricos bem distantes, mas que acaba se cruzando a partir de um misterioso frasco de vidro. Inicialmente vamos conhecer Nella, uma boticária que vive na Londres dos anos 1790. Ela herdou da mãe uma praticamente escondida loja que oferece remédios naturais para curar enfermidades das mulheres.

Só que nos fundos da loja, muito bem escondido dos olhares públicos, principalmente dos homens, Nella guarda sua verdadeira atuação: ela produz venenos para atender aos pedidos de mulheres que desejam se ver livres do inferno que alguns homens transformaram suas vidas. Tudo meticulosamente registrado em um livro cujas entradas remontam a muitos anos antes, quando a mãe dela apenas tratava da cura.

A vida de Nella vai cruzar com a de Eliza, uma garota de doze anos que é mandada pela patroa para buscar uma solução que a livre do marido infiel. Eliza, ainda inocente, mas extremamente curiosa, vai se encantar com o mundo escondido da boticária e tentar de todas as formas se tornar sua aprendiz. Entre idas e vindas, uma outra cliente vai aparecer e Eliza vai cometer um erro que vai colocar a atuação de Nella e os segredos de todas as mulheres que utilizaram seus venenos em risco.

Corta para os dias atuais e vocês vão conhecer Caroline em sua solitária viagem à Londres. A viagem era para comemorar os dez anos de casamento, mas ela descobriu poucos dias antes que o marido, James, a traía. Decidida a repensar a vida, ela embarca sozinha e se aventura por desbravar uma Londres mais distante dos roteiros turísticos tradicionais. Apaixonada por história, Caroline vai se misturar a um grupo que caça relíquias às margens do Tâmisa, vai encontrar ali um pequeno frasco com uma imagem de urso gravada e dali em diante a curiosidade vai levá-la a desvendar os segredos perdidos de uma boticária lá do século XVIII.

Só essa premissa, que eu busquei dar uma boa resumida, já é suficiente para percebermos o quão original e fascinante essa história aparenta ser. Mas Sarah Penner foi muito além. Ela entrega aos leitores uma ótima ambientação histórica, uma boa dose de suspense e, principalmente, personagens fortes, cativantes e interessantes. Mais do que uma boa história, A Pequena Loja de Venenos tem excelentes protagonistas. São essas três mulheres, unidas por histórias em que precisam dar voz e rumos próprios para suas vidas, enfrentando desafios impostos tanto pela época em que viviam quanto pelas inseguranças normais de quem se acomodou numa rotina bem distante dos planos, que fazem desse livro uma preciosidade que merece ser conhecida pelos leitores.

Nella e Eliza são retratos de um período em que as mulheres não tinham voz, a menos que fossem da nobreza. Mas através dos venenos da boticária, inúmeras mulheres conseguiram dar um novo rumo para suas vidas, livrando-se de traições, ameaças, violência…  É uma Londres distante no tempo e a autora sobre muito bem nos situar no universo dos venenos e da sociedade da época.

Caroline está em crise, não necessariamente pela traição do marido, mas sim por estar passando por aquele momento em que a gente para e se pergunta se a nossa vida é mesmo a vida que queremos. Ela está em conflito com os rumos que deu para sua existência em comparação com todos os planos e sonhos que tinha lá atrás, logo no início do casamento.

E movida pela curiosidade que lhe é característica, ela vai se lançar atrás de pesquisas para saber de onde veio o tal frasco com o urso gravado. Essa busca pela história, pelo passado, vai conectá-la não só com as trajetórias de Nella e Eliza, mas consigo mesma e com quem ela verdadeiramente deseja ser. Qual rumo de vida vai fazê-la se sentir viva de verdade.

Acompanhar a trajetória dessas três mulheres e todo o universo fascinante de A Pequena Loja de Venenos é, de verdade, se entregar a uma pesquisa histórica para desvendarmos algo muito curioso que descobrimos ao acaso. Se Caroline teve uma maravilhosa surpresa ao descobrir não só a verdade por trás do frasco, mas o destino que Nella e Eliza tiveram, nós também teremos uma grata surpresa ao concluir esse livro e perceber quão rica, envolvente e fascinante é essa leitura. Aproveitem!

Compre na Amazon

Observação: este livro foi lido na edição da TAG Inéditos de Maio de 2022

A Autora: Sarah Penner nasceu no Kansas e cresceu em uma pequena cabana no meio da floresta, o refúgio pitoresco onde viveu os primeiros anos de sua juventude, que moldaram a maioria de suas lembranças. Ela começou a escrever depois de assistir a uma palestra de Elizabeth Gilbert e, logo após o evento, se registrou em sua primeira aula de escrita criativa online e nunca mais parou. Sarah ama viajar, apesar de seu coração pertencer a Londres. Quando não está escrevendo, está cozinhando, fazendo yoga ou correndo ao ar livre no calor da Flórida. Ela é casada com seu melhor amigo, Marc, e tem orgulho de morar no estado ensolarado, com o marido e sua miniatura de “pelo de seda”, a salsichinha Zoe.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: Elementais – Michael McDowell
Próximo artigoResenha: O Deserto está Vivo – Elizabeth Wetmore
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

2 COMENTÁRIOS

    • Marta, curioso que foi um livro que peguei para ler sem colocar grandes expectativas e no final, acabei devorando e me surpreendendo com a história.

Deixe uma resposta