Sinopse Intrínseca: Toda quinta, em um retiro para aposentados no sudeste da Inglaterra, quatro idosos se reúnem para ― segundo consta na agenda da sala de reunião ― discutir ópera japonesa. Mas não é bem isso que acontece ali dentro. Elizabeth, Ibrahim, Joyce e Ron usam o horário para debater casos policiais antigos sem solução, confiantes de que podem trazer justiça às vítimas e encontrar os responsáveis por algumas daquelas atrocidades do passado. Com todos os integrantes acima dos setenta anos, o Clube do Crime das Quintas-Feiras não é a equipe de detetives mais convencional em que se conseguiria pensar, mas com certeza está mais do que acostumada a fortes emoções. Quando um empreiteiro local com projetos bastante questionáveis na cidade aparece morto, o grupo tem a oportunidade de seguir as pistas de um caso atual. Apostando em seus semblantes inocentes e habilidades investigativas estranhamente eficazes ― além de trocas de favores clandestinas com a polícia, que, apesar de todos os esforços, parece estar sempre um passo atrás de seus colegas amadores ―, os quatro amigos embarcam em uma aventura na qual as mortes do presente se entrelaçam com antigos segredos, e em que saber demais pode trazer consequências perigosas. (Resenha: O Clube do Crime das Quintas-Feiras – Richard Osman)

Opinião: Deixe seu mau humor de lado, abandone seu ranço de querer suspenses super perfeitos e cheios de ação e reviravoltas, dispa-se da sua vontade de buscar sempre chifres em cabeça de cavalo e aí sim, e só aí, aceite a companhia dos quatro simpáticos e inesquecíveis investigadores que constituem o ponto alto dessa hilária e divertida obra de Richard Osman.

O Clube do Crime das Quintas-Feiras é genial em sua concepção original e a gente acaba inevitavelmente se perguntando como ninguém havia pensado nisso antes! Um lar de idosos, e mais especificamente quatro de seus moradores, protagonizam aqui um suspense leve, descontraído e cujo charme se encontra justamente no inusitado de que os detetives são quatro aposentados. Aliás, aposentados que lançam mão de absolutamente qualquer coisa, até mesmo sua aparente deficiência etária, para conseguirem o que precisam na busca por resolver crimes ainda não solucionados. Sim, a princípio não passa de um grupo de debates. Mas o acaso faz com que um crime aconteça muito próximo a eles e assim a oportunidade de pôr em prática suas habilidades está ao alcance das mãos.

O suspense aqui é bem inocente e acumula passagens impagáveis e pra lá de divertidas. É impossível não se pegar sorrindo à medida que os dotes de investigação, com algumas trapaças e leves chantagens, vão sendo apresentados aos leitores. O que seria o maior dos absurdos – a polícia se ver refém de informações e avanços conquistados pelos quatro, acaba se tornando mais um daqueles motivos para nos deliciarmos com a perspicácia dos velhinhos. E isso, como falei, dá todo o charme para uma verdadeira leitura passatempo.

Falando um pouco da investigação em si, há uma bem elaborada trama de suspense interligando os fatos do presente com mistérios do passado ainda não solucionados. E por mais rocambolesca que pareça à primeira vista, a história se sustenta bem em todos os seus desdobramentos e no desfecho. Há inúmeros detalhes e subtramas, mas tudo acaba se encaixando bem.

Entretanto, volto a repetir que o bacana desse livro, e que me conquistou de verdade, foi a narrativa em torno dos métodos e estilos de trabalho de cada investigador para conseguir seus objetivos. Elizabeth, Ibrahim, Joyce e Ron não tem nenhum pudor em burlar regras, determinar seus próprios vereditos ou esconder informações até terem certeza de que vale a pena seres reveladas. Ah, e a forma como eles descobrem pessoas desaparecidas ou que se esconderam sob outras identidades é genial! Muito comédia e muito século passado pra gente assimilar.

O Clube do Crime das Quintas-Feiras não é um suspense marcante que vai tirar seu fôlego ou te fazer querer investigar o mistério. É uma obra para descontrair e que faz o tempo passar de forma mais leve. Richard Osman soube dosar direitinho a construção simpática dos personagens, todos eles sem exceção, com crimes possíveis de investigação por septuagenários. O resultado foi um fenômeno de vendas pelo mundo. A explicação? Talvez seja pelo fato de que estejamos carentes de histórias leves e com personagens que poderiam muito bem ser nossos avós. Vale a leitura!

Ps: Terminada a leitura vocês certamente vão querer se tornar amigos dos adoráveis velhinhos e participar desse Clube do Crime, ansiando loucamente por uma nova aventura! Depois não digam que eu não avisei! 😉

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Do Autor leia também:

O Clube do Crime das Quintas-Feiras (#1)

O Homem que Morreu Duas Vezes (#2)

 

O Autor: Richard Osman é produtor e apresentador de televisão. Já trabalhou em diversos programas de TV britânicos e hoje tem o próprio game show na BBC. O Clube do Crime das Quintas-Feiras é seu primeiro livro ― e por enquanto o melhor.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

1 COMENTÁRIO

  1. Gostei tanto desse livro! Achei que não fosse gostar, porque senti que o começo foi meio confuso, mas depois a história entrou nos eixos e me diverti horrores! Vou ler o segundo, com certeza!

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