Sinopse Rocco: Em uma sufocante tarde de verão em Dublin, o magnata Richard Jewell – conhecido por seus inúmeros inimigos como Diamond Dick – é encontrado com a cabeça estourada por um tiro de espingarda. Jewell era o proprietário de grande parte dos veículos de imprensa do país e diretor do sensacionalista Daily Clarion, o jornal de maior vendagem da capital. Embora tudo leve a crer que tenha sido suicídio, os jornais, por convenção, não mencionam essa possibilidade. Caberá então ao detetive inspetor Hackett tocar as investigações, nas quais irá contar com a ajuda de seu velho amigo, o patologista Garret Quirke. (Resenha: Morte no Verão – Benjamin Black)

Opinião: O suspense noir nunca me conquistou, mas vez ou outra dou uma chance para determinados autores para quem sabe esbarrar em uma história que ganhe minha atenção. E foi assim que cheguei a Morte no Verão, que por trás de um pseudônimo esconde o talento de John Banville. Bom, não foi dessa vez…

Na Irlanda dos anos 1950, um milionário dono de jornal é encontrado morto em uma daquelas circunstâncias em que fica evidente que a cena do crime foi forjada. Entra em cena, então, um detetive e seu amigo patologista para conduzir as investigações. Aqui começam algumas diferenças básicas entre o gênero noir e o thriller. O detetive é um personagem secundário que pouco aparece ou protagoniza algo na trama. O foco é na figura de Quirke, patologista que, bem no estilo “curioso”, vai conduzindo uma investigação pessoal e se embrenhando nos mistérios que envolvem não só a vida do falecido como também das pessoas ao seu redor.

A galeria de personagens de Morte no Verão desfia pelas páginas inúmeras tramas paralelas, bem focadas na vida de cada um, independente de ter relação com a investigação do crime. Assim, nos vemos em meio a várias histórias e, no meu caso, com a atenção facilmente dispersa. O flerte do patologista com a viúva do falecido e seus hábitos pouco ortodoxos de conseguir informações complementam um suspense que não necessariamente quer sua curiosidade aguçada. Mistério e cotidiano se misturam. O desfecho, no fim, acaba acontecendo em uma narrativa tão linear quanto insossa.

Por outro lado, se nosso foco for uma boa história de intrigas familiares, dramas e romances em um clima europeu dos anos 1950, Morte no Verão é um prato cheio. Não só pela ambientação, como também pela construção de personagens humanos e críveis até demais. Aqui eu até perdoo a falta de pegada para entender o crime, cuja motivação por mais chocante que seja, acabou ficando totalmente em segundo ou até terceiro plano.

Morte no Verão é um livro de ritmo lento que privilegia muito mais as intimidades e segredos de vida dos personagens do que a construção de um mistério. É leitura indicada unicamente para acostumados ao estilo noir. Novos leitores poderão facilmente se frustrar.

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O Autor: Benjamin Black é o pseudônimo do aclamado escritor John Banville, nascido em Wexford, Irlanda, em 1945. Seus romances receberam diversos prêmios, inclusive o Man Booker Prize em 2005 por O mar. Entre os trabalhos publicados como Black, estão O pecado de Christine e O Cisne de Prata, ambos lançados pela Rocco.

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