Resenha Aristóteles e Dante Descobrem os segredos do universo

Resenha: Aristóteles e Dante

Sinopse Seguinte: Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão. Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas – e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo. (Resenha: Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo – Benjamin Alire Sáenz)

Opinião: A transição da adolescência para a maturidade do mundo adulto constitui um caos de confusão, dúvidas, sentimentos, descobertas. É um período onde se pensa saber tudo, mas não se sabe nada, ao mesmo tempo em que se buscam respostas para questões que vão definir o rumo da vida. O crucial período de dezesseis a dezoito anos marca a escolha da profissão, as primeiras responsabilidades que pesam e os primeiros empurrõezinhos rumo à independência em relação à família. Inevitavelmente os jovens se sentem perdidos. Uns mais que os outros.

Aristóteles é um desses garotos que se sentem deslocados em relação a tudo que os cerca. Ele não se acha normal porque tem um estilo de vida que, na boca de muitos amigos meus, seria chamado de “velho”. Atormentado por segredos não falados dentro de casa (os traumas do pai, que lutou no Vietnã, e um irmão preso de quem todos parecem ter esquecido), ele foi crescendo fechado em seu mundo. Introspectivo, com opiniões e conceitos muito bem definidos sobre dezenas de coisas, Aristóteles é um adolescente em busca de se entender para com isso entender a dinâmica do mundo. Detalhe, ele não tem amigos.

Há também garotos como Dante, sem amigos, mas com uma certeza muito grande em relação à maioria das coisas. Facilmente definido como um nerd, ele mergulha em livros, poesia, pinturas, arte em geral. É alguém que mesmo passando pelas mesmas transformações de Aristóteles, encara o mundo com outros olhos. Extrovertido e criado por uma família bem mais aberta nas conversas, ele precisa apenas encontrar o espaço onde vai crescer e colocar em prática aquilo que acredita que seja a dinâmica do mundo.

Quando dois caras tão diferentes, mas também tão parecidos, se esbarram, o poder da amizade entra em cena para mostrar que juntos é possível desbravar esse mundo estranho que se descortina. Não é fácil. Existem barreiras pessoais que eles podem não estar dispostos a derrubar tão rapidamente. Mas o tempo fortalece os laços e assim Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo. Segredos que se escondem em confidências, desabafos, piadas internas, bebidas, sexo, amor… A amizade verdadeira, pra mim, é o laço mais forte que pode existir entre duas pessoas. Quando os dois se entregam à lealdade, honestidade e confiança que regem essa relação, nada consegue se colocar no meio.

“Senti vontade de dizer que nunca tivera um amigo, nenhum, nenhum de verdade. Até Dante. Senti vontade de dizer que não sabia que existia gente como Dante no mundo, gente que observava estrelas, que conhecia os mistérios da água, que sabia o suficiente para entender que os pássaros pertenciam ao céu e não deveriam ser derrubados de seu voo gracioso por tiros de moleques idiotas e cruéis. Senti vontade de dizer que Dante transformara minha vida e que eu jamais seria o mesmo, jamais”.

Os caminhos percorridos no livro são tortuosos como qualquer relação interpessoal é. Os dois protagonistas descobrem de forma bem crua que o mundo adulto não é totalmente colorido como parecia na infância. Mas quando se tem alguém em quem confiar, tudo fica mais fácil por mais difícil que seja. Inclusive quando essa amizade ganha uma centelha de amor e todas as dúvidas e inseguranças que esse sentimento traz consigo.

Escrito em uma linguagem coloquial, rápida, gostosa, ligeira (na real, sublime e fantástica), Aristóteles e Dante é um livro único por sua singeleza, beleza e alto grau de verdade e ensinamento. Protagonistas cativantes – confesso que me identifiquei um pouquinho com cada um, os garotos da trama são um retrato bem fiel de muitos jovens mundo a fora. E tudo que eles enfrentam é real, real e real. O triste é que nem sempre nossa sociedade está preparada para dar as respostas e apoios que precisamos como aconteceu no livro.

Muitas resenhas já vieram e ainda virão sobre Aristóteles e Dante. Porque é um livro que trata de um assunto atemporal que nunca vai perder sua relevância. Porque muitos de nós, leitores desse livro, vamos nos identificar com alguma situação ou com a trama por inteiro. E vamos perceber, a partir da relação dos dois personagens, que muita coisa poderia ou ainda pode ser diferente na nossa vida cá no mundo real. Porque ninguém vive sem um melhor amigo. Porque ninguém vive sem um amor. Porque, no fundo, os segredos do universo estão sempre pertinho de nós. Apenas é preciso coragem, resiliência e bons sentimentos para descobri-los. Vamos?

“Passara todo aquele tempo tentando descobrir os segredos do Universo, os segredos do corpo, do coração. Todas essas respostas estavam tão próximas e, contudo, sempre as combati sem saber”.

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O Autor: Benjamin Alire Sáenz Nascido em 1954, é um poeta, romancista e escritor de livros infantis premiado. Nasceu em Old Picacho, Novo México, graduou-se em Las Cruces High School em 1972. Naquele outono ele entrou no Seminário de St. Thomas em Denver, Colorado, onde ele recebeu bacharelado em Humanas e Filosofia em 1997. Ele estudou teologia na universidade de Louvain em Leuven na Bélgica de 1997 a 1981. Ele foi padre por poucos anos em El Paso no Texas antes de deixar a ordem. Em 1985 ele retornou para a escola e estudou Inglês e Escrita Criativa na universidade do Texas em El Paso onde ele ganhou o mestrado em Escrita Criativa. Ele ganhou um ano na universidade de Iowa onde fez seu PhD em Literatura Americana. Um ano depois ele foi aclamado com Wallace E. Stegner. Enquanto esteve na universidade de Stanford sob o guia de Denise Levertov, ele completou seu primeiro livro de poemas que ganhou o American Book Award em 1992. Ele então entrou no programa de PhD de Stanford e continuou a estudar por mais dois anos. Antes de completar seu PhD ele mudou-se de novo para a fronteira e começou a ensinar na Universidade do Texas em El Paso no programa de mestrado bilíngue.

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