Sinopse Globo: Caía a madrugada na casa de campo de Styles quando moradores e convidados acordaram com os barulhos vindos do quarto de Emily Inglethorp, a proprietária da mansão. Aparentemente, ela estava sofrendo um ataque cardiáco, mas ninguém podia ajudá-la de imediato porque o cômodo estava trancado. Quando John e Lawrence, enteados dela, e o Capitão Hastings, amigo da família, conseguiram derrubar a porta, a matriarca sofria convulsões. Morreu instantes depois. Não demorou para o médico passasse a suspeitar de assassinato por envenenamento. Com o apoio de Hastings, o minucioso detetive belga Hercule Poirot busca desvendar o intricado caso. Era o primeiro de muitos mistérios que viriam pela frente. (Resenha: O Misterioso Caso de Styles – Agatha Christie)

Opinião: Pelas mãos de Edgar Allan Poe a história da literatura de suspense policial jamais seria a mesma. Em 1841 ele publicou Os Assassinatos da Rua Morgue, protagonizado pelo detetive Auguste Dupin. Estavam lançadas as bases para, tempos depois, sir Arthur Conan Doyle criar o mais famoso dos detetives da ficção, Sherlock Holmes. Já nos primórdios do século XX, a jovem Agatha Christie, a partir de uma aposta com sua irmã, coloca o ponto final em uma história que vem complementar a trindade masculina dos investigadores infalíveis. Nascia então Hercule Poirot, detetive belga que, à moda de seus antecessores, iria protagonizar dezenas de casos em que a observação minuciosa colocaria abaixo o mais perfeito dos crimes.

Publicada em 1920, O Misterioso Caso de Styles não só é a obra de estreia daquela que se tornaria a autora mais traduzida do mundo, como também ajudaria a solidificar as características-base do suspense policial, semeadas lá atrás por Allan Poe. Necessário reforçar, também, que é neste livro que nasce o detetive Hercule Poirot e onde boa parte de sua metodologia é assentada, incluindo a forma narrativa, a partir do capitão Hastings, e o estilo para revelar o vilão em meio a um grupo de suspeitos.

A trama de O Misterioso Caso de Styles é simples e intrincada, e traz aquilo que pessoalmente eu mais amo numa história de suspense: uma morte ou mistério inexplicável; diversos suspeitos, todos com bons motivos para cometer o ato criminoso; algumas tramas paralelas que podem ou não influenciar no desfecho; e um final recheado de reviravoltas e surpresas conduzindo ao culpado mais improvável. Confesso, sou fã desse modelo tradicional de suspense e um devoto de Sherlock Holmes e sua metodologia. Logo, Hercule Poirot obviamente não teria como não me seduzir.

Interessante perceber que mesmo para uma obra de estreia, Agatha Christie já apresenta neste livro diversas características de um livro maduro. A história é bem arquitetada e traz uma sequência de reviravoltas, incluindo a revelação do criminoso, que surpreendem. Adivinhar o nome do culpado pode até ser fácil para leitores mais atentos, contudo conseguir descobrir isso a partir de pistas deixadas ao acaso pelos capítulos, e conseguir formular uma explicação, exige boas doses de raciocínio e atenção. E a melhor parte é acompanhar, sentados na sala de estar, o monólogo de Poirot esfregando em nossa cara tudo aquilo que deixamos passar despercebido. História como a de Styles são interessantes para aguçar nosso raciocínio. Como nas dezenas de livros similares, há uma infinidade de pistas e possibilidades e os diálogos mais improváveis ou fúteis podem ser os mais decisivos na elucidação do caso.

Como não poderia deixar de ser, todo grande suspense é construído também em cima de um grande protagonista. Neste caso, Hercule Poirot, estreando, já conquista o leitor de cara. Ele é uma figura curiosa, que gera algumas situações bem-humoradas e que ao longo da história vai guardando tudo que sabe para si, deixando muito pouco no ar. Seu auxiliar, o capitão Hastings, narrador da história, tem participação mediana. Ao mesmo tempo que conduz Poirot para a investigação e acompanha boa parte dela, também é deixado no escuro e se vê tão surpreendido com a revelação quanto os presentes.

Adepto de ler obras na ordem em que foram publicadas e fã de carteirinha do suspense policial, recomendo o mergulho na obra de Agatha Christie a partir da ordem de publicação levando-se em conta os detetives que protagonizam a história (para quem não sabe, há mais deles na obra da autora como Miss Marple e Tommy e Tuppence Beresford, por exemplo). O Misterioso Caso de Styles, precursor de toda a extensa bibliografia da autora, é um cartão de visitas perfeito e completo e nada deixa a desejar perante o que de melhor Agatha produziu. É um livro de estreia com Qualidade.

Compre na Amazon

//

Da Autora leia também:

A Noite das Bruxas – Hercule Poirot #36

Morte no Nilo – Hercule Poirot #18

Assassinato no Expresso Oriente – Hercule Poirot #10

Assassinato no Campo de Golfe – Hercule Poirot #2

O Misterioso Caso de Styles – Hercule Poirot #1

Noite sem Fim

Punição para a Inocência

A Autora: Agatha Christie Dame Agatha Mary Clarissa Mallowan (Torquay, Devon, Inglaterra, Reino Unido, 15 de setembro de 1890 — Wallingford, Oxfordshire, Inglaterra, Reino Unido, 12 de janeiro de 1976), mundialmente conhecida como Agatha Christie, foi uma romancista policial britânica, autora de mais de oitenta livros. Seus livros são dos mais traduzidos de todo o planeta, superados apenas pela Bíblia e pelas obras de Shakespeare, com mais de 4 bilhões de cópias vendidas em diversas línguas.

Conhecida como Duquesa da Morte, Rainha do Crime, dentre outros títulos, criou os famosos personagens Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Parker Pyne, entre outros. Agatha Christie escreveu também sobre o pseudônimo de Mary Westmacott.

Compartilhar
Artigo anteriorSerotonina | Novo livro de Michel Houellebecq chega ao Brasil
Próximo artigoZahar lança edição de luxo de O Fantasma da Ópera
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

Deixe uma resposta