Sinopse HarperCollins: Rebecca Winter estava curtindo suas férias de verão. Trabalhava em uma lanchonete, tinha uma queda por um rapaz mais velho e saía com sua melhor amiga. Mas coisas estranhas surgiam ao seu redor: ela encontrou sangue em sua cama, passou a ter surtos de amnésia, sentia-se vigiada. Ainda assim, nada disso preparou Rebecca Winter para o que estava prestes a acontecer. Onze anos depois, a garota desaparecida foi substituída. Para fugir da prisão, uma jovem mulher declara ser a adolescente desaparecida anos atrás. A impostora assume a vida de Rebecca Winter. Dorme em sua cama. Abraça seu pai e sua mãe. Aprende os nomes de suas melhores amigas. Brinca com seus irmãos. Mas a família e os amigos de Rebecca não são quem dizem ser. Enquanto se esquiva do detetive que investiga o desaparecimento de Rebecca, ela começa a se dar conta de que o criminoso ainda está à solta – e ela, correndo risco de vida. (Resenha: Única Filha – Anna Snoekstra)

Opinião: Ún1ca Filha tem uma sinopse que promete muito e uma das melhores premissas entre os suspenses que peguei para ler até agora no ano. E fica nisso. Ótima sinopse, péssimo desenvolvimento. A ideia de que uma menina desaparece e onze anos depois uma jovem, extremamente parecida, aparece reivindicando sua identidade, e passa a viver a vida da outra é fascinante e me deixou muito empolgado para ler esse livro. Era o tipo de thriller psicológico que tinha um ingrediente perfeito para uma grande história. Infelizmente, a boa ideia acabou desperdiçada.

Ún1ca Filha é a obra de estreia da australiana Anna Snoekstra e, ponto positivo, ela mostrou que sabe ter boas e originais ideias para tramas. Sua linguagem é tranquila e a leitura é muito veloz. O típico livro que devoramos tão rápido os acontecimentos se sucedem. Ao mesmo tempo, tudo é muito objetivo. Anna não perde tempo com descrições, detalhes ou muitas explicações. Diversas situações acontecem e se resolvem rapidamente em intervalos de poucos parágrafos. Fica nítido que esmiuçar cenas não é o forte da autora. Essa característica que em alguns casos pode ser muito positiva, acabou prejudicando bastante o livro porque eu senti falta de detalhes que dessem verossimilhança à história que estava sendo contada. Tudo acontece tão rápido que soa falso, artificial.

Narrado sempre em primeira pessoa, o livro alterna capítulos em que acompanhamos Rebecca nos dias que antecedem o seu sumiço, e a jovem, jamais nomeada, que toma seu lugar e passa a viver sua vida. A construção de Rebecca, sua rotina e suas frustrações é muito bem feita e é a maior qualidade da obra. Todas as situações que envolvem a impostora e o que a cerca é bastante inverossímil e vago. Nós conseguimos entender e nos identificar com tudo pelo que Rebecca está passando, mas é difícil engolir a facilidade com que a impostora engana um investigador da polícia.

Em suma, Ún1ca Filha é uma história que não convence. As tramas paralelas que ameaçam se desenvolver não saem disso, me passando a sensação de que elas foram criadas para “ocupar páginas”. Dúvidas lançadas sobre alguns personagens ficaram em aberto e a tentativa de dar um tom sobrenatural resultou em algum esdrúxulo. Pra fechar, as sequências finais que trazem a solução do mistério se sucederam de forma a deixar muitas dúvidas, raras explicações e bastante frustração.

Por se tratar de uma obra de estreia e pela ótima ideia, acredito que Anna Snoekstra tem talento para nos mostrar bons suspenses em livros futuros, mas Ún1ca Filha, infelizmente, não me convenceu.

Avaliação: 2 Estrelas

A Autora: Anna Snoekstra nasceu em Camberra, na Austrália. Aos dezessete anos, decidiu se mudar para Melbourne e tornar-se uma escritora. Estudou Escrita Criativa e Cinema na Universidade de Melbourne e Escrita de Roteiro no Instituto Real de Tecnologia de Melbourne. Anna já escreveu roteiros de filmes independentes e peças de teatro, além de dirigir videoclipes.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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