A história por trás da “voz de navalha” que surgiu na década de 1960 e se tornou símbolo de brasilidade em pleno reinado da bossa nova e do iê-iê-iê é o lançamento da Civilização Brasileira neste fim de janeiro. A obra é resultado do trabalho de quatro jovens autores: Felipe Castro, Janaína Marquesini, Luana Costa e Raquel Munhoz. Uma obra surgida como trabalho de conclusão do quarteto no curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e que, além da nota máxima pela banca avaliadora, valeu a eles premiações como uma da própria universidade e duas da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação. Os quatro fizeram uma pesquisa extensa e dezenas de entrevistas, resultando neste que é o relato definitivo da grandiosidade de Clementina de Jesus.

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A voz marcante da música brasileira

Nascida na cidade de Valença (RJ), região do Vale do Paraíba, tradicional reduto de jongueiros, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e de Paulo Batista dos Santos, capoeira e violeiro da região. Uma de suas avós chamava-se Teresa Mina. A pequena Clementina viveu a infância na cidade natal, ouvindo sua mãe cantar enquanto lavava as roupas a beira do rio. Assim foi guardando na memória tesouros que mais tarde gravaria em discos. Aos sete anos veio com a família para a cidade do Rio de Janeiro, bairro de Oswaldo Cruz, onde mais tarde surgiria a tradicional Escola de Samba Portela.

Ao todo a cantora gravou 13 LPs entre álbuns solos e participações em álbuns coletivos, com destaque para o disco O Canto dos Escravos, composto de vissungos de escravos da região de Diamantina, recolhidos por Aires da Mata Machado. Unanimidade entre a crítica, Clementina foi louvada como elo entre África e Brasil, tendo sido reverenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina, João Nogueira, Clara Nunes, Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Bosco. Todos a tratavam com muito carinho, inclusive alguns a chamavam carinhosamente de mãe Clementina. O sambista Candeia compôs um samba em homenagem à Rainha Quelé chamado “Partido Clementina de Jesus”, que a cantora gravou ao lado de Clara Nunes em 1977 no LP “As Forças da Natureza”.
Em 1983 houve uma grande homenagem à cantora no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação de grandes sambistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho e João Nogueira. Clementina faleceu vítima de derrame em Inhaúma, Rio de Janeiro, no ano de 1987, aos oitenta e seis anos. Leia mais no Museu AfroBrasil clicando aqui.

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