2019 foi um ano de altos e baixos nas leituras, mas montar essa lista foi uma das tarefas mais fáceis desde que comecei lá em 2016. Porque tive livros muito bons e livros muito fracos e ruins. Porém, alguns livros mereciam muito compor a lista abaixo, mas na hora do vamos ver para fechar os dez melhores, eles acabaram ficando de fora. É o caso de O Construtor de Pontes e Matadouro-Cinco. Lembrando que essa lista reúne os livros que li em 2019, independente da data de lançamento, vamos a eles…
A cidadezinha de Borg recebeu Britt-Marie e ambas mudaram. Uma graças a outra. Ambas aprenderam que a vida não precisa ser tão regrada, nem levada tão a sério. Que talvez um porta-copos não faça tanta diferença, mas que bicarbonato de sódio é tão essencial quanto oxigênio… Não importa o tipo de leitor que você é. Do terror, meu caso, à fantasia. Do romance à distopia. Britt-Marie Esteve Aqui é um livro para ser lido por qualquer pessoa apaixonada por boas histórias bem contadas. Enxergue o mundo com outros olhos depois desse livro e venha aqui me contar.
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Uma obra de terror atemporal, embora estritamente ligada ao seu tempo. As características e costumes da sociedade inglesa da época ditaram o desenvolvimento da história e certamente isso causa frustração nos leitores atuais que associam terror única e exclusivamente a carnificina ou cenas de gelar o sangue. Nada disso se faz presente na obra de Stoker. O terror é sutil e envolve os personagens em seu íntimo. É uma ameaça que paira no ar e se esconde no canto escuro do quarto. A qualquer momento ela pode atacar, principalmente se baixarmos a guarda ou tivermos lapsos de atenção. Assim, a narrativa de Drácula constrói um terror a partir do medo sentido pelos personagens.
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Um livro triste construído dentro de um ambiente festivo. Barraquinhas de jogos com prêmios, algodão doce, a velha que advinha o futuro, a roda gigante e o trem fantasma. Vivendo no lugar onde todos os sonhos são possíveis, a realidade, sem fantasia, de um assassinato ou de um garoto preso a uma cadeira de rodas é cruel. Os toques de sobrenatural são apenas isso, pinceladas “elegantes” em uma trama sobre pessoas praticamente reais vivendo um período complicado de suas vidas e mostrando, a nós leitores, como não adianta chorar ou se lamentar, porque tudo vai inexoravelmente seguir em frente. Sempre.
Quando decide se aventurar pelo drama, Stephen King faz poesia. Joyland é um de seus mais belos (e tristes) poemas.
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Merece ser lido. Porque ele é um baita livro. Porque ele tem uma trama encantadora. Porque ele tem boas doses de drama, comédia, política, romance, juventude, decisões adultas, reflexões, bebedeiras, sexo. Porque ele tem todos os ingredientes que constroem boas histórias. Porque ele tem Alex e Henry e eles são apaixonantes e vocês precisam se apaixonar por eles como eu e muitos outros se apaixonaram.
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Despida de sua metáfora, a história de Inspeção tem muito do nosso mundo e suas verdades absolutas proclamadas em alto e bom som por líderes, ideologias e grupos político-religiosos. A intolerância com o pensamento diverso e a busca por criar bolhas homogêneas em que somente o que se fala ali é o correto e verdadeiro encontra similaridades assustadoras com o experimento da Parentalidade. Em uma narrativa ágil e com fôlego de sobra para prender a atenção, Josh Malerman produziu uma de suas melhores obras. Inspeção tem elementos e ingredientes de sobra para agradar a diversos gostos, além de um enredo atual demais para ser ignorado como simples ficção.
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Um livro sobre a importância da mitologia na sobrevivência das pessoas. A cultura popular é identidade e não pode ser enterrada sob nenhuma outra cultura. É preciso que todas convivam bem, como acontecia nos tempos que a mãe de Vasilisa ainda era viva. O Urso e o Rouxinol também é um livro sobre o protagonismo da mulher em tempos em que isso nem passava pela cabeça das pessoas. Por fim, O Urso e o Rouxinol é um livro de histórias que juntas compõe um maravilhoso panorama russo. Um conto de fadas para adultos entenderem que nunca é demais acreditar.
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Ler uma obra de Joël Dicker é um alento para a alma. Justamente porque o autor não se contenta com o básico e busca sempre ir além, mesmo que possa não dar certo. O que não é o caso de nenhum dos seus livros. Você pode até não gostar do livro ou do estilo, mas é inegável que Dicker foge do lugar comum e traz ares desafiadores para o gênero. A complexidade da trama desenvolvida em O Desaparecimento de Stephanie Mailer é algo que não encontro há muito tempo no suspense. Ela desafia meu lado detetive, mexe com minha curiosidade, provoca emoções diversas (mesmo o tédio de alguns momentos faz parte disso) e apresenta um desfecho correto, intrigante e impensável. Dicker acertou mais uma vez. Tão preciso quanto um relógio suíço.
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Um divertido e reflexivo passeio pelas relações de homens e máquinas inteligentes, com todas as características peculiares de construção narrativa de um dos maiores nomes da literatura atual. Apesar do inusitado tempo passado em que a história se passa, McEwan consegue nos fazer olhar para o presente e refletir de verdade o futuro. O desfecho é um caminho aberto para pensarmos… “As implicações das máquinas inteligentes são tão imensas que não temos ideia do que você – quer dizer, a civilização – pôs em marcha. Um fator de ansiedade é que será um choque e um insulto conviver com entidades que são mais inteligentes que você. ”
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A grande sacada de Stalker, e me parece que também é uma característica do autor, é construir um gigantesco labirinto ao redor do mistério. Existem diversos desdobramentos, conexões com investigações anteriores, e um suspense que se aprofunda à medida que as páginas avançam. Tudo isso em uma narrativa alucinante em que capítulos curtos dão o tom de ação e vão sugando os leitores. Literalmente é uma obra para ser devorada tamanha construção veloz de linguagem.
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Fãs de carteirinha do mestre King vão encontrar todos os ingredientes para se apaixonar por O Instituto. Novas gerações de leitores vão encontrar uma boa história com o poder de fascinar e encantar. Existe amizade e todo o poder que ela tem. Existe maldade, porque ela vive à espreita no mundo. Há personagens curiosos, engraçados, malucos, fortes, sonhadores, e todos muito bem construídos. Há um passado e um presente bem explicados para que possamos entender as motivações, os medos, os traumas. Em essência, é Stephen King da melhor qualidade.
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Confira as listas anteriores:
Os dez melhores livros de 2018