Sinopse Arqueiro: Giverny é uma cidadezinha mundialmente conhecida, que atrai multidões de turistas todos os anos. Afinal, Claude Monet, um dos maiores nomes do Impressionismo, a imortalizou em seus quadros, com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho. É nesse cenário que um respeitado médico é encontrado morto, e os investigadores encarregados do crime se veem enredados numa trama em que nada é o que parece à primeira vista. Como numa tela impressionista, as pinceladas da narrativa se confundem para, enfim, darem forma a uma história envolvente de morte e mistério em que cada personagem é um enigma à parte – principalmente as protagonistas. (Resenha: Ninfeias Negras – Michel Bussi)

“Num vilarejo viviam três mulheres. A primeira era má; a segunda, mentirosa; a terceira, egoísta. ”

Opinião: Este livro ultrapassa as fronteiras do suspense para se colocar como uma apaixonada homenagem à pintura. Enquanto o mistério em torno da trama nos envolve, vamos recebendo uma aula de artes plásticas e um mergulho na obra de Claude Monet. Os quadros, em especial as famosas ninfeias, são descritos com minúcias de detalhes e quase nos permitem visualizá-los enquanto a leitura flui. E mais, a qualidade da escrita praticamente nos transporta para as ruas de Giverny nos transformando em testemunhas oculares dos eventos narrados. E a narrativa de Ninfeias Negras é digna dos melhores suspenses. Nada neste livro é o que aparenta ser, e a todo momento somos levados a acreditar em possibilidades ou pistas que se provam erradas nas páginas a seguir.

Das três mulheres cuja citação usei no começo deste texto, a mais velha delas é a responsável por nos contar a história. Sendo assim, todos os fatos e impressões nos são apresentados sob o seu ponto de vista. Sempre com algumas pequenas pistas que só vamos entender mais tarde, já nos parágrafos finais. Acompanhando a investigação do suposto assassinato de um respeitado médico, nossa narradora nos leva pelas vias de Giverny apresentando personagens e tecendo comentários, os mais diversos, sobre o comportamento e a vida de cada um. Sendo ela moradora de uma alta torre com vista para todo o vilarejo, nada escapa a seus olhos. E é através desses olhos que vemos boa parte das ações na busca pelo assassino.

Por outro lado, também acompanhamos o desenrolar dos fatos nos ambientes fechados em que nossa narradora não consegue se fazer presente. São nessas passagens que a história ganha seus maiores contornos de mistério, nos confundindo sobre o que pode ou não ser crível. Aí reside o inspetor Laurenç Serénac, um personagem estranho, de ótimo humor, e que aparenta não levar nem um pouco a sério a investigação. Seu oposto é o assistente Sylvio Bénavides, que se debruça com afinco em reunir pistas e seguir trilhas que possam levar à solução do crime. As outras duas personagens de destaque são mulheres: Stéphani, com aproximadamente trinta anos, professora local, e que todos acreditavam ser amante do médico assassinado; e Fanette uma garota de onze anos com um promissor dom para a pintura.

Todos esses personagens têm suas vidas sendo entrelaçadas na busca pela solução do crime, formando assim um intrigante e extremamente inteligente suspense. Embora com algumas passagens um pouco mais lentas e até maçantes, Ninfeias Negras cumpre seu papel de envolver o leitor em uma trama que quanto mais avança, mais obscura se mostra. E ao avançar rumo ao desfecho, o clima de thriller assume o comando da obra. É aí que recebemos aquele soco no estômago de um final surpreendente, distinto de tudo o que pudéssemos ter imaginado. Michel Bussi conseguiu construir uma história que te leva a pensar em todos os desfechos possíveis, menos o verdadeiro.

Suspense com S maiúsculo, Ninfeias Negras é mais que um livro. É também uma pintura, em que cada nova camada de tinta colocada na tela é um fato novo a nos confundir na busca pela solução de tudo. Ao final, quando contemplamos a obra pronta, ficamos com aquele ar de surpresa que somente os grandes romances policiais são capazes de despertar.

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O Autor: Michel Bussi já ganhou 15 prêmios literários e foi finalista de outras 9 premiações, tornando-se um dos mais prestigiados autores policiais franceses. Quando não escreve, atua como professor de geografia na Universidade de Rouen e como comentarista político.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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