Sinopse Trama: O corpo de uma menina de 14 anos é encontrado em uma pedreira de calcário na costa da Suécia. Seus pulsos foram cortados, e em seus cabelos ruivos há um cordão emaranhado. O número 26 está escrito em seu quadril com uma caneta permanente de cor azul. Ao seu redor, não parece haver nenhuma pista do que pode ter acontecido. No dia seguinte, a dona de um famoso antiquário onde se comercializavam livros raros e valiosos é encontrada morta do outro lado da ilha, brutalmente assassinada a facadas. Na garganta, uma ferida profunda em formato de cruz. A morte da menina é tratada como suicídio, mas a investigadora Sanna Berling, junto com sua nova parceira, Eir Pedersen, não está muito segura disso. Ao analisar mais de perto, a dupla de detetives logo descobre uma ligação perturbadora entre ambos os casos – é quando se revela uma série de assassinatos idênticos, e a corrida contra o tempo se inicia. O passado está rondando a vida de Sanna, e resolver esse mistério vai se tornar uma missão mais pessoal do que ela jamais poderia imaginar. (Resenha: Pecados Mortais – Maria Grund)

Opinião: Os thrillers nórdicos ocupam o topo das minhas preferências no gênero. A grande maioria dos autores e obras que tive acesso não decepcionaram, entregando histórias inteligentes, mistérios que exigiam bastante atenção e um desenvolvimento lento e envolvente de todas as minúcias tanto do caso quanto dos personagens. O único ponto negativo é que ainda há muitos livros e autores que não chegaram ao Brasil e que poderiam estar tirando nosso sono e mexendo com nossa curiosidade.

Toda essa introdução é pra reforçar o quanto eu gosto dos autores nórdicos e o quanto fiquei feliz em ver a Trama abrir espaço para eles em seu catálogo. Mas a estreia, justamente com um recente livro de estreia, deixou um pouco a desejar. Pecados Mortais não está a altura dos grandes suspenses de um Lars Kepler, Jo Nesbø ou Søren Sveistrup, isso só pra citar os mais conhecidos.

Pecados Mortais tem uma premissa bastante interessante e o desenvolvimento em torno do mistério, chocante, com ares meio macabros e explorando bem o lado religioso, é bem original. Então é disso que vou falar inicialmente. Porque a autora, Maria Grund, foi atrás de perdidas tradições católicas a respeito das representações dos sete pecados capitais para encontrar o mote que iria embaralhar a cabeça de suas investigadoras (e a nossa também). E isso acabou dando um tom bem macabro, ainda mais se pensarmos que a história se passa numa ilhazinha dessas bem características de filmes de terror, sabe?

Então, a partir de uma boa premissa e baseada numa excelente justificativa, que realmente convence quando chegamos ao desfecho, ela introduziu dois assassinatos e um suicídio que podem ou não ter ligação entre si. E para investigar tudo isso, sua história vai espalhando muitas pistas, conexões e novas informações ao longo dos capítulos. Nada surge fácil e existem muitos segredos que vão se sobrepondo. Pode até soar meio confuso, mas é bem verossímil e, nesse ponto, ela conseguiu entregar para nós uma trama bem amarrada, convincente e com o uso dos melhores elementos do suspense.

Só que a construção de personagens não conseguiu acompanhar a boa história. Protagonista, a investigadora Sanna vem de uma tragédia familiar que ainda mexe com ela. Não totalmente recuperada, ela ainda tem momentos de fuga seja em remédios para dormir, seja mergulhando no trabalho de forma a encontrar uma ocupação. Mas, diferente de tudo o que estamos acostumados, Sanna foge do padrão da boa investigadora. Não que ela não seja, mas o desenrolar de Pecados Mortais traz muitos erros e informações não percebidas ou pistas não investigadas que soam amadoras demais para um bom thriller. A força policial da ilha é boa, mas não convence. E não vou aceitar a justificativa de que se trata de um local pequeno e isolado. Há alguns pontos bem amadores no trabalho da polícia local que a gente nunca espera encontrar num bom thriller, onde quer que seja ambientado.

Ainda nesse mesmo caminho, em vários momentos os diálogos entre os personagens soaram robotizados demais. Não sei se pode ser pela tradução, mas muitas conversas não pareciam “normais para dois seres humanos”. Isso me incomodou muito. Prova maior é que absolutamente nenhum personagem conseguiu atrair a minha simpatia. É exatamente esse ponto que me fez colocar que o thriller deixa a desejar quando olhamos para o restante da produção nórdica que chegou até agora ao Brasil.

O que faz de um suspense excepcional, pra mim, é a união entre bons personagens, bom mistério e um desfecho convincente. Pecados Mortais acertou nos dois últimos e ficou devendo no primeiro. E o desfecho convence em todos os sentidos. Mesmo que muitos bons leitores-investigadores consigam descobrir o culpado bem cedo, isso não estraga o conjunto da boa trama que foi elaborada para justificar os crimes.

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A Autora: Maria Grund nascida e criada em um subúrbio de Estocolmo, ela é escritora e roteirista. Mestre em Belas Artes pela New York University, ao longo de sua carreira trabalhou principalmente na indústria de cinema e mídia, tendo fundado a produtora de curtas The Smalls. Depois de vários anos em Londres e Nova York, ela agora vive na ilha sueca de Gotland. Pecados Mortais é seu primeiro romance.

 

Este livro fez parte do Kit Trama Box de Dezembro/2021
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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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