Sinopse Galera Record: Num mundo dividido uma muralha mágica separa duas espécies. De um lado, os feéricos vivem dentro de suas fronteiras cheias de beleza e mistério; do outro, os humanos possuem apenas medo, desconfiança e dificuldades. Feyre, filha de um casal de mercadores humanos e falidos, se torna caçadora para sustentar a família. Mas, na floresta, coberta de neve tudo é branco e árido; como o ódio pelos feéricos que carrega no coração. Até que um enorme lobo cruza seu caminho… Sem hesitar, Feyre dispara… uma flecha. Após matar o lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para além do muro, para uma terra mágica e traiçoeira – que ela só conhece por meio de lendas -, a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, Grão Senhor da Terra Primaveril. Um feérico com um segredo, escondido sob uma máscara.  Ela descobre ainda que o então animal que havia assassinado era, na verdade, uma criatura mágica, uma fada zoomórfica transformada em lobo. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mund­­o das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la ou Tamlin e seu povo estarão condenados. (Resenha: Corte de Espinhos e Rosas – Sarah J. Mass )

Opinião: Sarah J. Mass consegue introduzir bem o leitor em seu universo –  contextualiza a relação humanos/feéricos, explica como o mundo funciona e apresenta as personagens -, mas se perde um pouco em algumas cenas desnecessárias.

Realmente dá para entender os comentários recorrentes como “o primeiro é ruim, fica bom mesmo no segundo” ou “o primeiro é um grande prólogo da história”. Comentários, inclusive, que são preocupantes… mas eu já chego lá!

A narrativa é lenta, apesar de envolver muitos acontecimentos. Temos uma leva bem grande de capítulos que, simplesmente, poderiam ter sido cortados sem dó. O livro conta com 434 páginas e poderia ter, facilmente, umas 150 a menos. Isso acaba prejudicando a história para alguns leitores. Demora para o leitor conseguir se conectar ao enredo e, principalmente, aos personagens. Feyre é uma personagem forte, mas suas atitudes acabam não sendo condizentes com sua personalidade. De início, é possível enxergar certa semelhança com Katniss (Jogos Vorazes): é a responsável por correr atrás de comida para a família, a mais forte da casa. Porém, quando é levada para a Corte Primaveril, parece que essa Feyre some e dá lugar a uma outra completamente diferente.

Ok, dá para entender que essa é uma releitura de A Bela e a Fera e, portanto, haverá uma história de amor, mas acreditar em um, até então, inimigo quando esse diz que a família dela será assistida – sendo que ela está sendo punida por ter matado um feérico – não é uma fuga de personalidade? E, mais tarde, quando Feyre está (FINALMENTE) libertada de sua punição e não quer voltar para casa? É nesse tipo de atitude que a personagem se perde e a história empobrece.

A relação de Feyre e Tamlin não tem um começo bem desenvolvido. Então, sim, caros leitores, receio dizer que estamos diante de um instalove (o temido romance instantâneo). O interesse amoroso entre os dois acontece de repente e sem uma explicação plausível. Não dá para entender a Feyre se apaixonando pelo Tamlin. Por mais gentil e preocupado que o feérico seja, ele está forçando-a a ficar em um mundo perigoso para a existência humana e claramente omitindo informações sobre a necessidade de tê-la na Corte.

Por outro lado, a fantasia que a autora inseriu na história para representar a releitura do clássico conto de fadas é fenomenal! O leitor consegue pescar aos poucos o que cada elemento representa no original. Ao invés dos funcionários serem transformados em objetos, por exemplo, os membros da Corte Primaveril não conseguem tirar as máscaras que usavam no baile em que foram amaldiçoados. São partes interessantes da história e que trazem uma sensação nostálgica de quando assistimos aos filmes da Disney.

Mas creio que o grande problema do livro começa a se desenvolver logo após a chegada de um novo personagem na trama: Rhysand. Mais uma vez seremos apresentados a um personagem masculino que obriga Feyre a fazer o que não quer. Em determinado momento da história, Rhysand pode salvar a vida dela, mas com uma condição: passar uma semana por mês com ele na Corte Noturna para o resto da vida. Só isso! Que bacana, não é mesmo?! A garota precisando de ajuda e, claramente, sem outras opções, acaba aceitando o acordo – que, inclusive, é selado com uma tatuagem no braço dela e sem consentimento. Estão entendendo a gravidade dos problemas apresentados durante a narrativa?

Vamos voltar, então, ao que se lê sobre este ser um “longo prólogo” e as preocupações que surgiram relacionadas aos próximos volumes da saga enquanto eu estava lendo. Sarah J. Mass poderia terminar a história nesse livro se quisesse. Poderia optar por um pouco mais de capítulos ao final para mostrar a situação da família de Feyre, deixar de lado o acordo com Rhysand e fechar o relacionamento com Tamlin. E estou dizendo isso porque, mesmo com o final que teve, eu já senti um ar de encerramento nesse primeiro volume. É como se você estivesse assistindo ao filme A Bela e a Fera e a palavra FIM aparecesse no céu junto de uma música de Alan Menken.

Minha preocupação é em relação ao que será desenvolvido nas continuações. Sei que Rhy é um personagem querido por muitos fãs da autora e da saga e isso me tira um pouco de ânimo para ler os outros livros. Espero queimar a língua, mas o que vi desse personagem até agora não foi nada além do típico bad boy clichê por quem a mocinha se apaixona e acaba se envolvendo até enxergar que está em um relacionamento problemático. Então, sim, pretendo ler as continuações, mas irei com mais pés atrás do que fui quando decidi ler este.

Mas, e aí, Gustavo, qual o veredito final? Eu consegui entender o hype em cima desses livros. Por mais enrolada que uma parte da história pareça, a autora consegue envolver o leitor em determinado ponto. É um livro com problemas? É, assim como qualquer outro. Um livro nunca vai agradar 100% do público e está tudo bem! Confesso que não tinha expectativa de gostar e acabei me surpreendendo positivamente, porque fui entretido pelo desenrolar da trama. Assim que acabei, avaliei com 3,5 estrelas. Porém, depois de alguns dias pensando sobre, creio que 3 estrelas seja uma nota mais plausível com tudo o que senti lendo e refleti durante e após a leitura.

Compre na Amazon

A Autora: Sarah J. Mass é uma escritora best-seller do New York Times e USA Today. Ela adora contos de fada, filmes da Disney e música pop ruim; bebe café demais e assiste a muito lixo na TV. Nascida em Nova Iorque, vive atualmente em Bucks County, Pensilvânia, com o marido e o filho.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: Gótico Mexicano – Silvia Moreno-Garcia
Próximo artigoResenha: Sete Mentiras – Elizabeth Kay
Um jornalista (e futuro publicitário) apaixonado por livros e pela Taylor Swift. Lê um pouco de tudo, do suspense ao romance romântico (mas tem uma quedinha por contemporâneos com personagens odiosos). Vive esperando uma ligação da Sandy para tomar um cafezinho em Campinas. Enquanto isso não acontece, passa seu tempo no mundo dos livros, filmes e músicas.

Deixe uma resposta