Resenha: Ghost Story – Peter Straub

Sinopse DarkSide: Na pacata cidadezinha de Milburn, nos Estados Unidos, a Sociedade Chowder — formada por um grupo de quatro velhos amigos — se reúne todo mês para contar histórias em encontros regados a bebidas e charutos. Algumas são verdadeiras, outras inventadas…, mas todas elas têm algo em comum: são terrivelmente assustadoras. Um passatempo simples para conferir um pouco de diversão a suas vidas monótonas. Mas uma história chega para mostrar suas garras no presente e assombrá-los. Algo que eles fizeram muito tempo atrás. Um erro grotesco. Um acidente terrível. Agora, pesadelos fazem com que eles inevitavelmente sejam atraídos pelo sobrenatural. E não demora muito para que eles percebam que ninguém pode enterrar o passado para sempre… (Resenha: Ghost Story – Peter Straub)

Opinião: A Sociedade Chowder se reúne mensalmente para contar histórias assustadoras. Composta por quatro velhos amigos, ela poderia ser mais um passatempo na vida de idosos, não fosse por um passado de tragédias que se mantém bem presente assombrando os sonhos e a vida real de cada um deles. Sejam bem-vindos, então, à pequena Milburn, o palco de uma das mais bem elaboradas tramas de terror sobre fantasmas que já tive o prazer de ler.

Ghost Story é um livro de terror singular. Ele traça uma complicada teia de histórias que vão se sobrepondo em meio a uma galeria considerável de personagens. Tudo tem um sentido e os caminhos vão se encontrar, mas não há pressa. Portanto, começo a falar desse livro chamando a atenção para o fato de que Peter Straub não estava nem um pouco interessado em nos entregar um livro de ação para ser devorado em poucas horas. A história aqui é contada com calma, apego total aos detalhes, e de forma não-linear, ou seja, ela vai e volta no tempo e muda bruscamente de um cenário para o outro. Exige atenção porque tudo é muito bem conectado, por mais que inicialmente não faça sentido.

Um segundo ponto, que os leitores mais novos desses tempos modernos certamente vão implicar é com a falta de cenas de gelar o sangue. Ghost Story é um terror que abraça o psicológico, então ele exige que você se entregue totalmente à leitura. É preciso se envolver com o medo que sutilmente vai se esgueirando por baixo das portas e dos sonhos. Se você conseguir mergulhar fundo na narrativa, você vai ter medo. Tanto medo quanto o que os personagens sentem a ponto de serem levados à loucura.

“O paraíso morreu, e nós vimos o rosto do diabo.”

Dito isso, e sem entrar em detalhes que entreguem o enredo, vale destacar que Ghost Story traz os fantasmas dirigindo um teatro em que os personagens são suas marionetes. Há um jogo de vingança, paixão, sedução, traumas… Há assuntos mal resolvidos que ultrapassam gerações e que, mais cedo ou mais tarde, vão precisar ser encarados de frente. E há o imponderável. As mãos invisíveis que se colocam no caminho e se aproveitam das fraquezas humanas. Cada fraqueza rende uma morte ou carnificina. A partir da terceira parte, a cidadezinha de Milburn mergulha no caos, na loucura e na insanidade. E seu destino fica nas mãos de um velho, um garoto e um escritor.

Trazendo a minha experiência de leitura, posso dizer que o livro começou arrastado. Demorou um pouco para fisgar minha curiosidade. Quando isso aconteceu percebi que havia deixado passar pontos importantes e acabei voltando ao começo. Depois disso, ocorreu um processo de entrega em que passei a vivenciar o que estava sendo narrado, e foi assim que Ghost Story veio me assombrar e eu comecei a devorar as páginas em busca de entender o que havia gerado a perseguição dos fantasmas e quais os elos ligavam os personagens. Mesmo o excesso de detalhes em alguns pontos não atrapalhou a adrenalina que a trama vai ganhando à medida que avança rumo ao desfecho. Desfecho esse que vem precedido por tempestades de neve, isolamentos, sangue e caos.

Pouco divulgado no Brasil e com sua obra lançada com um certo pouco caso pela Bertrand Brasil, Peter Straub renasce na DarkSide com a edição excepcional de Ghost Story. Um livro para mexer com vocês e mudar radicalmente sua percepção sobre fantasmas. Milburn espera ansiosamente pela sua visita. Partiu?

Curiosidades: Sobrenomes de alguns personagens e diversas sequências da história rendem homenagens à grandes nomes do suspense e terror como Henry James, Nathaniel Hawthorne e Edgar Allan Poe.

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O Autor: Peter Straub nasceu em Milwaukee, Wisconsin, em 1943, primeiro de três filhos de um vendedor e de uma enfermeira. O pai queria que ele fosse atleta, a mãe queria que fosse médico, mas Peter só queria saber de aprender a ler. Revirava as bibliotecas do colégio em busca de piratas, soldados, detetives e espiões, e ganhou a reputação de contador de histórias rapidamente. Ao mergulhar na carreira de escritor, já adulto, Peter Straub se tornou um dos autores de horror mais prolíficos e aclamados de todos os tempos, com inúmeros romances, contos, poemas e novelas publicados.

Entre leitores notáveis de seu trabalho encontra-se Stephen King, também um parceiro criativo em obras como O Talismã e A Casa Negra. Straub recebeu diversos prêmios, entre eles o Bram Stoker Award, o World Fantasy Award e o International Horro Guild Award. Em 2006, foi agraciado com o Life Achievement Award pela Horror Writer’s Association.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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