Sinopse Companhia das Letras: Nesta projeção do nosso futuro próximo, David Wallace-Wells joga luz sobre os problemas climáticos que nos aguardam: falta de alimentos, emergências em campos de refugiados, enchentes, destruição de florestas e desertificação do solo. Mas ele também fala de mudanças políticas e culturais que afetarão o mundo ainda neste século ― uma mudança radical na forma como entendemos a vida. A terra inabitável é uma história da devastação que trouxemos a nós mesmos, e também um chamado à ação. (Resenha: A Terra Inabitável – David Wallace-Wells)

Opinião: Com total respeito a crenças pessoais e ideologias, não vou tratar aqui de hipóteses sobre aquecimento global. Ele é um fato. A Terra está em um processo de aquecimento causado por nossa poluição excessiva, efeito estufa, gases e uma longa lista de ações e danos que nós provocamos no correr dos anos. Isso, pra mim, é indiscutível e toda opinião em contrário merece ser respeitada, mas principalmente ignorada. Não creio que seja preciso ser muito gênio para se comparar o clima do dia a dia de alguns anos atrás com o de hoje. A mudança é perceptível em níveis bisonhos. E aí se decidirmos escutar o que a ciência vem alertando…

A Terra Inabitável: Uma História do Futuro, do jornalista David Wallace-Wells, elenca as profundas mudanças que nossa sociedade vai passar, já nos próximos anos, graças a ação e a inércia. A simples possibilidade de o planeta elevar sua temperatura em 2° até o fim desse século é catastrófica. Não estamos preparados para enfrentar a gama de problemas e caos que isso vai acarretar. Humanos, não somos infalíveis, imortais e todo-poderosos como nossa vaidade teima em reforçar. Somos parte de um ecossistema, evoluímos a ponto de dominá-lo e iniciamos um acelerado processo de destruição de tudo o que estava à nossa frente. A conta chegaria cedo ou tarde. Em termos de desastres, podemos até dizer que vai chegar mais tarde do que cedo. Em termos de primeiras impressões, diversos lugares já estão sentindo na pele uma amostrinha do que pode vir por aí.

Furacões, tufões, seca excessiva e chuvas demasiadas, caos agrícola, extinção em massa de espécies, perda de territórios provocando migrações na casa das dezenas de milhares… A lista é um rosário de catástrofes capaz de causar histeria. Infelizmente não causa. Enquanto os primeiros sinais de que “algo está dando muito errado” vão pipocando pelo planeta, os líderes mundiais debatem e, mais que isso, adiam decisões e ações que se tomadas agora neste instante já estariam atrasadas em relação à nossa corrida contra o tempo. Some-se a isso loucos interesseiros em lucros próprios como Donald Trump ou loucos imbecis como Jair Bolsonaro que, na condição de líderes de nações, se recusam a acreditar nos alertas, negam, e ainda por cima aquecem os tratores para passar por cima de qualquer coisinha que se diga ambiental.

“Quanto estrago uma só pessoa consegue causar ao planeta? ”

Ao mesmo tempo em que assombra, assusta e amedronta – e acredite não há flores para uma situação como essa, A Terra Inabitável chama a atenção para o fato de que a responsabilidade pelo que vai acontecer no mundo nos próximos dez, vinte, cinquenta anos é nossa. Minha e sua também. É cômodo lançar mão da frase “até lá já vou ter morrido”, mas sério mesmo que é a isso que você se resume enquanto humano? A tal da preocupação com o próximo vale somente para o entorno vivo e ignora quem ainda virá? Falando nisso, se você tem ou pretende ter filhos, que planeta pretende entregar pra eles?

Há hoje no mundo aquilo que chamam de onda conservadora. E essa onda tem forte tendência a descartar o aquecimento global como sendo papo de cientista. Em nome do progresso (ah, o progresso) vale desmatar, continuar poluindo, lançando gases nos ares e dejetos nas águas. As projeções mais otimistas são pra lá de pessimistas. Não há saída a curto prazo e como falei já estamos atrasados. Mares vão subindo e cidades costeiras vão sumindo. Pessoas serão deslocadas. Interiores vão inchar. A seca vai se abater sobre muitos lugares. E a chuva quando vier trará estragos. Os ventos ficam mais fortes. A água já está escassa. Muitos alimentos não serão cultivados. O que eu, você, nossa família, nossos amigos estamos fazendo para contribuir com isso? Qual nosso papel diante de um governo, seja ele qual for, para cobrar atitudes? Qual o tamanho do nosso egoísmo?

Dizer que essa grande reportagem em livro é necessária é chover no molhado. No mundo hiperconectado em que adoramos ir para as redes sociais emitir opinião e se engajar em tudo, até nas coisas mais imbecis, mergulhar de cabeça na defesa de políticas, projetos e ações que possam contribuir para amenizar a tragédia é uma obrigação. A história do futuro não poderá ser totalmente reescrita porque condenados já estamos. Mas ainda é possível amenizar muita coisa. Entender A Terra Inabitável e compartilhar tudo que esse livro traz é um bom começo para falarmos o que é certo e fazermos alguma diferença.

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O Autor: David Wallace-Wells é jornalista e trabalha como editor-adjunto da New York Magazine desde 2011, ano em que ingressou como editor literário. Em 2017, publicou matéria de grande repercussão — foram mais de seis milhões de acessos —, em que discutiu os possíveis direcionamentos do aquecimento global. A partir da reportagem, o jornalista lançou em 2019, A terra inabitável (Companhia das Letras). Antes de se dedicar às pesquisas ambientais, Wallace-Wells foi também editor-adjunto da revista de cultura Paris Review. Atualmente, faz parte de uma organização think tank não partidária, a New America, responsável por trabalhar questões como tecnologia, segurança nacional, saúde, gênero, educação e economia.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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