Sinopse DarkSide: Por catorze anos, o condenado Max Cady nutriu um ódio por Sam Bowden, um advogado de sucesso que ostenta uma família margarina e que, ao atuar como seu defensor público, pouco fez para evitar que ele fosse parar atrás das grades. Agora um homem livre, Max retorna à sociedade com sangue nos olhos e enlouquecido por uma sede de vingança pelo tempo e família que perdeu. E decide fazer com que toda a família de Sam pague por seu erro. (Resenha: Cabo do Medo – John D. MacDonald)

Opinião: Por mais calmos, tranquilos ou bem resolvidos que nos consideremos na vida, existe lá no fundo um gatilho que, se acionado, pode despertar sentimentos ou comportamentos inimagináveis. Humanos que somos, estamos sujeitos a ter nossa essência abalada a partir de determinadas situações. Há influência externas que podem mexer com o cidadão de bem e transformá-lo em vilão. Qual o nosso limite?

Sam Bowden é um advogado bem-sucedido. O cara da família exemplar, de boa situação financeira e, principalmente, um sujeito apegado a tudo o que é correto. Sam não só trabalha com a lei, mas faz questão de segui-la à risca. É um homem de princípios claros e bem cristalizados com a noção exata do certo e do errado. Ao praticar o correto, dentro do convívio que se espera na sociedade, Sam acabou fazendo com que Max Cady fosse preso. E ao contrário de Sam, Max está se lixando para leis, bom senso ou “ser certinho”. A balança da justiça na visão de Max pende para onde for melhor pra ele mesmo. Aliás, ele faz questão de manusear essa balança pessoalmente. Quando Max sai da prisão, ele decide buscar justiça. O alvo? Sam e sua família.

Cabo do Medo, suspense psicológico de John D. MacDonald, explora os limites humanos diante de ameaças que podem abalar a sanidade ou colocar em risco aqueles a quem amamos. O todo correto Sam se vê contra a parede, com seus filhos ameaçados de morte, por um homem que não tem medo de nada e nada a perder. Acuado, sendo encurralado e praticamente impedido de levar uma vida normal, Sam acaba ficando na beira do precipício que limita mocinhos e bandidos. Até que ponto é possível resistir, confiar na tal lei e em um Estado que talvez possa te proteger? Ou seria melhor cruzar a fronteira, deixar pra trás tudo que te construiu como adulto e buscar a proteção com as próprias mãos?

Quando as pessoas que amamos correm perigo, não há psicólogo no mundo capaz de apontar ou prever como vamos reagir a isso. O instinto de proteção, de preservação, de autodefesa de cada um de nós reage de formas impensáveis. Sam Bowden foi testado até seu limite e reagiu de uma forma espetacular, com um desfecho fantástico se levarmos em conta o personagem que nos foi apresentado lá nos primeiros capítulos. O Sam que emerge no fim do livro é um outro homem, completamente diferente e com uma essência modificada. Não que tenhamos agora um vilão mau caráter, mas certamente temos um homem que vai encarar com outros olhos as situações de tensão da vida. Porque ele passou por uma. Porque ele sobreviveu a uma.

A partir de uma narrativa que vai do cotidiano mais banal, inclusive nos diálogos e situações, para uma tensão de nervos à flor da pele, Cabo do Medo acompanha a transformação de um homem, e de uma família. A trama é linear, não traz elementos de surpresa, e foca totalmente nos personagens e em seu processo de degradação mental à medida que a ameaça de Max os vai encurralando. É um livro perfeito para ser lido de uma só vez. O risco concreto à vida de sua esposa e filhos foi o limite máximo que Sam aguentou. E você, qual o seu limite?

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O Autor: John D. MacDonald começou a escrever após ter servido ao Exército norte-americano entre 1940 to 1946. Publicou seus primeiros contos de suspense e crime em revistas pulp, antes de seu primeiro romance, The Brass Cupcake, de 1950. Em 1972, foi reconhecido pelo Mystery Writers of America como Grão-Mestre pelo conjunto da obra. Esta inclui 78 livros e quase quinhentos contos, chegando a 75 milhões de exemplares impressos, o que o torna um dos maiores romancistas best-sellers do planeta. Cabo do Medo, publicado originalmente em 1957 como The Executioners, foi adaptado duas vezes ao cinema. A primeira, em 1962, com direção de J. Lee Thompson e Robert Mitchum e Gregory Peck no elenco. A segunda, em 1991, dirigida por Martin Scorcese, contou com Robert De Niro, Nick Nolte, Jessica Lange e Juliette Lewis.

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