Resenha: Renato Aragão: Do Ceará para o coração do Brasil

Sinopse Estação Brasil/Editora Sextante: Quem é esse homem batizado Antonio Renato Aragão? Quem é esse artista que há cinco décadas, no cinema e na TV, faz gerações e gerações de brasileiros sorrirem? E o que faz Renato Aragão, aos 82 anos, acreditar que “ainda há muito a fazer”? Em um dos textos de apresentação de Renato Aragão: Do Ceará para o coração do Brasil, o próprio artista toma a palavra e se dirige ao leitor para dizer: “Este livro é uma forma de saciar a curiosidade que as pessoas… possam ter sobre o percurso que venho fazendo… Bom, esta é uma viagem para dentro de mim. Uma viagem feita de saudades, memória e muita gratidão.” Rodrigo Fonseca, roteirista e crítico de cinema, é quem nos conduz ao longo desta grande e bela viagem pela vida e alma de Renato Aragão. Baseado nas memórias do artista e em meticulosa pesquisa, o autor nos conta a trajetória de Aragão desde o nascimento em Sobral, no Ceará, em 1935, até o momento em que o criador do Didi assiste ao lançamento da nova geração de Os Trapalhões, em 2017. Ricamente ilustrado, o livro conta ainda com uma seção de depoimentos de diversas personalidades, tais como: Caetano Veloso, Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Dedé Santana, Cacá Diegues, Daniel Filho, José Padilha, entre tantos outros. (Resenha: Renato Aragão: Do Ceará para o coração do Brasil – Rodrigo Fonseca).

Opinião: A década de 80 e o início dos anos 90 foram uma das épocas mais especiais da televisão brasileira. Quando falamos de programas e personagens que marcaram o coração de toda uma geração, fazemos uma viagem pelo túnel do tempo da saudade e desembarcamos em memórias que nos remetem a programas que traziam de forma bem humorada um retrato da nossa sociedade e contribuíam para sentarmos, por horas a fio, em frente a TV com amigos e familiares para viver o que de melhor existia naquela época. Sem dúvida alguma, Os trapalhões, que já vinham de um sucesso surpreendente desde a década de 60, eram um dos momentos mais esperados nas noites de domingo.

Dificilmente uma criança que cresceu nos anos citados, não esperou ansiosamente pela estreia do filmes dos Trapalhões e seus convidados nas férias de verão. Filmes como “O Cangaceiro Trapalhão”; “Os Trapalhões e o Mágico de Oróz”; “A Princesa Xuxa e os Trapalhões” e vários outros títulos foram cercados de expectativas e se tornaram grandes sucessos, pois se comunicavam de forma carinhoso com o público infantil. O mentor disso tudo, um dos personagens mais marcantes de toda a televisão brasileira, era o nosso Didi, interpretado pelo comediante Renato Aragão, que saiu lá do Ceará para ganhar o coração de brasileiros espalhados de norte a sul do nosso país.

Nessa biografia, Renato Aragão: Do Ceará para o coração do Brasil, publicada pela Editora Sextante, através do selo Estação Brasil, de autoria do jornalista Rodrigo Fonseca, temos a oportunidade de conhecer um outro Renato. O livro mergulha na intimidade do artista cearense e nos leva a uma viagem para conhecer a infância, a família, os desafios enfrentados, as paixões e como um nordestino conquistou o país numa época em que a televisão basicamente se resumia a artistas do eixo Rio – São Paulo.

O autor Rodrigo Fonseca, além de amigo pessoal de Renato, se mostra em cada palavra um grande fã do todo o trabalho do artista, imprimindo em cada página uma reverência necessária a todo homenageado. Além disso, o livro conta com uma das melhores pesquisas fotográficas que já tive oportunidade de ver em uma biografia, contribuindo para conhecermos ou relembrarmos momentos que foram marcantes na vida de Renato.

Um ponto de destaque do livro, muito emocionante, é uma sessão especial de depoimentos de vários artistas que conheceram ou trabalharam com Renato ao longo dos anos, na parte final da obra. Ali acho que tive a oportunidade de ver como o Didi foi tão importante na vida da nossa geração. Para os fãs de biografias ou simplesmente fãs do Renato, esse livro é uma leitura obrigatória que não pode faltar na sua estante. Uma oportunidade única de fazer uma viagem maravilhosa e conhecer o outro lado do artista: tímido, religioso, apaixonado pela família, embaixador da UNICEF e muito mais.

Vale destacar o caprichoso trabalho de edição da Editora Sextante, com uma galeria de fotos coloridas riquíssimas que contribuíram para conduzir o leitor ao longo de toda a história. Mais um trabalho incrível da editora com o selo Estação Brasil¹.

¹ ESTAÇÃO BRASIL: UM PONTO DE PARTIDA PARA A REDESCOBERTA DO BRASIL E DE SUA GENTE – Estação Brasil é o novo selo editorial do grupo Sextante. Ele nasce da parceria entre o editor Pascoal Soto, ex-diretor editorial da LeYa, e a editora carioca comandada pelos irmãos Marcos e Tomás da Veiga Pereira.

Avaliação: 5 de 5 estrelas

Sobre o autor: Rodrigo Fonseca é carioca de Bonsucesso, formado pela UFRJ, Rodrigo Fonseca é crítico de cinema e roteirista. Escreve séries e programas na TV Globo, entre os quais Os Trapalhões. Entrevista cineastas e estrelas das telas para o site Omelete e analisa seus filmes no blog P de Pop, do jornal O Estado de S. Paulo, e no portal Almanaque Virtual. Dá aulas de História do Cinema na Escola Darcy Ribeiro e na Academia Internacional de Cinema (AIC). Publicou sete livros sobre audiovisual e o romance Como era triste a chinesa de Godard.

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