Distopia: Substantivo feminino. Lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.

Feminismo: Substantivo masculino. Doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade. Movimento que milita neste sentido.

Qual a relação entre distopias e feminismo?

Propositalmente este artigo inicia com os significados buscados no dicionário pra começar entender uma coisa ou outra. E respondendo à pergunta, não existe relação nenhuma entre distopias e feminismo.

Nas distopias como bem entendemos, são obras minimalista que impulsionam a tal chamada pra realidade. Elas esboçam o que é atual no que poderia ser o futuro perfazendo críticas da atual sociedade.

The Hunger Games (Jogos Vorazes) da autora Suzanne Collins é de fato uma distopia com várias críticas e referências a nossa atual sociedade. A obra é marcada pelos sintomas da guerra e o que ela fere. De como é difícil sustentar as perdas e esperança.

Nos livros vemos Katniss Everdeen se tornando símbolo de uma revolução tímida quando se opôs as regras de um jogo. Nesta sociedade “voraz” vemos um país dividido em treze distritos, cada qual com sua característica e sendo oprimidos pela Capital na regência do presidente “ditador” Snow.

Katniss Everdeen poderia ser enquadrada no feminismo pelas razões de ser mulher, por não se importar com padrões, com quem está falando ou quem é quem no caminho dela. Mas, não é bem assim que as coisas funcionam não. Katniss não é símbolo de uma revolução porque é feminista, ela é símbolo porque luta pelos oprimidos e contra os opressores, é porque ela luta contra o sistema que beneficia poucos e joga aos porcos muitos. O fato de ser uma mulher não diz respeito ao feminismo, o fato de ser mulher diz respeito ao quanto a MULHER é necessária, o quanto ela pode lutar pelo seu espaço sem se taxar a rótulos ou pertencer a algum grupo.

Recentemente Alicia Vikander disse que Jennifer Lawrence depois de ter interpretado Katniss Everdeen nos cinemas, as personagens femininas ganharam mais força e espaço e que isso é pelo grande apreço e vontade do público de ver mulheres fortes fazendo coisas que homens não fazeriam.

De fato o espaço se tornou mais abrangente. Temos obras com personagens femininas na centralidade da história como a Saga Divergente, A Rebelde do Deserto, A Rainha Vermelha, A Seleção, e até mesmo Harry Potter onde Hermione é um ícone de mulher inteligente, forte, de voz ativa e que em suas ações não se deixa ser oprimida pelo sistema machista e opressor.

O mais interessante deste avanço no mundo das artes e da literatura é que essas personagens não precisam se enquadrar aos movimentos que cada vez mais tem reações soberbas que geram seus próprios preconceitos. A luta pelos direitos deve vir com a paz, com a representatividade, com a voz alta e retumbante.

Nas distopias as personagens femininas ganham centralidade porque elas são fortes, seus sentimentos são carregados de emoções e essas emoções geram ações que gritam, rebelam e diz quem elas são.

A melhor forma de lutar pelo seu espaço é fazendo acontecer, indo na contramão do sistema e nunca calar a voz. Pertencer a grupos hoje na calamidade da nossa atual sociedade é complicado, cheio de corrupção e carregado de violência.

Como Katniss a mulher não precisa pertencer a um movimento ou grupo pra lutar e mostrar quem é. Sejam mulheres e respeitemos elas.

Compartilhar
Artigo anteriorConheça a duologia “Agentes da Coroa” de Julia Quinn
Próximo artigoPrimeiras Impressões: Apenas viva sem mim – Maria Eduarda Duarte
Goiano do pé rachado e comedor de piqui. Alucinado por histórias fantásticas e distópicos. Tributo, Hobbit de nascença, e habitante do país de Aslan. Entre os autores Suzanne Collins é majestade e Tolkien é imperador. Técnico em Química e buscando ser químico industrial intercalado com a vida de escritor, um dia qualquer publicará seu livro. Não dispensa um cinema... https://www.skoob.com.br/usuario/1094145-silas-jr

Deixe uma resposta