Sinopse Arqueiro: No deserto do Saara, dois agentes de inteligência de elite – um francês e uma americana – arriscam a própria vida enquanto seguem o rastro de um poderoso grupo de extremistas. Na China, um alto funcionário do governo tenta resistir aos comunistas da velha guarda, que podem estar empurrando o país – e seu aliado militar próximo, a Coreia do Norte – para um caminho sem volta. Do outro lado do mundo, a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente dos Estados Unidos faz de tudo para lidar diplomaticamente com ataques estrangeiros, comércio ilegal de armas e campanhas de difamação de um adversário populista. Mas, à medida que pequenos atos de violência se sucedem e começam a ganhar escala, o início de uma nova guerra mundial parece uma certeza. E quando as grandes potências se enredam cada vez mais em uma complexa rede de alianças, a pergunta que se impõe é: quem será capaz de deter o inevitável? (Resenha: Nunca – Ken Follett)
Opinião: Diferentes autores que já li sempre mencionam o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do império austro-húngaro, como o estopim, o acender do pavio que deu origem à Primeira Guerra Mundial. Só que existiam inúmeros barris de pólvora sendo amontoados paulatinamente ao redor desse pavio. E, mesmo cientes do perigo e não querendo serem os responsáveis pelo riscar do fósforo, os líderes mundiais foram sendo levados, aos poucos, a esse momento. Há chance disso se repetir?
Ken Follet constrói a resposta para essa pergunta em um romance minucioso que é bem diferente de tudo que estamos acostumados em sua obra. Nunca é um livro que mostra, paulatinamente, a construção de um clima de hostilidade mundial que vai levando para o inevitável. A ficção de Follett tem pés pra lá de bem fincados na realidade que nos rodeia e é fácil identificarmos personagens ou situações reais que inspiraram os eventos que vamos acompanhando inertes, mas cientes de onde vão desaguar.
De leitura difícil devido ao detalhamento excessivo das ações e à pouca pressa do autor, que aparentemente decidiu seguir à risca os caminhos que aconteceriam no mundo real, Nunca pode ser comparado a um bloco de montar em que cada peça precisa ser encaixada para permitir que a próxima entre. Então, cada núcleo de personagem vai seguir os ritmos normais do cotidiano, rotinas de vida, romances, conflitos familiares, ações as mais corriqueiras. Ao mesmo tempo, pequenos eventos, alguns que podemos até considerar insignificantes, vão tensionando levemente o clima.
A ação, no livro, ocorre na tensão que sentimos subir pelas veias à medida que presenciamos uma reunião no comando do governo chinês ou entre o conselho de segurança do governo norte-americano. É assim que o autor entrega aos leitores os bastidores de decisões e como aqueles pequenos eventos insignificantes podem se somar aos barris de pólvora ao redor do pavio de guerra. Lembrando que no nosso caso atual, o pavio pode ser nuclear também.
“O poder residia não em um local, mas em uma rede imensamente complexa, em um grupo de pessoas e instituições-chave sem vontade coletiva, cada uma delas puxando em uma direção diferente.”
A extensa e minuciosa pesquisa e ambientação de Ken Follett dão o tom em Nunca. Governantes se mesclam a cidadãos comuns e os diferentes conflitos e problemas globais aparecem nas páginas e vão nos situando no quanto o mundo está verdadeiramente interligado e não há decisão sem impacto em nenhum lugar. Principalmente se elas envolvem alguma das grandes potências. E similar à trilogia O Século, a narrativa aqui vai se deslocando entre os países com núcleos de personagens sendo tragados para o centro das decisões… Estados Unidos, China, Chade, Coreia do Norte…
Leitores aficionados em conflitos estrangeiros ou relações internacionais terão um prato cheio em Nunca. O mesmo vale para os fãs de Follett que, podem até estranhar a mudança de estilo de um autor que nos envolve a muitos anos com romances históricos ou de guerra/espionagem, mas assim que pegarem o ritmo da leitura vão certamente se deliciar (ou tensionar). E sobre ritmo de leitura, eu reconheço e alerto que a obra é bem lenta e diversas passagens soam mais chatinhas ou desinteressantes, mas é esse conjunto de detalhes que contribui para construir o clima lá do final do livro. Bem do jeitinho que acontece cá no mundo real em suas relações e tensões entre países.
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O Autor: Ken Follett, escritor britânico, irrompeu no cenário da literatura aos 27 anos, com O buraco da agulha, thriller premiado. Depois de outros sucessos do gênero, surpreendeu a todos com Os Pilares da Terra, romance de ficção histórica que permanece sucesso de vendas até hoje, mais de 25 anos após seu lançamento. Suas obras já venderam mais de 150 milhões de exemplares. Também é autor da trilogia O Século.