Resenha: O Buraco da Agulha – Ken Follett

Sinopse Arqueiro: O ano é 1944. Os Aliados estão se preparando para desembarcar na Normandia e libertar os territórios ocupados por Hitler, na operação que entrou para a história como o Dia D. Para que a missão dê certo, eles precisam convencer os alemães de que a invasão acontecerá em outro lugar. Assim, criam um exército inteiro de mentira, incluindo tanques infláveis, aviões de papelão e bases sem parede. O objetivo é que ele seja fotografado pelos aviões de reconhecimento germânicos. O sucesso depende de o inimigo não descobrir o estratagema. Só que o melhor agente de Hitler, o Agulha, pode colocar tudo a perder. Caçado pelo serviço secreto britânico, ele deixa um rastro de mortes através da Grã-Bretanha enquanto tenta voltar para casa. Mas tudo foge a seu controle quando ele vai parar numa ilha castigada pela tempestade e vê seu destino nas mãos da mulher inesquecível que mora ali, cuja lealdade, se conquistada, poderá assegurar aos nazistas a vitória da guerra. (Resenha: O Buraco da Agulha – Ken Follett)

Opinião: Uma das maiores qualidades nas obras de Ken Follett, e já falei isso inúmeras vezes, é produzir uma ficção histórica em que a roupagem fictícia é tão fascinante e interessante quanto os eventos históricos, por vezes decisivos, que servem de base para suas tramas. Isso se repete praticamente em todos os livros de espionagem em que a Segunda Guerra Mundial ou a Guerra Fria servem de inspiração. E não seria diferente com o primeiro de todos, seu livro de estreia e obra-prima dos chamados suspenses de espiões, O Buraco da Agulha.

No clímax da II Grande Guerra, os Aliados encontram-se nos momentos decisivos para lançar uma ofensiva que significa o tudo ou nada. O sucesso é fundamental para evitar que Hitler domine de vez a Europa e sua loucura acabe se estendendo para o restante do mundo. No jogo da espionagem e da contraespionagem, diversos personagens são importantes para garantir o segredo de informações verídicas e também para espalhar boatos, desviar atenções, favorecer o avanço das peças certas e atrasar estratégias de defesa ou ataque. É nesse clima que se decide inventar uma gigantesca força militar, composta por maquetes, cenários, bases fictícias que, vistos do alto pelos aviões, são capazes de assustar os nazistas e leva-los a conclusões bem distantes da realidade. É a alta aposta para iludir o inimigo e conseguir desembarcar na França e iniciar as tentativas de virada do jogo.

A partir dessa realidade, Follett criou o espião Agulha, um dos melhores e homem de confiança em cuja palavra Hitler acredita sem pestanejar. Mestre dos disfarces, frio em suas atitudes e impossível de ser capturado, Agulha vai esbarrar sem querer na peça de ficção construída pelos Aliados e, com essa informação em mãos, parte para o encontro com o Führer. Munido de fotografias, ele leva o destino do mundo consigo. Conseguirão pará-lo?

A trama se desenvolve em dois palcos distintos. De um lado a fuga do Agulha da Inglaterra levando-o ao isolamento em uma ilha habitada por um jovem casal. É ali que acontecem os episódios principais que vão definir os rumos da guerra. É onde o amor pode fazer a diferença a favor ou contra os Aliados. Do outro lado, a inteligência inglesa em busca de pistas, indícios ou qualquer informação que a leve ao espião antes que seja tarde demais. Liderados por um professor recrutado, Godliman, os ingleses encontram-se mais perdidos do que seguindo algo concreto.

O Buraco da Agulha varia da ação às descrições e ambientações de época. São três pontos de vista apresentados ao longo dos capítulos: o do Agulha, o de Godliman, e o de Lucy e sua rotina na ilha. Com isso, o autor vai familiarizando os leitores com as características de cada personagem. Eles são humanizados ao extremo e tornam-se palpáveis a nós. Por mais que alguns feitos do Agulha soem “ninjas” demais, ainda assim, é tudo bem pé no chão, sem exageros da ficção. E aqui, aparece a força feminina. Lucy vai se desenvolver ao longo da trama para aparecer como a fiel da balança nas melhores sequências de ação da obra. Ao mesmo tempo, não vi tanta engenhosidade no protagonista Agulha, mas sim golpes de sorte de um homem muito mais preparado do que aqueles que deveriam captura-lo.

A trama de O Buraco da Agulha é sedutora e envolvente. Ken Follett consegue, como sempre, prender nossa atenção através da curiosidade de saber como alguém tão sagaz vai conseguir ser parado por um grupo que mal sabe como é sua aparência. Obra fundamental para os fãs de romances de espionagem, o livro tem todos os ingredientes para quem curte histórias inteligentes e com boas doses de informação histórica.

Compre na Amazon

//

Do Autor leia também:

Nunca

Notre-Dame

Coluna de Fogo

As Espiãs do Dia D

Contagem Regressiva

O Buraco da Agulha

O Autor: Ken Follett, escritor britânico, irrompeu no cenário da literatura aos 27 anos, com O buraco da agulha, thriller premiado. Depois de outros sucessos do gênero, surpreendeu a todos com Os Pilares da Terra, romance de ficção histórica que permanece sucesso de vendas até hoje, mais de 25 anos após seu lançamento. Suas obras já venderam mais de 150 milhões de exemplares. Também é autor da trilogia O Século.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: Stalker – Lars Kepler
Próximo artigoResenha: O Conto da Aia – Graphic Novel – Margaret Atwood
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

2 COMENTÁRIOS

  1. Sei que essa postagem é antiga mas acabei de ler o livro e não faz sentido!!! Spoilers: o espião quase morre, assassina várias pessoas, consegue chegar lá na ilha, é descoberto pelo marido da mulher (David), mata o próprio, vai pra casa dela e mente que o homem ficou lá na casa do tom pastor. No dia seguinte ela vai caminhar, descobre o corpo do marido enquanto o espião naquele momento assassina o pastor. Ela volta pra casa, o espião mente pra ela sobre o marido, ela percebe que foi ele quem o matou e começa a planejar fugir pra casa do tom pra pedir ajuda. Quando chega lá o pastor está morto e ela faz uma barricada pra conseguir pedir ajuda pelo rádio, receb instruções de destruir o rádio, percebe que trata-se de um espião, consegue causar um curto e o espião morre antes de chegar no submarino e antes de conseguir contato com os alemães. Os aliados invadem a Normandia, Dia D etc…. Mas não teria sido muito mais simples pro espião enviar a mensagem pelo transmissor quando matou o pastor? O objetivo dele é contatar os alemães não tem porque adiar!!! Naquele momento ele estaria sozinho na casa depois que matasse o pastor e seria um dia inteirinho antes dos aliados cercarem a ilha. Era só ter matado o pastor e usado o transmissor. Pronto, os alemães já sabem que os aviões são de mentira e podem se planejar. Sinceramente me decepcionei com esse óbvio plothole que senti que não está à altura do autor.

Deixe uma resposta