Sinopse HarperCollins: É preciso acreditar em certas coisas para poder vê-las! Sandy e Dennys, os gêmeos da família Murry, sempre foram práticos, realistas e nunca prestaram muita atenção às conversas dos pais cientistas sobre coisas altamente teóricas como tesseratos e farândolas. Mas, após um acidente no laboratório do sr. e da sra. Murry, algo acontece com eles que desafia drasticamente suas capacidades de crer no impossível. Com um desastre à vista, será que os gêmeos conseguirão encontrar uma maneira de voltar à realidade? (Resenha: Muitas Águas – Madeleine L’Engle)

Opinião: Após três obras que acompanharam o crescimento dos personagens Charles Wallace e Meg, o quarto volume da série Uma Dobra no Tempo volta-se para uma aventura centrada nos gêmeos Sandy e Dannys. Muitas Águas é, de longe, o melhor livro da série até o momento. E não só isso! A história também é a que mais envolve o leitor, proporcionando uma fluidez e agilidade que diferem totalmente da pegada dos volumes anteriores.

Partindo de um acontecimento científico na casa dos Murry, Muitas Águas coloca os personagens em uma viagem no tempo rumo a um passado pra lá de distante. No inóspito local em que vão parar, os gêmeos têm contato com uma humanidade ainda em desenvolvimento, e todo o seu lado racional é testado ao limite. Sendo, na família Murry, os menos propensos a crer sem ver, Dennys e Sandy vão precisar abdicar de muitos pré-conceitos para não só aceitar o local em que estão, como também conseguir retornar ao presente.

Interessante observar a grande diferença que Muitas Águas tem em relação aos três livros anteriores da série. O alto teor de ciência e jargões e termos técnicos é completamente abandonado pela autora. Isso resulta em uma linguagem e raciocínio bem mais envolventes e gostosos de se acompanhar. As cenas e situações voltam-se exclusivamente para relações humanas e (sem spoilers) acontecimentos históricos importantes. Por outro lado, o teor religioso que deu suas caras nas entrelinhas de Uma Dobra no Tempo retorna com força total, sendo a base de construção da trama. Neste aspecto, Madeleine L’Engle entrega aos leitores a sua versão de um importante evento bíblico, trazendo a reboque singelas mensagens e lições de vida.

Aos leitores que têm acompanhado a série livro a livro, ficou nítido o processo de crescimento e amadurecimento dos personagens Meg e Charles. Em Muitas Águas eu diria que a puberdade dos gêmeos e todas as suas dúvidas, questionamentos e fases internas de desenvolvimento são bem exploradas. A autora mostra os conflitos internos do despertar do amor com leves insinuações do desejo sexual. É um ponto interessante de se acompanhar, ainda mais quando percebemos o período histórico em que a obra se passa.

Muitas Águas é uma obra sobre a importância da crença. Por trás dos atos, ações e reações dos personagens esconde-se a fé. Seja nas vozes da natureza, no som do vento, nas criaturas que nos rodeiam ou nas pessoas que nos cercam, a todo momento a autora confronta seus personagens com a dúvida de crer ou não naquilo que nem sempre se consegue ver. Obviamente, até pela história em si que nós já conhecemos o desfecho assim que percebemos de qual evento se trata, a lição final é de que acreditar é importante. Crer pode salvar vidas, talvez salvar até a humanidade.

Avaliação: 5 Estrelas

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A Autora: Madeleine L’Engle (1918-2007) foi uma escritora norte-americana mais conhecida por seus trabalhos de ficção científica YA, particularmente por Uma dobra no tempo e suas sequências. Suas obras refletem seu forte interesse pela ciência moderna.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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