Sinopse Jangada: Linda, uma escritora best-seller, vive reclusa em sua casa à beira de um lago desde o assassinato de sua irmã mais nova há doze anos. O assassino nunca foi pego, mas Linda o viu de relance, e agora ela acaba de reconhecer seu rosto na TV. Ele é Victor, um brilhante jornalista. Pensando numa saída para pegá-lo, ela escreve um best-seller baseado no assassinato da irmã e concorda em conceder uma única entrevista à imprensa, em sua casa, para Victor. A partir daí tem início um embate perturbador. Cheio de reviravoltas, tensão e terror psicológico. (Resenha: Armadilha – Melanie Raabe)
Opinião: Existem thrillers eletrizantes que devoramos e permanecem conosco muito tempo depois que terminamos a leitura, existem também aqueles que instigam a curiosidade com mistérios bem intrincados, e há suspenses lineares com uma boa construção narrativa, mas sem grandes reviravoltas. Armadilha, livro de estreia de Melanie Raabe, segue esse último caminho, apesar da história prometer muito durante boa parte da obra.
Narrado em primeira pessoa por uma escritora claramente perturbada emocionalmente, Armadilha faz jus ao título ao tentar pregar uma peça na cabeça dos leitores levando-nos a imaginar mais de uma possibilidade para o mistério, nos conduzindo por caminhos diversos, mas infelizmente caindo no óbvio na sequência final.
Linda, a escritora protagonista, vive isolada do mundo, sem dar entrevistas ou se relacionar com as pessoas. O grande trauma que a levou a isso foi o assassinato de sua irmã. Ela chegou ao apartamento e teve um vislumbre do assassino, jamais identificado. Anos depois, ela identifica esse assassino na figura de um apresentador de televisão e decide preparar uma armadilha para pegá-lo. De um lado, escreve um livro em que detalha todos os episódios da morte da irmã, e de outro, decide conceder uma entrevista exclusiva para o tal apresentador. Por mais que tudo isso soe meio rocambolesco, a autora conseguiu uma pegada narrativa que flui num ritmo gostoso e vai nos envolvendo nas ideias e pensamentos de Linda. E quando a bendita entrevista acontece, acompanhamos um jogo de gato e rato em que Melanie vai enganando bem os leitores com as mudanças de rumo. Até chegar ao desfecho e optar pela saída mais simplista e brochante.
Inserindo trechos do livro escrito por Linda no meio dos capítulos, Melanie Raabe tinha boas possibilidades de criar ela mesma uma armadilha para os leitores. Em diversos e bons momentos ela soube fazer isso com reviravoltas em cima de reviravoltas. Esse recurso deu gás para despertar nosso instinto detetive, tentando identificar o que de fato era verdade em tudo que era contado. Acabou faltando, porém, ousadia para dar o arremate final que fizesse desse um daqueles thrillers de tirar o fôlego. Outro ponto negativo foram as divagações da personagem por temas ou lembranças que nada acrescentaram à trama. Se a intenção ali era confundir ainda mais o leitor, o resultado não surtiu efeito.
Armadilha é um suspense correto, escrito a partir de uma boa ideia, mas que não vai além disso. Vale a leitura em alguma folguinha, mas não esperem encontrar nada marcante.
Avaliação: 3 Estrelas
A Autora: Melanie Raabe nasceu num vilarejo da Alemanha. Especializou-se em mídia e literatura geral e comparada, na Universidade de Ruhr, em Bochum. Depois de se formar, passou a trabalhar como jornalista e, secretamente, começou a escrever livros à noite. Hoje Melanie tem seu próprio blog de entrevistas (www.biographilia.com) e já recebeu vários prêmios por seus contos e roteiros de TV. Armadilha é seu romance de estreia, cujos direitos foram adquiridos por editoras de 14 país es e pelo estúdio de cinema TriStar Pictures.
