Sinopse Tai Editora: Era apenas um depósito de lixo comum na pacífica ilha de Yarkie. Ninguém imaginou que as condições eram perfeitas para a procriação, que o lugar se tratasse de um útero quente, fétido, úmido e com comida tão abundante. Então foi feita uma mudança no controle de venenos, resultando em uma imprevisível mutação: baratas mutantes gigantes. Elas agora estavam estão prontas para deixar seu ninho – em busca de carne humana! (Resenha: O Ninho do Terror – Gregory A. Douglas)

Opinião: O terror dos anos 1980 produziu, tanto na literatura quanto no cinema, uma deliciosa safra de histórias trash, repletas de violência visceral protagonizada por animais mutantes em fúria assassina. Essas tramas chocavam e provocavam náuseas na mesma medida em que divertiam uma legião de fãs. Foi uma época de ouro, cujas obras, em sua maioria, hoje habitam o limbo dos sebos e das estantes de colecionadores nostálgicos.

Para a felicidade geral dos leitores brasileiros, a Tai Editora está resgatando esse universo através da Coleção Inferno, lançada via financiamento coletivo no Catarse. Trata-se de uma ode às grandes produções literárias que marcaram uma geração — algumas inéditas no Brasil até então.

E para nossa sorte, o título de estreia não poderia ser mais emblemático: O Ninho do Terror, uma escatológica e eletrizante criação de Gregory A. Douglas, estrelada por… baratas.

“Tendo experimentado carne humana e bebido de seu sangue, aquela nova raça de baratas estava faminta por mais…”

O Ninho do Terror segue a clássica fórmula do gênero: o contato com produtos químicos faz com que as baratas da ilha de Yarkie sofram mutações genéticas e se transformem em máquinas assassinas.

Carnívoras, um pouco maiores que as baratas que conhecemos e com um sofisticado sistema de comunicação por meio das antenas, essas adoráveis criaturas iniciam um verdadeiro banquete na ilha. Primeiro, com animais dos arredores. Depois, com a carne fresca e suculenta dos humanos.

Não se enganem esperando uma trama com personagens cativantes, desenvolvimento de dramas paralelos, nem nada do tipo. O Ninho do Terror é essencialmente uma história de desgraça em que ninguém escapa da fome das baratas.

E é impossível não visualizarmos a carnificina descrita por Douglas — das crianças aos personagens “principais”, o nojo e o frio no estômago são ingredientes essenciais da leitura.

Ainda assim, há uma sofisticada linha de raciocínio para proporcionar as devidas explicações aos leitores, destrinchando o sistema de comunicação das baratas e sua ligação com a Colônia, de onde partia todo o direcionamento para a “tropa”. Sim, basicamente elas funcionavam como um grande exército com bons direcionamentos de como e quando agir.

Com mais de trezentas páginas, O Ninho do Terror é uma leitura imperdível para fãs do terror escrachado e, claro, para os que têm um fraco (ou um pavor absoluto) por histórias de animais em fúria descontrolada. Ágil, grotesco e viciante, esse livro vai mudar a forma como você enxerga as baratas.

Especialmente depois do irônico desfecho.

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O Autor: Gregory A. Douglas foi o pseudônimo usado por Eli Cantor (1913-2006). Cantor sempre foi um homem talentoso e de interesses diversos, além de empresário, romancista, dramaturgo, compositor e poeta, estudou Filosofia na New York University, e conquistou um diploma em Direito pela faculdade de Harvard pouco antes de iniciar sua trajetória profissional no departamento jurídico da CBS Television. Alguns de seus romances incluem Enemy in the Mirror (1977) e Love Letters (1979). O livro O Ninho do Terror (1980) serviu de base para o clássico cult do cinema lançado em 1988, produzido pelo lendário Roger Corman.

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Literalmente um Leitor Compulsivo desses que devora livros aos montes, é fã do mestre Stephen King. Lê de tudo um pouco, mas tem no terror, suspense e ficção científica os gêneros preferidos.

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