Sinopse Suma: Um livro emocionante, do qual ecoa a magia de um escritor ainda capaz de nos fazer sonhar, A cidade de vapor é um passeio pelos temas, lugares e personagens do universo literário da série O Cemitério dos Livros Esquecidos. Criativos e envolventes, os contos aqui reunidos trazem à vida personagens conhecidos e novos, todos carregando a melancolia e a beleza da escrita de Zafón, e nos convidam a entrar em seu mundo onírico e em sua cidade de névoa. (Resenha: A Cidade de Vapor – Carlos Ruiz Zafón)
Opinião: Os contos de Zafón reunidos em A Cidade de Vapor ecoam aquela mesma melancolia presente em toda a sua obra, notadamente na tetralogia d’O Cemitério dos Livros Esquecidos. São narrativas que percorrem os mesmos labirintos de situações fantásticas e oníricas que nos fazem desligar um pouco da realidade e sonhar… Com uma Barcelona que poucos olhos podem enxergar. E estão intrinsecamente ligados ao universo zafoniano, portanto, mesmo podendo ter uma leitura independente, acabam sendo mais indicados para quem já leu a obra completa do autor. Certamente a experiência de leitura vai ser muito mais enriquecedora.
A Cidade de Vapor reúne onze curtíssimas histórias em que personagens e situações de obras anteriores reaparecem em momentos que trazem novas revelações ou nos explicam dúvidas que ficaram no ar em outros livros. Então, esperem esbarrar com ancestrais da família Sempere, com um David Martín bem jovem vivendo uma primeira e misteriosa paixão, com figuras sombrias, escritores atormentados e malditos e personagens reais como o arquiteto Gaudí e o escritor Miguel de Cervantes. E é sobre ele que vou dedicar um pouco mais de atenção nessa resenha.
O conto “O Príncipe do Parnasso” é uma grande homenagem a Miguel de Cervantes, trazendo-o para esse universo de sombra, névoa e fantasmagoria tão característico de Zafón. Aqui, vamos conhecer uma parte obscura da vida de Cervantes e os sacrifícios que lhe foram impostos para viver uma história de amor, tudo isso bordado pelas mãos de um conhecido e misterioso personagem. É neste conto que vamos descobrir as origens do Cemitério dos Livros Esquecidos, algo erigido como uma espécie de monumento à memória do maior nome das letras na Espanha. É a narrativa mais longa e mais importante dessa coletânea. Porque ela revela muito sobre onde se assenta as bases daquele mítico local que tanto nos fascina na obra de Zafón.
“Que este lugar seja um segredo, um mistério cuja origem e fim ninguém conheça. E que viva nele para sempre o espírito do maior contador de histórias que já passou por esse mundo.”
Os demais relatos, todos bem curtos e concisos são impossíveis de serem resenhados sem entregarmos pontos importantes. Basta reforçar que são histórias sombrias e fantásticas sobre pessoas que habitam aquela Barcelona nevoenta e carregada de tons de cinza em que a violência, a obscuridade e o sobrenatural convivem harmoniosamente.
A Cidade de Vapor funciona claramente como o grand finale, o arremate de uma obra fascinante. E única. Se, como diz a sinopse, foi um livro pensado por Zafón como homenagem aos leitores que o acompanharam em sua saga fantástica, fica a certeza de que foi também o epílogo triste de um autor que certamente ainda nos tinha muito a encantar.
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O Autor: Carlos Ruiz Zafón foi o segundo escritor espanhol mais lido em todo o mundo e vencedor do prêmio literário Casino da Póvoa com o seu romance A sombra do vento, em 2006, prêmio concedido pelo Correntes d’Escritas, um dos maiores e mais antigos festivais literários de Portugal. O autor faleceu no ano de 2020, em decorrência de um câncer, tendo deixado uma obra magnífica que foi traduzida para mais de cinquenta idiomas e que foi lida por milhares de leitores ao redor do mundo.
