Sinopse Record: Kate Reese está fugindo. Determinada a buscar uma vida melhor para ela e para o filho Christopher, ela abandona um relacionamento abusivo e escapa no meio da noite junto com seu garotinho. Eles acabam se sentindo atraídos pela agradável comunidade de Mill Grove, na Pensilvânia, uma cidadezinha distante de tudo e de todos, com apenas uma estrada de acesso. A princípio, Mill Grove parece o lugar perfeito para eles se estabelecerem. Porém, Christopher desaparece por seis longos dias sem deixar nenhum rastro. O desespero toma conta de Kate, e a polícia da cidade faz buscas incansáveis para descobrir o paradeiro do menino. Até que ele surge no meio da noite saindo de um bosque nos limites da cidade. Ileso, mas mudado. Christopher volta com uma voz na cabeça que apenas ele pode ouvir e com uma missão que apenas ele pode cumprir: construir uma casa na árvore no bosque da Mission Street antes do Natal; caso contrário, sua mãe e todos na cidade sofrerão as consequências. (Resenha: Amigo Imaginário – Stephen Chbosky)

Opinião: A velha luta do bem contra o mal ganha contornos interessantes a partir de metáforas, suspense psicológico, fantasia e boas pitadas de terror nas mãos de Stephen Chbosky. Não, esse não é um livro para adolescentes – o famoso YA, como seu antecessor As Vantagens de ser Invisível. Aqui, a construção é claramente voltada para o público adulto e envereda por caminhos religiosos que merecem até uma segunda leitura para que os leitores captem toda a originalidade da trama.

Amigo Imaginário, vendido como uma grande história de terror, é basicamente um suspense psicológico com ares de fantasia. Há duas histórias que correm em paralelo e que são a base da construção da trama: o desaparecimento de um garoto, David, cinquenta anos atrás e a rotina de Christopher em meio ao mundo real e ao mundo imaginário que um amigo lhe apresenta. Christopher, o protagonista, ouve uma voz, conversa com um “homem bonzinho”, recebe uma missão que, se falhar, pode acabar com tudo que ele conhece, e é jogado numa luta muito maior que ele e muito mais antiga que o próprio mundo. Falar mais do que isso é entrar no perigoso campo dos spoilers. Até porque a trama de Chbosky é repleta de plots e desdobramentos inimagináveis e, em alguns momentos, bem forçados.

E o que falar da história sem entregar spoilers? Bom, Amigo Imaginário é um livro diverso. São muitos os temas trabalhados, mas é possível resumi-lo em uma obra que fala sobre como o mal consegue se infiltrar no mundo buscando sempre desequilibrar a balança das coisas. Mas também podemos dizer que é a história sobre como o amor, rotineiramente esquecido nesse nosso mundo de hoje, é mais forte que qualquer coisa e pode vencer qualquer problema. Ainda é possível dizer que é a história sobre a importância de saber perdoar, de construir grandes amizades, de nunca desistir de correr atrás de algo, de saber a hora de recomeçar… É uma trama universal que se passa numa cidadezinha que é o microcosmo do mundo, da sociedade.

A galeria de personagens é infinita, rica e desenvolvida em detalhes. O passado de todos os personagens e como seus traumas influenciaram naquilo que eles são hoje é bem explorado e explicado. No fim, acabamos entendendo como cada um se transformou no adulto ou na criança que conhecemos. Há uma empatia generalizada e é fácil se envolver, gostar e sofrer com o que acontece com cada um, mesmo quando fazem o papel de vilões. Ponto positivaço para o livro.

Com uma escrita leve, Amigo Imaginário peca, porém, naquilo que às vezes é uma vantagem, o detalhismo excessivo. O calhamaço de quase oitocentas páginas parece nunca ter fim e varia de um ritmo pra lá de envolvente e ágil a passagens tediosas, repetitivas e que esgotam a paciência do leitor. O autor tinha em mãos uma excelente história, mas desenvolveu ela bem até demais e próximo da metade da obra o cansaço acaba vencendo, até porque muitas coisas avançam para se resolver, mas logo aparece um fato novo para retroceder tudo. Isso faz com que muito da riqueza das metáforas e o sentido religioso que o desfecho traz acabem passando despercebido pelos leitores. Quando tudo começa a ser solucionado, o choque de um final inimaginável acaba fazendo que com que a gente retorne algumas páginas ou capítulos para conferir as pistas que já vinham sendo deixadas pelo autor.

Amigo Imaginário é um livro de difícil classificação no meu gosto pessoal. As sequências finais me conquistaram e abriram minha percepção para a originalidade da história que eu tinha nas mãos. Ao mesmo tempo, foi desafiador vencer a quantidade de páginas e o excesso de reviravoltas que não traziam nada de novo e ficavam em mais do mesmo. Talvez se cortássemos umas trezentas páginas, eu poderia afirmar aqui se tratar de um dos melhores do ano… É um livro para se discutir com outros amigos que leram, para compartilharmos impressões e, talvez em uma oportunidade, receber uma segunda leitura.

Compre na Amazon

O Autor: Stephen Chbosky é um romancista, roteirista e diretor americano, mais conhecido por seu romance adolescente “As Vantagens de ser Invisível” (1999). Ele também escreveu o roteiro do filme Rent (2005), e foi co-criador, produtor executivo e escritor da série de televisão Jericó, que começou a ser exibida em 2006.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: O Menino na Ponte – M.R. Carey
Próximo artigoResenha: O Diabo Veste Prada – Lauren Weisberger
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

Deixe uma resposta