Sinopse Rocco/Fábrica 231: O segundo quebra-cabeça filosófico e assustador de Iain Reid, ambientado em um futuro próximo, Junior e Henrietta vivem uma vida confortável e solitária em sua fazenda, distante da cidade, mas completamente imersos em seu comprometimento um com o outro. Porém, um estranho, Terrence, chega anunciando que Junior foi selecionado para uma viagem a um destino inesperado. Tudo parece ter sido cuidadosamente organizado para que Hen não tenha chance de sentir falta do marido durante esse período. É a partir da visita de Terrence que a torre de cartas conjugal de Junior e Henrietta começa a desmoronar, colocando em cheque suas vidas amorosas e alterando suas percepções da individualidade e elementos que nos tornam humanos. (Resenha: Intruso – Iain Reid)

Opinião: Nem sempre um bom quebra-cabeça literário consegue surpreender os leitores a ponto de se transformar em um livro preferido, entrar para o topo das indicações ou simplesmente arrancar boas exclamações após sua conclusão. A estreia de Iain Reid com Eu Estou Pensando em Acabar com Tudo foi um desses momentos em que o desfecho se somou a um excelente desenvolvimento para me colocar em sinal de alerta para suas próximas publicações. Mas nem sempre um bom quebra-cabeça dá certo.

Seguindo em parte o estilo que consagrou sua estreia, o canadense buscou embaralhar a percepção dos leitores em Intruso, um romance meio suspense, meio drama e com ares tímidos de ficção científica. A receita não deu muito certo. Talvez porque a história em si não tivesse um bom apelo ou lembrasse, mesmo que de longe, tramas já bem batidas na literatura ou no cinema. O certo é que a agilidade que marcou sua primeira obra perdeu espaço para uma narrativa mais lenta, em alguns pontos confusa, e nem um pouco cativante.

Intruso é um livro que não se preocupa muito com explicações, mesmo que em alguns momentos eu as considerasse fundamentais para angariar um pouco mais de simpatia ou fisgar de vez a curiosidade. A história já começa jogando o mistério na cara dos leitores – um ponto bem positivo.

Em um futuro não muito distante um casal recebe a visita de um sujeito com muito conhecimento sobre a vida deles. Esse cara comunica, vejam bem, que o marido, Junior, foi sorteado para passar um tempo fora do planeta. Não há escolhas. Ele tem que ir. O que nos leva a divagar sobre a possibilidade de um regime autoritário, mas ficamos por isso mesmo. Como disse, certas questões não são exploradas. Mais bizarro que isso, somente o fato de que eles vão colocar uma pessoa para fazer companhia para a esposa, Henrietta, de forma que ela não se sinta sozinha até o retorno do marido. Eles vivem em uma fazenda totalmente isolada, vejam bem. Todas essas bizarrices e situações incomuns prometem uma história da pesada com boas doses de suspense e plot twits, não? Ainda mais pelos antecedentes do autor. Então…

Fato é que Intruso se perdeu pelos caminhos de um personagem, Junior, se preparando para a tal viagem e vivendo ora situações em que se submetia aos comandos do estranho que dava ordens, ora divagando sobre sua vida, seu casamento e sua rotina diária. A promessa de reviravoltas permanece uma promessa. Henrietta é ambígua a ponto de desconfiarmos que virá dela o plot twist. Não vem. Pelo menos não da forma como gostaríamos. E o desfecho traz uma azia ao invés de um soco no estômago. Porque no fim, nós não só esperamos pela conclusão como temos certeza absoluta que será aquilo e que será pra lá de frustrante. Nisso, o livro não decepciona.

Intruso é uma obra que, talvez, tenha sofrido um excesso de expectativas da minha parte tendo em vista que Eu Estou Pensando em Acabar com Tudo se tornou um dos meus livros favoritos de suspense. Eu esperava muito trama e recebi bem pouco. Por outro lado, faltou sim uma boa consistência na história. Algumas situações se mais exploradas ou com mais explicações poderiam amenizar o desfecho. E a narrativa lenta também não ajudou nem um pouco. Foram vários os capítulos que não acrescentaram nada e soaram como excesso de material para conferir mais páginas a algo que poderia ter sido um conto. É uma boa leitura, mas no conjunto geral, deixa bastante a desejar.

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Eu Estou Pensando em Acabar com Tudo

O Autor: Iain Reid é canadense e escreveu dois livros de não-ficção que foram premiados e aclamados pela crítica e público, One Bird’s Choice e The Truth About Luck. Seus textos foram publicados em veículos importantes como o The New Yorker, The Globe and Mail e o National Post. Seu primeiro romance, Eu Estou Pensando em Acabar com Tudo, ganhará uma adaptação cinematográfica com produção da Netflix e direção de Charlie Kaufman.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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