Sinopse Paralela: Aos 37 anos, a recém divorciada Vanessa está no fundo do poço. Deprimida, morando no apartamento de sua tia, ela não tem filhos, dinheiro ou amigos verdadeiros. Ao descobrir que Richard, seu rico e carismático ex-marido, está prestes a se casar de novo, algo dentro de Vanessa se quebra. A partir de agora, sua vida irá revolver em torno de uma única obsessão: impedir esse matrimônio. Custe o que custar. Na superfície, Nellie se parece com qualquer outra jovem bela e sonhadora que veio para Manhattan começar sua tão sonhada vida adulta. Mas a personalidade tranquila que ostenta é apenas uma fachada. Em sua mente, perdura um segredo que a fez fugir de sua cidade natal e que a impede de caminhar em paz quando está sozinha. Ao conhecer Richard – bem-sucedido, protetor, o homem dos sonhos – ela finalmente começa a sentir-se segura. Mas, de repente, ela começa a receber ligações misteriosas. Fotografias em seu quarto são movidas de lugar. O lenço que ela planejava usar em seu casamento desaparece. Alguém está perseguindo a, alguém quer o seu mal. Mas quem? (Resenha: A Mulher entre Nós – Greer Hendricks & Sarah Pekkanen)

Opinião: Sabe quando você vai avançando na leitura de uma história com aquela sensação de “já vi isso em algum lugar”? E quanto mais a trama se aprofunda mais déjà vu ela se torna? É assim que posso resumir a grosso modo minhas impressões de A Mulher entre Nós, um dos suspenses mais brochantes lançados este ano no Brasil. Detalhe, a contracapa estampa a promessa de “a leitura da sua vida”. Aí meus amigos, a coisa complica e fica impossível defender o absurdo de um marketing enganoso desses.

Basicamente, como vocês conferiram na sinopse, A Mulher entre Nós navega pelas turbulentas águas do triangulo amoroso em que a ex não aceita ver o marido se casando com outra. Por trás disso se escondem mistérios e reviravoltas capazes de abalar o psicológico dos leitores. Só que não! Olhando friamente a sinopse, a obra da dupla de autoras até convence que pode trazer algo novo para essa trama já muito bem explorada por livros recentes. Mas na real, ela naufraga num amontoado de clichês e deságua em explicações esdrúxulas e em certo ponto tão improváveis quanto difíceis de digerir. A revelação contida no epílogo, por exemplo, é tão absurda e inverossímil quanto elefantes voadores. Racionalmente é impossível dar crédito que algo assim pudesse acontecer, mesmo numa obra de ficção.

Como já escrevi em dezenas de resenhas, não vejo problemas e tampouco considero clichês como sendo um defeito ou demérito de um livro. Clichês são válidos desde que bem usados e que façam sentido contribuindo para a qualidade do conjunto da obra. Em A Mulher entre Nós, basicamente toda a construção narrativa lançou mão dos tais clichês, mas de forma infantil e risível. A apresentação das personagens Vanessa e Nellie e a posterior revelação sobre as duas passa longe do que podemos chamar de reviravolta. E a continuidade dos segredos que vêm à tona com relação ao comportamento do marido, Richard, foram explorados de forma bem superficial, sem impacto. Em resumo, recursos e explicações comuns em obras desse estilo completamente mal utilizados pelas autoras.

O trio de personagens não convence. Vanessa, que a princípio passa a impressão de ser mais protagonista que os outros, é o melhor exemplo de personagem estruturado de forma rasa, sem cuidados. Nellie é melhor apresentada, mas seu papel na história é jogado pra escanteio quando temos “a revelação”. E Richard é melhor deixar quieto tamanha porqueira foi sua construção. Para finalizarmos, a cereja do bolo se encontra em uma narrativa lenta e cansativa. A história dá voltas e as idas e vindas narradas em primeira pessoa pelos personagens não cativa, custa a envolver e passa longe de despertar curiosidade. Um desperdício de páginas e capítulos sem fim.

Em linhas gerais, A Mulher entre Nós me passou a impressão de que as autoras reuniram um pouquinho de cada sacada genial de suspenses desse estilo para produzir esse amontoado de mistérios e explicações mal executados. Apresentar um livro como esse sob a premissa de “a leitura da sua vida” é zombar da inteligência dos leitores.

Avaliação: 1 Estrela

 

As Autoras: Greer Hendricks trabalhou como editora de livros por mais de duas décadas. Já escreveu para o New York Times e Publishers Weekly. A Mulher Entre Nós é seu primeiro livro.

Sarah Pekkanen trabalhou como jornalista investigativa antes de se tornar a autora de diversos best-sellers. Já escreveu para o Washington Post e o USA Today.

Compartilhar
Artigo anteriorMargaret Atwood | “Oryx e Crake” em nova edição
Próximo artigoResenha: A Era dos Mortos-vivos – Eliel Barberino
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

4 COMENTÁRIOS

    • Sara, já li opiniões de pessoas que adoraram o livro, mas sendo bem franco contigo, a história é repetitiva, confusa e não traz nada que “te tire o fôlego” e se torne inesquecível.

Deixe uma resposta