Sinopse Record: Após a trágica morte dos pais, Richard Elauved, um garoto de 14 anos, é mandado para a casa dos tios na cidadezinha isolada de Ballantyne. Não demora muito para ele ser tratado como um pária na escola. E tudo piora quando um colega de turma, Tom, desaparece e Richard se torna o principal suspeito do suposto crime; afinal, é fácil colocar a culpa no garoto esquentadinho recém-chegado da cidade grande. Ainda mais porque ele foi a última pessoa a ver Tom, e ninguém acredita em seu relato: segundo Richard, Tom estava passando um trote para um número aleatório da lista quando foi sugado pelo receptor da cabine telefônica – algo digno de filme de terror. Quando outro colega da escola desaparece, Richard precisa encontrar um jeito de provar sua inocência – e preservar sua sanidade – conforme lida com uma terrível magia que, além de tentar tomar conta da cidade, parece querer destruí-lo. (Resenha: A Casa da Noite – Jo Nesbø)
Opinião: O amplo domínio narrativo na construção de thrillers inteligentes e capazes de envolver os leitores em uma teia de mistérios e sequências de ação não conseguiu sustentar a incursão de Jo Nesbø no terror. A Casa da Noite, sua estreia no gênero, se perde em uma trama inocente, por vezes boba, e que não consegue provocar nem um leve arrepio na espinha. A dúvida é se a intenção do autor era mesmo entregar uma obra de terror adulto ou apenas buscou uma experimentação do campo do Young Adult.
Protagonizada por um adolescente-narrador nem um pouco confiável, A Casa da Noite tem uma premissa que promete: um telefone que suga o amigo do protagonista durante uma brincadeira em que os dois estavam passando trote, o mistério do desaparecimento (ou morte) desse amigo, e uma casa abandonada que é listada como o endereço do número de telefone para o qual eles passaram o trote.
Mas quando essa premissa se transforma em desenvolvimento, a história perde força em sequências de cenas que vão do infantil ao sem graça, passando pela falta de sentido e por reviravoltas que não convencem. Tudo servindo ao propósito da explicação final, um dos desfechos mais clichês e sem impacto possíveis. E o problema não é o desfecho ser um clichê, mas sim a forma preguiçosa como tudo foi construído.
Nesbø poderia ter trabalhado um terror que abusasse mais da casa, num estilo casas mal-assombradas, ou talvez desenvolvido melhor o mistério em torno do telefone ou quem sabe construído bases mais sólidas para sustentar uma trama que se propunha ser de horror, mas que caiu na inocência de achar que cinco ou seis citações mais “pesadas” envolvendo sangue e mortes são o suficiente para assustar, amedrontar ou pegar os leitores pelo psicológico.
As pontas ficam bem amarradas e explicadas e tudo é satisfatório quando chegamos ao desfecho? Sim, nesse quesito o autor foi exemplar em deixar tudo bem explicadinho e fazendo sentido. Só que estamos falando de Jo Nesbø e não de um principiante em seu livro de estreia. Porque em muitos aspectos, A Casa da Noite passou exatamente essa impressão, de ser um livro de estreia de alguém sem a maturidade necessária para conduzir uma história de terror.
Para quem escreveu Macbeth, O Reino, O Filho — sem falar dos ótimos títulos da série Harry Hole —, A Casa da Noite soa como um tropeço inesperado. A tentativa de Nesbø de migrar para o terror não convence, nem como experimento nem como inovação. Ao sair da zona de conforto, daquilo que dominava, acabou entregando um livro esquecível. Que ele volte logo para os thrillers, onde segue sendo um dos grandes.
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A Casa da Noite
Baratas (Harry Hole #2)
O Morcego (Harry Hole #1)
O Autor: Jo Nesbø escritor e músico norueguês premiado pelo Edgar Award. Formou-se na Escola Norueguesa de Economia e Administração de Empresas com uma licenciatura em Economia. Nesbø é célebre sobretudo por seus romances de crime sobre o detetive Harry Hole, mas ele é também o principal vocalista e compositor da banda de rock norueguês Di Derre. Seus livros venderam mais de um milhão e meio de cópias na Noruega e sua obra foi traduzida para mais de quarenta línguas.
Em 2009, foi agraciado pelo prêmio de reconhecimento pelo público da revista Dagbladet ao ter três de seus livros estado no topo da lista de livros mais vendidos na Noruega. Ele também escreveu uma série de livros infantis sob o título Doktor Proktors prompepulver.