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Resenha: O Rouxinol – Kristin Hannah

Resenha: O Rouxinol – Kristin Hannah

Depois de um longo período de ressaca literária, finalmente voltei para os eixos! E digo com toda a certeza que não poderia ter escolhido um livro melhor. O Rouxinol foi o primeiro contato que tive com a Kristin Hannah – que, inclusive, também escreveu o livro que inspirou a série Amigas Para Sempre (Netflix) – e já deixou claro que não será o último. Pois é, mais uma autora que eu quero ler até a lista de supermercado…

Confesso que as expectativas estavam altas, porque já queria começar a ler as obras da Kristin há algum tempo. Para aumentar ainda mais a empolgação, a capa do livro veio com a seguinte frase em destaque: “Eleito o melhor romance histórico do ano”. E como se já não bastasse, descobri que a autora se inspirou na história de Andrée de Jongh para escrever este livro… Bom, é sobre isso, um beijão a todos!

Caso você esteja se perguntando quem foi Andrée de Jongh, ela fez parte da Resistência Belga durante a Segunda Guerra Mundial e ajudou mais de 800 aviadores dos Aliados. Conhecida internamente como Dédée, resgatou esses soldados e cuidou deles. Com a ajuda da família e de outros membros da Resistência, ela conseguiu roupas e documentos falsos para todos para, em seguida, atravessar uma rota de fuga de 1.600 quilômetros através da Bélgica e da França ocupadas, passando pelos Pirineus na escuridão da noite, até a Espanha. Em 1943, foi presa e torturada em um campo de concentração nazista, mas conseguiu sobreviver.

Foi nessa mulher extraordinária que Kristin se inspirou para contar a história de uma das personagens principais desse livro. Começamos, porém, em 1995, com a narração de uma viúva que acabou de ser diagnosticada novamente com câncer e está se mudando a pedido do filho. Apesar da narração ser em primeira pessoa, não há nenhuma menção ao nome da personagem. Temos, então, um alívio e um mistério a ser desvendado: pelo menos uma das irmãs está viva, mas qual está contando a história? São poucas as vezes que voltamos ao momento atual, mas, sempre que isso acontece, uma nova pista sobre a narradora é lançada.

Logo no segundo capítulo, a narração muda para a terceira pessoa e somos levados à França do final da década de 30, onde o grosso do livro realmente se desenrola. Conhecemos, então, Vianne e Isabelle, duas irmãs bem diferentes e com passados conturbados. O pai lutou durante a Primeira Guerra Mundial e, desde que voltou nunca mais foi o mesmo e, depois da morte da esposa, abandonou as filhas aos cuidados de uma estranha.

Vianne não se dava bem com a irmã mais nova, Isabelle, e logo tratou de se livrar da responsabilidade, também. Casou, engravidou e foi viver a vida com sua nova família. Isabelle, por sua vez, passou de colégios e conventos, sempre sendo expulsa de todos por sua falta de modos e desobediência. Desta última vez, foi para a casa do pai, em Paris, para tentar uma vida nova. Até que a Segunda Guerra começa…

O marido de Vianne é convocado para fazer parte do exército, tendo que deixar a esposa e a filha. Isabelle, então, é despachada pelo pai para morar com a irmã no interior da França. E é claro que as duas vão ter que enfrentar suas diferenças para morarem juntas, mas tudo muda quando os nazistas começam a tomar conta da cidade e as irmãs são obrigadas a dividir o teto com um soldado alemão. Vianne tenta ao máximo manter a segurança de sua filha, Sophie, e aceita de cabeça baixa tudo o que lhe é dito. O mesmo não pode ser dito de Isabelle, que decide enfrentar perigos se juntando à Resistência para ajudar a salvar seu país. O livro começa a acompanhar, então, a trajetória dessas duas mulheres através dos duros anos da Segunda Guerra Mundial.

Essa é, definitivamente, uma história de trauma, luta e amor. Kristin consegue construir personagens cativantes e tão pessoais a ponto de deixar o leitor apegado até a um soldado inimigo. As histórias de Vianne e Isabelle são intercaladas na medida certa e os capítulos sempre acabam de uma forma desesperadora. É um livro duro, pesado em vários pontos, mas impossível de largar. Pode parecer um pouco demorado no início, mas foi extremamente necessário para a criação do ambiente e o desenrolar da narrativa.

A autora consegue, também, inserir o romance muito bem. As relações amorosas de Vianne e Isabelle são desenvolvidas de formas distintas – Vianne sofre com a saudade e a preocupação e Isabelle está começando a gostar de um rapaz -, mas que complementam o plano de fundo da história. Em diversos momentos, Kristin nos apresenta os paralelos entre o amor e a guerra e como as pessoas lidam com eles. Essas partes mais pessoais deram um gostinho a mais para o contexto da narrativa.

E, sim, é um livro longo, com quase 550 páginas (na edição Pop Chic), mas que flui bastante e o leitor nem percebe que já leu mais da metade em um dia – pois é, isso aconteceu. Então, não se assuste com o tamanho do calhamacinho! São quase 550 que irão te abraçar e fazer parte da sua vida por um bom tempo. E, claro, que ficou com 5 estrelas!

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Da Autora leia também:

A Grande Solidão

O Rouxinol

Amigas para Sempre

As Coisas que Fazemos por Amor

A Autora: Kristin Hannah é autora de mais de 20 livros, que foram traduzidos para 43 idiomas e venderam mais de 15 milhões de exemplares no mundo. Ela largou a advocacia para se dedicar à sua grande paixão: escrever. Pela Editora Arqueiro, já publicou também Tempo de regresso, A grande solidão, As coisas que fazemos por amor, As cores da vida, O caminho para casa e Quando você voltar.

Vencedor do Goodreads Choice Awards 2015 de Ficção Histórica, O Rouxinol ficou em primeiro lugar na lista de mais vendidos do The New York Times e foi considerado melhor livro do ano por diversos veículos, entre eles The Wall Street Journal, Amazon, The Week e Buzzfeed. Além disso, está sendo adaptado para o cinema pela TriStar Pictures. Kristin tem um filho e mora com o marido no noroeste dos Estados Unidos e no Havaí.

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