Resenha: Acerto de Contas – John Grisham
Sinopse Arqueiro: Numa cidadezinha no interior do Mississippi, Pete Banning era considerado herói da Segunda Guerra, além de fazendeiro próspero, marido apaixonado, pai devotado e membro fiel da Igreja Metodista. Até que, numa manhã de outono, ele entrou calmamente na igreja e matou o reverendo Dexter Bell com três tiros. Por que Pete fez isso? Essa pergunta iria pairar por anos sobre a cidade. Como se o assassinato a sangue-frio já não fosse chocante o suficiente, era ainda mais desconcertante saber que Pete não tinha absolutamente nada a declarar sobre o crime. Nenhuma explicação, nenhuma motivação, nada que os advogados pudessem argumentar em sua defesa. Os advogados tentam de tudo para salvar Pete de uma sentença que irá condená-lo à cadeira elétrica. Mas ele não tem medo da morte e está disposto a levar suas razões para o túmulo. (Acerto de Contas – John Grisham)
Opinião: Nos longínquos fins dos anos 1940 em uma cidade encravada no interior nos Estados Unidos, a honra e o nome familiar eram levados a sério. Era preciso manter tudo em bons termos, mesmo que ninguém soubesse de nada. Existia a opinião da sociedade e existia a consciência individual de que absolutamente todas as coisas que competiam a família estavam devidamente de acordo com os costumes. Essa sociedade tão distante da nossa realidade atual serve de palco para um drama com pitadas nem um pouco convincentes de suspense. É John Grisham em uma roupagem pra lá de diferente do estilo que o consagrou.
Acerto de Contas é um livro montanha-russa com mais pontos baixos do que altos. Dividido em três partes, ele começa com o fôlego de uma trama com um mistério bem colocado: o herói da Segunda Guerra, Pete, bom fazendeiro e membro de destaque da sociedade, mata a sangue frio o reverendo local. Qual o motivo? Só Pete sabe e ele prefere morrer na cadeira elétrica a revelar suas motivações. Posto assim, e levando-se em conta a trajetória de John Grisham, podemos esperar tranquilamente por um daqueles suspenses cheios de reviravoltas e intrigas, mais ou menos no estilo de A Intimação, por exemplo. Mas aí entramos na segunda parte da história em que o autor decidiu narrar em detalhes tão desnecessários quanto enfadonhos a atuação de Pete no episódio da Marcha da Morte de Bataan, na Segunda Guerra Mundial. E tudo desanda e se arrasta levando os leitores para um desfecho que não causa mais nenhuma reação. Talvez alívio.
Não fosse o nome de John Grisham a estampar a capa, Acerto de Contas seria facilmente um daqueles livros a passar despercebido nas livrarias. Mas temos uma marca registrada em grandes thrillers que renderam excelentes filmes, então embarcamos na leitura com altas expectativas. Infelizmente para leitores brasileiros, Grisham desaponta e entrega uma das obras mais fracas de sua extensa carreira. E falo especificamente sobre os brasileiros porque acredito que todo o detalhamento de um feito de guerra norte-americano provavelmente deve envolver muito mais os leitores de lá, público-alvo primordial do autor. Porém, para nós, muito além da curiosidade histórica, a narrativa não chama tanto a atenção e acaba se arrastando.
A terceira e última parte de Acerto de Contas tenta retomar o fôlego inicial, trazendo toda a carga de intrigas e segredos familiares junto a disputas no tribunal. Mas aí já é um pouco tarde e a atenção dos leitores já foi a muito perdida. Mesmo naquilo em que é mestre em narrar, os grandes debates em julgamentos, Grisham não se mostra mais o mesmo. O livro chega ao seu final sem grandes momentos e a sensação de que o autor anda pouco inspirado prevalece. Ainda mais se levarmos em conta seu histórico recente de livros totalmente sem impacto. Ficamos no aguardo de que seus próximos lançamentos resgatem minimamente o estilo que nos fez seus fãs.
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