Sinopse Rocco: Neste eletrizante thriller de ficção científica, Emika Chen é uma hacker de 18 anos com uma vida financeira difícil. Num golpe de sorte do destino, ela se torna milionária ao ser contratada pelo criador do Warcross, um jogo de realidade virtual que virou febre em todo o mundo, para evitar um ataque em massa que estaria sendo planejado contra a plataforma – e seus milhões de usuários – durante a cerimônia de encerramento de um grande campeonato. Mas a garota logo conhece o lado sombrio do sucesso, à medida que a final se aproxima e pistas ameaçadoras começam a surgir. De onde partirá o ataque ao maior fenômeno da tecnologia mundial? Imersa no universo do Warcross, Emika descobre que escolher em quem confiar pode ser o jogo mais arriscado de todos. (Resenha: Warcross – Marie Lu)

“Nós não estamos todos conectados há anos, completamente viciados nesse mundo que vai além da realidade? E estamos tão dispostos a abrir mão dele? ”

Opinião: O sucesso de vendas das obras de Ernest Cline trouxe os holofotes da literatura para o universo dos games, um tema que incrivelmente foi pouco explorado e que oferece muitas possibilidades de criação para escritores dos mais variados gêneros. Autora consagrada junto ao público YA, e com experiência profissional na área de games, Marie Lu decidiu embarcar com tudo numa trama que mescla ficção científica com ingredientes de thrillers de suspense. O resultado ficou a altura do seu mais que comprovado talento e tem tudo para entreter os leitores ávidos por histórias leves e bem contadas.

Bem similar ao domínio que a rede social Facebook vem conquistando nas nossas vidas, o Warcross da trama de Marie Lu é um jogo de realidade virtual que ninguém fica de fora. Ele dominou o mundo e sua estrutura se faz presente na vida das pessoas de forma intensa e quase viciante. Seu criador, Hideo, é o jovem multimilionário que comanda a toda poderosa empresa responsável pela programação do game e pelo NeuroLink, os óculos de realidade virtual que dão acesso ao jogo. Nesse ambiente, Emika, a protagonista, é levada a disputar um mega campeonato realizado dentro do game. Sua missão não é apenas competir, mas também investigar e impedir um possível ataque hacker cujas consequências são inimagináveis.

Escondido sob o manto de uma trama scifi, Warcross traz um interessante debate sobre todo esse mundo digital, tecnológico e de possíveis realidades virtuais, e o que as mentes por trás dessas ferramentas e aplicativos podem de fato estar fazendo, ou tramando. A história de perseguição e mistério com cenas de ação e uma pitada melosa, e dispensável, de romance, no fundo chama a atenção para o quanto a entrega e dependência às tecnologias nos coloca ao bel prazer de egos e crenças as mais variadas possíveis.

Nesse sentido, Marie Lu foi cirúrgica ao colocar no centro da história o tal do livre-arbítrio virtual, que tem sido tão discutido atualmente. A filosofia, e outras correntes, já proclamavam que nós somos fruto de nossas escolhas. E se de repente nossas ações no mundo online, do qual não podemos mais fugir, puderem ser influenciadas por fatores externos, mais precisamente por qualquer um que tenha conhecimento suficiente para se infiltrar na rede? Perguntas como essa são jogadas na cara de Emika e seus companheiros e seu desenrolar traz boas doses de reflexão para aplicarmos no nosso mundinho real.

Warcross tem os ingredientes certos para todos os tipos de público e sua linguagem fácil e envolvente faz o livro fluir tranquilamente. Infelizmente vivemos a era dos autores que não conseguem mais escrever uma obra única e como não poderia deixar de ser, haverá continuação com Wildcard, a ser lançado neste ano de 2018 nos EUA (saudades do tempo em que escritores tinham domínio suficiente para escrever início, meio e fim sem precisar de trezentos livros de sequência). Lamentos à parte, vale a pena fazer seu login nessa obra e desvendar os segredos por trás desses personagens e desse game. Vocês não vão se arrepender!

Avaliação: 5 Estrelas

//

Da Autora leia também:

Batman – Criaturas da Noite

A Autora: Marie Lu nasceu na China e mudou-se ainda criança com a família para os Estados Unidos. Formou-se na Universidade do Sul da Califórnia e começou a trabalhar como programadora na indústria de videogames. Hoje é escritora em tempo integral. Nas horas vagas, ou quando não está presa em engarrafamentos, ela gosta de ler, desenhar e jogar Assassin’s Creed. Ela mora em Los Angeles, na Califórnia (por isso os engarrafamentos), com o namorado, um Chihuahua sem pedigree e dois cachorrinhos da raça Welsh Corgi Pembroke.

Compartilhar
Artigo anteriorResenha: De volta para Casa – Seanan McGuire
Próximo artigoAutografia lança o “Diário 2116”, scifi nacional de Bruno H. S.
Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

Deixe uma resposta