Sinopse DarkSide: A Mansão Belasco desponta imponente no horizonte. Poderia uma casa concentrar uma malignidade tão violenta a ponto de destruir seus habitantes com suas chamas? Há décadas, a casa desafia ― e vence ― todos os que ousam perscrutar seus segredos. Mas essa história está prestes a mudar. Convocados por um milionário que, à beira da morte, quer respostas sobre o que o espera no além, quatro membros de uma equipe investigativa rumam para a diabólica mansão, dispostos a desvendar seus mistérios e derrotar, de uma vez por todas, as presenças malignas que assombram o local. No entanto, como descobrem da maneira mais chocante possível, é preciso mais do que coragem para encarar um mal tão antigo e potente. (Resenha: Hell House – Richard Matheson)

Opinião: As casas mal-assombradas constituem um dos ingredientes mais fascinantes da literatura de horror. Porque desde criança associamos a casa a um lugar de segurança, aconchego, conforto. Há a ideia cristalina do local – o lar, em que temos as nossas coisas, do nosso jeito e podemos nos refugiar do “mundo”. Então, a perturbação causada pelas histórias de horror quebra esse sentimento. Do nada, o único local realmente nosso, seguro para nós, se torna um pesadelo, oferece riscos à nossa vida, tira a base que nos sustenta.

Seja pelos relatos reais de Amityville ou Enfield ou na maravilhosa ficção de A Assombração da Casa da Colina ou no recente Gótico Mexicano, as casas mal-assombradas são uma das temáticas mais ricas e que provavelmente geraram as melhores histórias do gênero. Tanto as casas perturbadas por entidades sobrenaturais quanto as casas más por essência. Essas últimas, além de tudo o que possam ter presenciado dentro de suas paredes ainda acumulam uma carga de energia negativa, maléfica, que torna tudo ainda mais assustador.

Como o próprio nome já diz, Hell House é uma dessas casas em que o mal se misturou de tantas formas que ela se tornou infernal. E na escrita envolvente do mestre Richard Matheson, nós somos convidados a acompanhar um grupo de quatro especialistas para investigar o que realmente se esconde por trás não só da fama de mal-assombrada como também das muitas tragédias que marcam a história da Mansão Belasco, ou a Casa do Inferno.

Neste livro, clássico do horror e leitura mais que obrigatória para qualquer fã do gênero que se preze, nós seguimos o embate entre ciência e fé. A razão é defendida da forma mais intransigente possível pelo Dr. Barret. Ele é o sujeito da ciência que tem certeza absoluta de que todos os fenômenos ali presentes podem ser explicados e até mesmo eliminados. Nada o faz mudar de ideia. Fazendo contraponto a ele, a médium Florence Tanner está aberta para sentir a casa e buscar entender o que a atormenta. Ela se mostra tão receptiva a tudo que vai se desenrolar na mansão que chega a se tornar vulnerável. Em certo aspecto, pode-se dizer que ela duvida que o mal possa afetar quem deseja ajudar.

Em meio a esses dois personagens, temos o também médium Fischer, que viveu na pele os horrores que a mansão pode proporcionar durante uma aventura investigativa em que ele foi o único sobrevivente. Ele tem toda a cautela de quem sabe que ali não há espaço para brincadeiras. E vai agir assim até o limite. E a esposa do Dr. Barret, Edith, alguém que vai pairar entre a confiança na ciência do marido e a desconfiança a partir de tudo que vê e sente nos dias dentro da casa.

Essas quatro pessoas, carregando todo seu histórico de vida, suas crenças, seus medos e traumas, vão se isolar na Mansão Belasco pelo tempo suficiente para encontrar explicações para tudo o que acontece ali. É real ou ilusão? Há mesmo fantasmas ou seriam resquícios de energias que podem ser facilmente dissipadas com a tecnologia? O que se esconde por trás dessa mansão?

Hell House é um lugar isolado que esconde um passado de vícios, perversão, orgias, masoquismo… A história de Belasco e seus convidados é repleta de descrições chocantes de uma busca por prazer sem limites. Homens e mulheres que poderiam se entregar a qualquer coisa a partir do momento que atravessavam as portas da malfadada mansão. Nesse ponto, Matheson explora os absurdos do comportamento humano manipulados pela mente doentia do anfitrião. Belasco é a besta que controla um jogo de diversão sexual que leva as pessoas para além da sanidade e que mesmo depois de todos mortos vai sobreviver nas paredes e cômodos daquela casa.

“As pessoas permaneciam aqui por meses a fio, anos, a casa se tornou seu modo de vida. Um modo de vida que ficava mais insano a cada dia. Isolados do contraste com a sociedade normal, tornaram-se eles próprios a norma. Assim como a busca pelo prazer, a depravação, a violência e a carnificina.”

O desenrolar da história de Hell House reúne pequenos sustos, passagens tensas, sequências de embrulhar o estômago e muita insanidade. Tudo isso dentro de uma narrativa fluida e ágil, fazendo com que o livro possa ser vencido em poucos dias ou até horas a depender do seu apetite de leitura. É uma trama com a marca do tempo em que foi escrita, os anos 1970 e sua enxurrada de livros e filmes de horror. Mesmo assim, é também uma obra atemporal. Porque reúne as melhores características das histórias de casas mal-assombradas. Equilibram muito bem o embate entre a fé no sobrenatural com a razão que encontra facilmente justificativas para tudo.

No panteão de livros de horror, Hell House ocupa um lugar cativo junto a outros clássicos que estão fadados a sobreviver a gerações relembrando a todos nós que não estamos seguros nem mesmo dentro do conforto de nossos lares.

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Hell House: A Casa do Inferno

Eu sou a Lenda

 

O Autor: Richard Matheson nasceu em Allendale, New Jersey, de pais imigrantes noruegueses, cresceu no Brooklyn e graduou-se na Brooklyn Technical School em 1943. Alistou-se e passou a Segunda Guerra Mundial como soldado de infantaria. Em 1949 obteve seu bacharelado em jornalismo na University of Missouri-Columbia e mudou-se para a Califórnia em 1951. Casou-se em 1952 e tem quatro filhos, três dos quais (Chris, Richard Christian, e Ali) são autores de ficção científica e roteiristas. Faleceu em Los Angeles em junho de 2013.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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