Sinopse Rocco: A obra acompanha Isa Wilde, jovem que quando recebe o chamado de Kate Atagon, uma de suas mais antigas amigas, sabe que tem que voltar para o local onde passou o melhor semestre de sua vida. Até que que para ajudar a amiga, Isa, Fatima Qureshy e Thea West tomam uma decisão que para sempre assombrará suas vidas. As jovens estudavam em Salten House, um semi-internato para moças, e passavam os fins de semana no moinho a beira do Reach, o estuário local, onde Kate morava com seu pai Ambrose, professor de artes de Salten e seu meio-irmão, Luc. Durante um verão, as meninas se divertiram, nadaram nas águas do Reach, fumaram, beberam e se tornaram as melhores amigas. Nesse período, as amigas costumavam jogar o Jogo da Mentira, uma brincadeira entre as moças de convencer os outros das mais absurdas histórias. Até que elas mesmas não sabem mais diferenciar a verdade da mentira. (Resenha: O Jogo da Mentira – Ruth Ware)
Opinião: O jogo de segredos e intrigas que move grupinhos fechados de amigos e amigas em colégios já foi bem explorado em diversos gêneros literários, mas acredito que o suspense é o que tenha fôlego para as melhores histórias. Simplesmente porque o suspense pode se desdobrar em tramas em que a maldade, a inveja e a manipulação da amizade não têm limites. É assim em O Jogo da Mentira, em que quatro amigas se veem envolvidas em uma história com mais segredos que a força da sinceridade delas podia prever.
Vivendo a adolescência em um semi-internato, quatro garotas se transformaram no terror da escola a partir de um jogo próprio em que o que valia era sustentar o maior número de mentiras. Quanto mais o poder de enganação, mais pontos. Cresceram, então, marcadas pelas mágoas de todas que caíram ou reproduziram suas mentiras gerando constrangimentos e situações embaraçosas. Entre elas, porém, a sinceridade era a base da relação. Ou pelo menos deveria ser. Adultas e com vidas feitas junto a maridos, empregos e filhos, as águas turvas do passado voltaram para assombrá-las e aí a tal sinceridade é posta à prova. Alguém não foi totalmente honesta e o destino veio cobrar seu preço.
A obra de Ruth Ware tem ritmo intenso e, narrada em primeira pessoa por uma das garotas, Isa, consegue prender facilmente a atenção dos leitores nas descrições que alternam passado e presente. E aos poucos vai sendo construído um mistério que coloca em xeque a verdadeira força da amizade dessas quatro amigas. O suspense, contudo, esbarra em um desfecho que se torna previsível já na metade do livro e deságua em uma sequência final pra lá de frustrante. É um daqueles livros cujo poder do tema é fantástico, a sinopse é promissora, mas a execução deixa a desejar.
Ruth Ware ainda não conseguiu entrar para minha lista de imperdíveis, mas reconheço que O Jogo da Mentira tem uma pegada muito superior aos seus livros anteriores. Os principais problemas aqui concentram-se na forma escolhida para o desfecho e, principalmente, na construção das personagens, a começar pela protagonista Isa. É impensável, pra mim, a forma como ela arrasta sua bebê recém-nascida pelo cantos ermos, gélidos e desolados que servem de cenário para o livro. Exemplo exemplar, perdoem o trocadilho, de mãe desnaturada. As relações interpessoais na história também são construídas de forma estranha e passam bem longe do que podemos aceitar como minimamente verossímil.
O Jogo da Mentira é um bom suspense para boas horas de leitura, principalmente pela rapidez com que os acontecimentos se desenrolam. Mas não tem pretensões maiores que isso, com fortes chances de frustrar os leitores mais exigentes do gênero.
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A Autora: Ruth Ware cresceu em Sussex, na costa sul da Inglaterra. Trabalhou como garçonete, livreira, professora de inglês como língua estrangeira e assessora de imprensa. Mora no norte de Londres com sua família. Seu thriller de estréia, In a Dark, Dark Wood, foi best-seller do New York Times.