Sinopse Rocco: Aos 15 anos, Stephen Greaves é um gênio científico precoce, cujo trabalho pode dar à humanidade sua melhor arma contra uma praga devastadora que assola o mundo. Ele e a epidemiologista Samrina Khan são dois dos dez tripulantes do Rosalind Franklin, um laboratório blindado sobre rodas liderado por um comandante prepotente e autoritário, que cruza uma terra devastada em busca da cura para esse vírus que alterou para sempre a vida como conhecemos. A viagem é longa, e a restrição do espaço físico para toda a tripulação faz com que a tensão do confinamento seja também uma ameaça considerável. O veículo torna-se um caldeirão de diferentes agendas, crenças e visões de mundo prestes a explodir. Em meio a esse ambiente hostil, Stephen tem em Samrina uma figura maternal que o protege dos demais cientistas, que o tratam com cautela, desprezo ou verdadeiro ódio. Mas o menino não se importa com confrontos físicos, mentiras e incertezas; encara todos os seus desafios com interesse, astúcia e muita habilidade. Todos carregam aspirações e sonhos, mas sabem que, se tudo der errado, sua perda poderá ser suportada. Eles sabem muito bem que são dispensáveis. Estranho, surpreendente e assustador, O menino na ponte é uma história emocionante e poderosa que fará você questionar o que significa ser humano em um mundo onde a esperança pode ser o maior dos desafios. (Resenha: O Menino na Ponte – M.R. Carey)
Opinião: A capacidade imaginativa de M.R. Carey é o ponto alto das obras que escreve. Ele consegue criar universos e situações únicas, com um detalhamento fantástico para situar os leitores e uma pegada bem cinematográfica. São livros visuais. E para por aí. Sigo lendo suas histórias e não conseguindo me conectar com nenhuma delas. Mas O Menino na Ponte tem um diferencial. Ele consegue envolver mais na fluidez da narrativa. Não é um livro arrastado como foi minha traumática experiência com Fellside, por exemplo.
O Menino na Ponte, título que permanece inexplicado para mim e que aceito comentários me ajudando no entendimento, é uma ficção científica em uma Terra destruída por um vírus (tcharam!) que dá uma desajustada nas pessoas (não vou dar spoiler, claro!). Existem sobreviventes, poucos, e eles realizam, dentro do possível, expedições para coletar indícios, buscar informações ou tentar entender melhor o vírus e encontrar uma possível cura. É um desses grupos, bem diversificado entre cientistas e militares, que protagoniza a trama.
A exploração que nós acompanhamos está em busca de uma cura para o vírus, algo que faça os humanos sobreviverem, mas o que dita o ritmo da trama é a tensão de um grupo de personagens muito distinto, sob pressão e medo, confinado em um ambiente. No caso, um gigantesco veículo móvel com laboratório, dormitório, área de refeição e tudo o mais. Com diferentes objetivos e ambições, em determinado momento a corda que os une começa a romper seus fios. Nós sentimos isso no ar enquanto lemos. E a expectativa é que o barril de pólvora exploda a qualquer momento. E siiiiim, isso acontece lá depois do meio das quase quatrocentas páginas.
Além do lado humano posto à prova em uma situação de limite e sobrevivência, O Menino na Ponte traz uma disputa política nas entrelinhas. Em algum lugar há um posto de sobreviventes, que comanda a expedição, inclusive, e lá acontece uma briga pelo controle. Essa influência política acaba desestabilizando nosso grupo de personagens. É uma forma interessante de percebermos como as ambições pessoais sempre jogam contra até mesmo numa situação de apocalipse.
E quem diabos é o tal menino na ponte? Pois é, temos um personagem enigmático e excepcional em sua inteligência que é o bendito menino. De trato difícil ele vive mais isolado do que na companhia do grupo e é dono de atitudes intempestivas que nem sempre acabam bem. Todo o desenrolar da história o leva para ser o “salvador da pátria” lá no desfecho, mas fora isso, ele que, se levarmos o título em conta, deveria ser o protagonista absoluto é um personagem meio termo que não me trouxe simpatia nenhuma.
A narrativa de O Menino na Ponte flui veloz e as explicações vão sendo dadas à medida que a história avança. O começo é um tanto confuso justamente por isso, mas há um ar de aventura e exploração que compensa as muitas perguntas que temos na cabeça. A tensão é uma constante porque tanto os personagens quanto nós leitores não sabemos o que vamos encontrar a cada novo minuto nesse planeta devastado. As surpresas dão o tom de suspense, mas nada chocante. É um livro criativo, inventivo, mas burocrático por demais.
Com um final esperançoso, daqueles do tipo “ainda há humanos na humanidade”, e um bom banho de sangue nas cenas que antecedem o desfecho, O Menino na Ponte foi uma leitura bacana, agradável e nada mais. Tipo do livro que um mês depois eu já terei esquecido que existe. Pela minha experiência, essa parece ser a maior característica de M.R. Carey: escrever livros que são facilmente esquecidos.
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O Autor: M.R. Carey é um autor britânico de roteiros e romances. Sob o nome de Mike Carey colaborou com a Marvel e a DC Comics, com as franquias X-Men e Quarteto Fantástico, e suas histórias entraram nas listas de quadrinhos mais vendidos do The New York Times. Carey também escreve para Hollywood e, além de A menina que tinha dons, possui outros romances publicados na Inglaterra.