Sinopse Rocco: O que fazer quando a mais popular tecnologia de realidade virtual está interferindo diretamente no cérebro dos usuários? Em O jogo do coringa, sequência de Warcross, a hacker adolescente Emika Chen precisa decidir se vale a pena o risco de aceitar a proposta do misterioso Zero e enfrentar Hideo Tanaka, o bilionário dono da Henka Games. (Resenha: O Jogo do Coringa – Marie Lu)

Opinião: Sequência de Warcross, encerrando a duologia, O Jogo do Coringa é eletrizante da primeira à última página. Marie Lu conseguiu, apesar da minha descrença, segurar a trama de forma convincente. Contudo, as discussões e possibilidades do avanço tecnológico tão bem desenvolvidas no primeiro livro acabaram perdendo totalmente espaço para uma trama focada em ação em uma corrida contra o tempo. Sai de cena uma boa história de ficção científica com ingredientes de thriller de suspense para ficarmos somente no thriller de ação.

O Jogo do Coringa parte exatamente de onde Warcross termina. A protagonista Emika, junto a seus amigos e ao até então vilão Zero, se unem para derrotar o Neurolink e impedir que Hideo controle integralmente a mente e as atitudes das pessoas. Essa premissa, já esperada quando fechamos o primeiro livro, ganha fôlego porque Marie Lu não fica na zona de conforto de apenas desenrolar a trama. Ela vai além e coloca dubiedade nas reais intenções de cada personagem. Com isso, a história envereda por caminhos de suspense que trazem reviravoltas a todo instante. Em quem Emika pode confiar de verdade? Quem está realmente interessado em controlar o que através do Neurolink?

Apesar de se sustentar com tranquilidade e chegar a um desfecho correto, dentro do esperado, O Jogo do Coringa peca justamente por ser uma continuação. O fascínio do mundo virtual apresentado no livro um não se faz mais presente, e eram justamente todas as possibilidades descortinadas por ele que fizeram de Warcross um livro do caralho. Infelizmente sobrou para este livro dois a difícil missão de concluir uma história sem trazer nada de novo, apenas revelações e encaixe de peças para solucionar segredos. Assim, a sensação de que a trama poderia ter ido além do que foi apresentado vai nos acompanhar durante toda a leitura.

Tenho reiterado que a mania moderna dos autores de não escrever mais um único livro e idealizar tudo de forma seriada tem prejudicado muito a qualidade das obras que dão sequência. O Jogo do Coringa sofreu desse mal, mas salvou-se pelo ritmo alucinado em que tudo acontece. Se faltou aquela pegada que me encantou no começo da série, pelo menos sobrou adrenalina neste desfecho, o que me fez devorar suas trezentas páginas em dois dias.

Marie Lu trouxe à luz as dezenas de possibilidades que o mundo dos games pode proporcionar para a literatura. A duologia Warcross está entre o que de melhor apareceu nos últimos anos com essa temática e, apesar das considerações que fiz, não tiram o mérito do conjunto da obra. É uma excelente leitura, um ótimo passatempo e mantém nossa mente alerta para onde o excesso de tecnologia pode nos levar.

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A Autora: Marie Lu nasceu na China e mudou-se ainda criança com a família para os Estados Unidos. Formou-se na Universidade do Sul da Califórnia e começou a trabalhar como programadora na indústria de videogames. Hoje é escritora em tempo integral. Nas horas vagas, ou quando não está presa em engarrafamentos, ela gosta de ler, desenhar e jogar Assassin’s Creed. Ela mora em Los Angeles, na Califórnia (por isso os engarrafamentos), com o namorado, um Chihuahua sem pedigree e dois cachorrinhos da raça Welsh Corgi Pembroke.

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