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Resenha: Candyman – Clive Barker

Sinopse DarkSide: Em 1992, os fãs de filmes slasher ganharam um novo motivo para ter medo da escuridão. Um assassino sobrenatural que dilacerava sem perdão todos aqueles que ousavam repetir cinco vezes o seu nome: Candyman. O personagem, encarnado pelo ator Tony Todd, se tornou um bicho-papão coletivo de pelo menos duas gerações que cresceram rebobinando clássicos do terror em VHS. Mas muitos ainda não tiveram a chance de entrar em contato com a entidade original. Não é lenda urbana: Candyman está de volta. Você tem coragem de ler a história que deu origem a um dos personagens mais assustadores do cinema? (Resenha: Candyman – Clive Barker)

Opinião: Talvez nenhuma narrativa de horror seja tão fascinante e provoque tantos arrepios verdadeiros quanto as advindas de lendas urbanas. Os causos sussurrados em conversas aleatórias e que vão se espalhando, ganhando novos contornos ou se adaptando a realidades locais, constituem uma fonte inesgotável de medo. Atire a primeira pedra quem nunca se impressionou com aquela história que o sobrinho do tio do amigo ficou sabendo. Fruto da mente genialmente doentia de Clive Barker, Candyman é uma dessas lendas fascinantes que povoam o imaginário popular do conjunto habitacional onde a história se passa. Lenda mesmo?

Personagem clássico do cinema de terror, Candyman teve sua origem no conto The Forbidden que faz parte dos antológicos Livros de Sangue, de Clive Barker. A edição da DarkSide, portanto, é o recorte de uma história que faz parte de algo maior e cujo impacto total só consegue surtir efeito quando lida no conjunto da obra. Mesmo assim, tem méritos interessantes de construção, embora não traga nada para amedrontar ou impactar os leitores.

O cenário do conto é o ponto principal para entendermos a boa dinâmica da lenda urbana. O conjunto habitacional situado na Spector Street é o exemplo maior da degradação humana com o ambiente em que vive. Entregue aos moradores, que não fazem muito esforço para torna-lo “humano”, o local se tornou algo desolador, infectado por pichações que vão dos desenhos ao erótico-pornô. É o ponto fora da curva do que se espera do “homem civilizado”, lugar onde os menos afortunados sobrevivem à margem dos pontos nobres das cidades.

É aqui que Helen, uma jovem “civilizada”, se embrenha para coletar material sobre as mensagens, artes e significados das pichações para sua tese acadêmica. É o momento em que a racionalidade vai se encontrar com a mística de um lugar literalmente abandonado pelo mundo. A vida da personagem vai virar do avesso a partir de causos sussurrados à meia boca. Assassinatos brutais. Cenas escatológicas. Corpos mutilados. Nenhum jornal noticiou. A polícia não deu importância. Ninguém sabe ao certo. Mas todos assopram algo nos ouvidos. E assim Helen mergulha em uma obsessão que será também sua ruína.

Candyman é um conto ágil de pouco mais de oitenta páginas escrito para ser devorado. O personagem-título, icônico, dispensa qualquer tipo de comentário embora sua aparição na história não tenha nenhuma carga de horror. No máximo temos sequências com uma boa dose de tensão na espera de que algo vai acontecer. E realmente acontece, mas, tudo dentro de uma narrativa que diverte os fãs do que amedronta. É um bom vislumbre do que a escrita de Barker pode proporcionar.

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Evangelho de Sangue

Hellraiser

O Autor: Clive Barker nasceu em Liverpool em 1952. Escreveu mais de vinte best-sellers de terror, incluindo Imajica, Livros de Sangue e a série de livros infantis Abarat. Produtor, roteirista e diretor de cinema, é o criador por trás das franquias Hellraiser e Candyman. O filme O Último Trem é baseado em um de seus contos. Dirigiu o videoclipe “Hellraiser”, do Motörhead. Desenvolveu os games Undying e Clive Barker’s Jericho. É artista plástico.

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