Sinopse Morro Branco: Crianças sempre desapareceram nas condições certas: escorregando pelas sombras debaixo da cama, atrás de um guarda-roupa ou caindo em buracos de coelhos e em poços velhos, para emergir em algum lugar… diferente. Nancy viajou para um desses lugares, e agora está de volta. As coisas que ela viu… mudam uma pessoa para sempre. E as crianças sob os cuidados de Eleanor West compreendem isso muito bem: cada uma delas procura a porta de volta ao seu próprio universo fantástico, mas poucas conseguem encontrá-la. Afinal, mundos mágicos têm pouca utilidade para crianças cujos milagres já foram usados. A chegada de Nancy marca também uma terrível mudança no internato. Há uma escuridão pairando à cada esquina, e quando a tragédia ataca, Nancy e seus colegas precisam desvendar o mistério. Não importa o custo. (Resenha: De volta para Casa – Seanan McGuire)
Opinião: Interessante observar como alguns autores de fantasia tem trabalhado atualmente o tema das diferenças/diversidade de forma criativa e original e, principalmente, não estão caindo no puro texto panfletário ou militante, que pessoalmente não curto. Um bom exemplo disso são as crianças peculiares da série da Srta. Peregrine, criada por Ransom Riggs. E lembrando um pouco essa mesma ideia, Seanan McGuire em seu De volta para Casa trilha um caminho pra lá de interesse entre a ficção fantástica e elementos do horror. Ao fim, prevalece a mensagem de boa convivência entre todos, independentemente de como cada um é, se sente, ou se define.
Acredito que todos nós, em algum momento da vida, já tenhamos sentido deslocados em um ambiente ou situação, certo? Pois bem, agora imaginem essa sensação expandida para absolutamente tudo: família, amigos, lazer… Em linhas gerais essa é a base de construção da história de De volta para Casa. Adolescentes que acidentalmente atravessaram algum portal que os levou para um mundo fascinante e que, ao retornar para casa, se descobriram não só deslocados, mas também não compreendidos pelas pessoas que os rodeavam. Esses garotos e garotas são acolhidos, então, no lar de Eleanor West.
As semelhanças com a Srta. Peregrine param por aqui. No mundo criado por Seanan McGuire, cada adolescente visitou um lugar distinto e sentiu-se integrado a esse local. Com a não compreensão por parte dos pais e a sensação de não pertencimento ao nosso mundo, eles acabam indo parar sob os cuidados de Eleanor, também uma desajustada. Ali eles estudam e aguardam esbarrar novamente no portal que os leve de volta para aquilo que verdadeiramente consideram como um lar.
Com pitadas de horror, ausência absoluta de compaixão para com os personagens e um pequeno mistério, De volta para Casa é uma fábula para os desajustados do mundo. Nas entrelinhas da história fica a lição da necessidade de sempre entendermos e aceitarmos como cada um é. Ah, detalhe interessante é que mesmo os desajustados da obra não estão livres dos pré-conceitos vindos dos próprios companheiros. Desajustados vindos de lugares mais sombrios são mal vistos pelos que vieram de lugares mais light. E a autora criou toda uma conceituação de mundos divididos entre Absurdo, Lógica, Virtude e Malícia.
Obra premiadíssima, arrebatando o Hugo, Locus e Nebula, De volta para Casa é um grande delírio fantástico, uma válvula de escape para a dureza da vida. Com poucas páginas, pronto para ser lido de uma só vez, o livro dá o seu recado sem floreios desnecessários e com o tom certo para entreter, divertir e deixar uma bela mensagem. Uma fantasia perfeita para fãs de boas histórias…
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Da Autora leia também
De Volta para Casa (Crianças Desajustas #1)
Entre Gravetos e Ossos (Crianças Desajustas #2)
A Autora: Seanan McGuire nasceu em Martinez, na Califórnia, e foi criada em uma ampla variedade de locais, a maioria deles dotada de algum tipo de vida selvagem perigosa. Apesar de sua atração quase magnética por qualquer coisa venenosa, ela, de alguma forma, conseguiu sobreviver por tempo suficiente para adquirir uma máquina de escrever, um domínio razoável da língua inglesa e o desejo de combinar os dois. O fato de não ter sido morta por usar sua máquina de escrever às três da manhã provavelmente é mais impressionante do que não ter morrido por uma picada de aranha. Foi a ganhadora do Prêmio John W. Campbell de Melhor Nova Escritora em 2010, e seu romance Feed (como Mira Grant) foi nomeado um dos Melhores Livros de 2010 pela Publishers Weekly. Em 2013, ela se tornou a primeira pessoa a aparecer cinco vezes na mesma edição do prêmio Hugo.